Colégio Anchieta: fé e ciência — última parte

quinta-feira, 06 de outubro de 2016
Foto de capa
Esgrima era uma das práticas esportivas do Colégio Anchieta

Além do idioma nacional, os trabalhos dos alunos do Colégio Anchieta eram apresentados em latim e grego. Os juniores eram incentivados a se comunicarem em latim durante a recreação. Em 1943, numa jornada helênica, levaram ao palco uma obra de Xenofante, dramatizada pelos alunos em grego. Não havia chefe de estado e autoridades que visitasse Nova Friburgo e não passasse no Colégio Anchieta para cumprimentar o reitor, a exemplo dos presidentes Getúlio Vargas e Eurico Gaspar Dutra.

O jornal A Paz, de 1913, noticiou o primeiro clube de futebol em Nova Friburgo, o Friburgo Football Club, formado por rapazes da elite da cidade. Mas o futebol já chegara muito antes ao Colégio Anchieta. No memorial do colégio há uma antiga chuteira inglesa e tipos de bolas que rolavam nos jogos entre os alunos.       Nos discursos higienistas da época, a introdução de aulas de ginástica e exercício ao ar livre auxiliava no aprendizado dos alunos. A introdução da atividade esportiva foi um dos pioneirismos do Anchieta. Além do futebol e do basquetebol, jogos de força e agilidade como saltos, dardo, disco e esgrima.

Os passeios higiênicos, depois de um rígido período de provas, eram uma constante no cotidiano do colégio. Faziam passeios mensais nas chácaras circunvizinhas disponibilizadas pelos proprietários onde os alunos passavam o dia inteiro. Faziam excursões aos Três Picos, escalavam montanhas, iam até a famosa Cascata Pinel, geralmente em passeios a cavalo.        Nos colégios jesuítas, os exercícios militares eram uma constante por ter sido Inácio de Loyola militar antes de se tornar padre. A inauguração da linha de tiro do colégio foi realizada em 15 de agosto de 1909, no mesmo ano em que se inaugurava uma linha de tiro no município.

O Colégio Anchieta, em 1942, quase 20 anos depois de ter deixado de receber alunos leigos, passa a aceitá-los novamente retomando as tradições do estabelecimento fundado em 1886. Essa seria a terceira fase do Colégio Anchieta. Duas décadas depois começou a aceitar meninas.

Em 1950, o noviciado, depois de 27 anos instalados em Nova Friburgo, se transfere para Campinas. Em março de 1955, foram instalados cursos superiores de filosofia, matemática, física, letras clássicas e pedagogia, denominando-se Faculdade Civil de Filosofia, Ciências e Letras Nossa Senhora Medianeira.     Cinco anos depois, ampliam-se os cursos oferecendo história, ciências sociais e letras neolatinas. No entanto, em 1966, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Nossa Senhora Medianeira se transfere para São Paulo. As irmãs doroteias assumiram alguns dos seus cursos de graduação.

Preocupados em preservar a memória do colégio a reitoria idealizou o Memorial do Colégio Anchieta. Foram classificados e identificados cerca de 300 objetos que integram as coleções que representam apenas parte do acervo que o Colégio Anchieta possui.     Inspirado no lema do colégio, “Fé e Ciência”, o memorial abriga vestes e paramentos de celebrações litúrgicas como igualmente objetos utilizados pelos alunos em experimentações científicas, a exemplo dos utilizados no laboratório de física.

O Colégio Anchieta foi tombado pelo Inepac, sendo considerado um patrimônio do estado. Nessas seis colunas, além de apresentar a história desse estabelecimento de ensino, o objetivo foi mostrar ao leitor o valioso acervo do Colégio Anchieta, depositário de parte da história de Nova Friburgo.

  • Foto da galeria

    Os passeios higiênicos, depois de um rígido período de provas eram uma constante no cotidiano do colégio

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    Além do futebol e do basquetebol, jogos de força e agilidade como saltos, dardo, disco e esgrima

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    O Colégio Anchieta em 1942, quase 20 anos depois de ter deixado de receber alunos leigos, passa a aceitá-los novamente, retomando as tradições do estabelecimento fundado em 1886

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    Nos colégios jesuítas os exercícios militares eram uma constante por ter sido Inácio de Loyola militar antes de se tornar padre

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Janaína Botelho

Janaína Botelho

História e Memória

A professora e autora Janaína Botelho assina História e Memória de Nova Friburgo, todas as quintas, onde divide com os leitores de AVS os resultados de sua intensa pesquisa sobre os costumes e comportamentos da cidade e região desde o século XVIII.

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