Adeus, meu amigo companheiro...

sexta-feira, 06 de maio de 2016

Nesta vida, não controlamos quase nada. Mas, quase sempre, achamos que somos fortes e inatingíveis até que um acontecimento nos leva a perceber que somos frágeis e desamparados. É ela, a Morte, que nos assombra, que chega arrancando tudo de nós, deixando indeléveis mas ainda vagas e confusas lembranças, cheiros e objetos. Não poderia voltar a escrever sem mencionar o falecimento do Jaburu, nascido Julio Cezar. São 33 anos de companheirismo, cumplicidade e principalmente respeito. Perdi minha referência humana, meu mestre, amigo, pai, companheiro, confidente. Sua passagem pela terra ficou registrada para sempre em Nova Friburgo... Memórias não se apagam, sua história será contada e seu nome será  lembrado para sempre. Partiu o maior nome da cultura municipal...  Se foi o diretor, o produtor e o mentor dos melhores momentos culturais dessa cidade. Me entristece pensar que homens como ele demoram anos, talvez décadas, para renascer. Fica seu legado e seu trabalho espalhado pela cidade de Nova Friburgo, que ele tanto amou. Adeus, meu amigo e companheiro! Evoé Jaburu!

Quando vier a primavera

(Alberto Caeiro – Fernando Pessoa)

Quando vier a Primavera, 
Se eu já estiver morto, 
As flores florirão da mesma maneira 
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada. 
A realidade não precisa de mim. 

Sinto uma alegria enorme 
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma 

Se soubesse que amanhã morria 
E a Primavera era depois de amanhã, 
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã. 
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo? 
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo; 
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse. 
Por isso, se morrer agora, morro contente, 
Porque tudo é real e tudo está certo. 

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem. 
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele. 
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências. 
O que for, quando for, é que será o que é. 

P.S.: Eu adorava dizer esse poema no espetáculo “Fernando em Pessoas” dirigido por Jaburu. Ele retrata exatamente o que Jaburu pensava sobre a morte.

Um viva a  Jaburu!

TAGS:
Chico Figueiredo

Chico Figueiredo

Gastronomia

Sábado em casa, de boa lendo o jornal. Bateu aquela fome? Seus problemas acabaram! Nosso chef Chico Figueiredo, com sua coluna Gastronomia no Light, traz receitas simples, práticas e muito saborosas para você se deliciar.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.