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Canoagem no Rio Paraíba do Sul
Há algumas semanas fui novamente a São Sebastião do Paraíba, distrito de Cantagalo. O objetivo era de fazer a cobertura jornalística da Associação de Canoagem de Itaocara (Acai). A escolha do trecho para a prática esportiva da canoagem foi entre o Porto do Tuca e Porto Marinho, ambos em São Sebastião do Paraíba. Na realidade, trata-se de um percurso curto, mas que em determinado trecho possui corredeiras, ideal para a prática desse esporte. Um dos objetivos do evento foi chamar a atenção para a preservação do Rio Paraíba do Sul que vem sendo ameaçado pelas indústrias instaladas no município de Volta Redonda, no Sul Fluminense.
O Rio Paraíba do Sul nasce na Serra da Bocaina, no município de Areias, no Estado de São Paulo, e atravessa todo o Vale do Paraíba. É considerado o rio mais importante do Estado do Rio de Janeiro. A bacia do Rio Paraíba do Sul tem uma área de 56.500 quilômetros quadrados, banhando 57 municípios no Rio de Janeiro, 88 em Minas Gerais e 39 em São Paulo. Esse rio desemboca no mar em Atafona, distrito de São João da Barra.
Os esportistas de canoagem itaocarense partiram da Fazenda de Paulo Gama, no Porto do Tuca. Em razão de existir nessa propriedade uma balsa que atravessa em dez minutos o rio alcançando Pirapitinga, em Minas Gerais, recebeu o nome de Porto do Tuta. Segundo Jeferson Figueiredo, um dos organizadores e praticante do esporte, ao longo do trecho, o rio adquire várias formas e características específicas sendo estreito, largo, turbulento, calmo, poluído e limpo.
Partindo do Porto do Tuta, os canoístas seguiram pela direita até chegar a Corredeira do Urubu, que possui 31 quilômetros, de grau três em nível de dificuldade. Nesse trecho o rio se divide em dois percursos. Um segue para a Corredeira do Molha Saco, que deságua no Rio Pirapitinga e o outro para Porto Marinho. Ainda segundo Figueiredo, no período de estiagem, entre os meses de abril a setembro, o Rio Paraíba do Sul fica com o nível mais baixo e com águas mais claras.
No ápice da estiagem, geralmente entre julho e setembro, as corredeiras ficam mais inclinadas e com ondas íngremes. Em janeiro e fevereiro, período das chuvas intermitentes e com o nível mais elevado, as águas se tornam mais densas e turvas, as corredeiras extensas e com ondas enormes. Na opinião do canoísta Jeferson Figueiredo, o nível de dificuldade das corredeiras é pequeno. Em condições de normalidade, classe 1 e 2, requerendo, no entanto, todo o cuidado e uso de equipamentos de segurança.
Como o Rio Paraíba do Sul é bem largo, destaca que existe a possibilidade de desvio de qualquer corredeira. Em condições normais, todo o trecho do rio é navegável por embarcações pequenas e por barcos a motor, onde os pescadores esportivos pescam os peixes dourado e robalo. A população ribeirinha atende a um público fiel que curte passeios às margens do Rio Paraíba do Sul, prestando serviços com pequenos restaurantes. No cardápio sempre peixe como caximbau, dourado, robalo, carpa, piau e traíra. São servidos fritos ou na forma de moqueca acompanhados de pirão, arroz e salada.
O trecho entre o Porto do Tuca e Porto Marinho vem sendo incentivado para a prática de esportes e turismo rural pelo secretário de Cultura, Turismo e Esporte, Cleiton Teixeira Rodrigues Filho e pelos vereadores Emanuela Teixeira Silva e João Bosco, todos de Cantagalo. Vale lembrar novamente que o evento promovido pela Associação de Canoagem de Itaocara não consiste tão somente em uma prática esportiva. Ocorre igualmente em virtude de uma relação de amor com o Rio Paraíba do Sul, chamando a atenção para a sua preservação.
A região do Centro-Norte Fluminense é riquíssima em casas de vivenda históricas do período do império e pelas suas belezas naturais. Depois do ciclo do ouro e do café, atualmente predomina a pecuária leiteira e de corte. A história de Nova Friburgo está estreitamente ligada ao Centro-Norte Fluminense e o seu desenvolvimento se deu em virtude das relações comerciais com essa região. No ano que vem, o encontro dos amigos da canoagem vai para a sua décima edição. Quem desejar participar ou mesmo apreciar o evento, pode obter mais informações pelo email jeffersonvfigueiredo@yahoo.com.br.
Janaína Botelho
História e Memória
A professora e autora Janaína Botelho assina História e Memória de Nova Friburgo, todas as quintas, onde divide com os leitores de AVS os resultados de sua intensa pesquisa sobre os costumes e comportamentos da cidade e região desde o século XVIII.
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