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A história da praça dos eucaliptos - Parte 2
quarta-feira, 04 de março de 2015
Além da Praça Getúlio Vargas, outrora Praça Princesa Isabel, a vila de Nova Friburgo possuía outras praças: a Praça do Pelourinho, atual Marcílio Dias; a Praça Uruguayana, atual Praça do Suspiro; Praça Visconde de Itaborahy, atual Monte Líbano; a Praça Primeiro de Março, no bairro Vilage, e Praça da Alegria, atual PMNF. A praça de maior importância em termos de espaço de sociabilidade entre os friburguenses, em fins do século XIX, era a Praça do Suspiro. Deve-se isso à sua fonte, a Fonte do Suspiro, cujas águas evocavam além da cura de certas doenças, o romantismo: amor, saudade e ciúmes. Não havia turista que visitasse Nova Friburgo que não tivesse em seu álbum uma foto nessa fonte. No entanto, mesmo sendo a Praça do Suspiro a mais importante, havia interesse de duas pessoas no aformoseamento da Praça Getúlio Vargas: o médico higienista Carlos Éboli e Bernardo Clemente Pinto, o segundo barão de Nova Friburgo. Ambos possuíam propriedades nas proximidades dessa praça. O médico Carlos Éboli, o estabelecimento hidroterápico e o Hotel Central e o segundo barão o magnífico solar, cujos fundos se estendiam às margens do Rio Bengalas. A Praça Getúlio Vargas, em fins do século XIX, apresentava-se com grandes vazios, sem árvores e sem vegetação. Até então, a praça servia como mercado e para a instalação de tanques de captação de água dos córregos. Igualmente como rancho de tropeiros, local de parada das tropas que conduziam o café de Cantagalo rumo ao Rio de Janeiro. Com o aumento do turismo as praças começam a ser ajardinadas, o mercado transferido para outro local e o rancho dos tropeiros proibido em suas imediações. Altera-se a função da praça na vila, minimizando o uso comercial e passando a ser um espaço de sociabilidade. Como era do interesse de dois importantes empresários da cidade, o médico Carlos Éboli e o segundo barão, nada menos que o paisagista do imperador D. Pedro II ser convidado para projetar e executar o jardim da Praça Getúlio Vargas: Auguste François Marie Glaziou. Glaziou já tinha uma relação com a vila de Nova Friburgo. Coube a ele o projeto paisagístico dos jardins da Chácara do Chalet, de propriedade do barão do Barão de Nova Friburgo, que atualmente pertence ao Nova Friburgo Country Club. Glaziou fez os jardins da chácara do chalet, edificado aproximadamente em 1860 pelo arquiteto alemão Karl Frederich Gustave Waehneldt. Há uma perfeita simbiose entre o jardim de Glaziou e o espaço interior do chalet criado por Karl Frederich. Mas quem era o paisagista da Praça Getúlio Vargas?
Auguste François Marie Glaziou nasceu na França em 1833, engenheiro civil formado pela École Polytechinique D’Angers. Veio para o Brasil a convite de D. Pedro II, em 1858, para ocupar o cargo de Diretor Geral das Matas e Jardins na cidade do Rio de Janeiro. Permaneceu no Brasil até o ano de 1897, quando voltou para a França, falecendo em 1906.
O final do século XIX é caracterizado pelas políticas higienistas e projetos de embelezamento. O imenso vazio da então Praça Princesa Isabel incomodava o médico e vereador Carlos Éboli, que desejava prover aos turistas e aos hóspedes de seu hotel um espaço de lazer. Esse projeto contou com o apoio do segundo barão, Bernardo Clemente Pinto, que tinha interesse no aformoseamento da praça. Carlos Éboli foi um grande incentivador do paisagismo da Praça Getúlio Vargas. Napolitano, nascido em 1832, formou-se em medicina pela Faculdade de Paris. Sua educação na capital francesa o tornou familiarizado com as reformas empreendidas pelo barão Haussmann. Era influenciado pela medicina higienista e trabalhos ligados ao uso do jardim como melhoria da qualidade de vida de uma cidade. Continua na próxima semana. Baseado na obra de Luiz Fernando Dutra Folly. "A História da Praça Princesa Isabel em Nova Friburgo: O projeto esquecido de Glaziou.”
Janaína Botelho é professora de História do Direito na Universidade Candido Mendes e autora de
diversos livros sobre a história de Nova Friburgo. Curta no Facebook "História de Nova Friburgo”
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Janaína Botelho
História e Memória
A professora e autora Janaína Botelho assina História e Memória de Nova Friburgo, todas as quintas, onde divide com os leitores de AVS os resultados de sua intensa pesquisa sobre os costumes e comportamentos da cidade e região desde o século XVIII.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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