A colônia dos suíços e alemães

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Na semana do aniversário de Nova Friburgo, a historiadora Janaína Botelho publica detalhes da história do município, desde a sua fundação, há 197 anos, até os dias atuais. Na terceira parte desta série especial a pedido de A VOZ DA SERRA, ela destaca  os primórdios da colonização suíça e alemã na região.

Ao final de 1819, os colonos suíços começam a chegar na Fazenda do Morro Queimado. Não obstante ter sido estabelecido o limite de cem famílias, que dariam aproximadamente 800 pessoas, imigraram para o Brasil 2.018 indivíduos. Considerando óbitos e nascimentos ocorridos durante todo o trajeto, a colonização iniciou-se com 1.631 suíços, o dobro ainda do que havia sido estipulado, daí a criação das “famílias artificiais” para adequar-se à distribuição das áreas agrícolas e dos subsídios. Realizada a distribuição das datas de terra, por sorteio, entre as famílias artificiais, verificou-se que algumas dessas áreas encontravam-se em encostas e picos muito escarpados, absolutamente improdutivos. A desigualdade na distribuição das terras, algumas de todo incultiváveis, fez com que somente uma minoria de colonos permanecesse na área do núcleo colonial. Os colonos que receberam terras úberes plantaram milho, feijão, batata, vinhas e trigo. No entanto, em 1821, havia uma verdadeira letargia na colônia. Uma comissão foi designada para ir à Corte pedir ao rei melhores terras e aumento do subsídio, mas o clima político do país não era alentador e culmina com a partida de D. João VI para Portugal. 

O Príncipe Regente, D. Pedro I, retomou o processo de colonização de Nova Friburgo, disponibilizando novas terras em Macaé de Cima e alguns colonos para lá se dirigiram. Porém, essa medida não evitou a dispersão de alguns suíços, que migraram para outras freguesias de Nova Friburgo, como a de São José do Ribeirão e para a próspera Cantagalo. Dedicando-se à plantação do café, os que migraram para outras regiões, fora do núcleo colonial, tornaram-se prósperos fazendeiros. A população em Nova Friburgo, de 1.662 suíços em 1820, ficara reduzida a 632, dez anos depois. Em 1824, um contingente de 343 colonos alemães, que deveria se dirigir para uma colônia na Bahia, foi desviado para a vila de Nova Friburgo para ocupar as terras abandonadas pelos suíços e fomentar o núcleo colonial. No entanto, boa parte dos colonos alemães igualmente abandonou esse núcleo, se deslocando para outras freguesias e para Cantagalo. Ainda hoje, em Vargem Alta, São Pedro e Lumiar, onde se localizava parte desse núcleo, existem muitos descendentes de colonos suíços e alemães. A dispersão para outras regiões foi caracterizada como falência do projeto de colonização pelos críticos da época. Os colonos, ainda que se dedicassem com afinco ao amanho da terra, dificilmente progrediriam em razão de terem sido instalados em regiões com dificuldade de chegar aos mercados para vender seus produtos. Em razão disso, em 1831, extingue-se o regime de colônia e a Câmara Municipal assume inteiramente a administração do termo. A extinção do núcleo colonial nos parece, não prejudicou os fazendeiros da região. Pelo contrário, a Câmara ganhou mais poderes, pois haviam anteriormente duas administrações paralelas. 

Continuamos amanhã com a matéria “O café, o trem e o clima”. 

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Janaína Botelho

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História e Memória

A professora e autora Janaína Botelho assina História e Memória de Nova Friburgo, todas as quintas, onde divide com os leitores de AVS os resultados de sua intensa pesquisa sobre os costumes e comportamentos da cidade e região desde o século XVIII.

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