Colunas
Grandes projetos
Pergunta: Em tempos de crise econômica, a opinião pública tende a buscar o conservadorismo, condenando de antemão diversas iniciativas mais ousadas do poder público, sobretudo quando envolvem grande aporte financeiro. Todavia, não são poucas as cidades de pequeno ou médio porte que se destacaram nacional ou internacionalmente justamente em função da ousadia de seus administradores, investindo em grandes projetos, por vezes visionários. Sua administração pretende se dedicar a algum legado desta natureza? Se sim, qual?
Nova Friburgo assim como o restante do país precisa dos investimentos para voltar a crescer. A atração de grandes recursos para o município faz parte da minha história política. Quando fui representante do governo do estado foram realizadas as maiores obras que Nova Friburgo recebeu nos últimos anos, entre elas a pavimentação da estrada Serramar e a contenção de margens e urbanização do Rio Bengalas no Centro. Essas obras trouxeram desenvolvimento e qualidade de vida para os friburguenses. Isso se faz através de bom relacionamento com as esferas governamentais, com um gestor experiente e que conheça como essa atratividade de recursos funciona. Eu possuo quase 40 anos de vida pública e sempre atuei nesse sentido.
Agora, falando do plano de governo, temos dois projetos inéditos que vão aliar desenvolvimento e preservação do meio ambiente. O primeiro é o projeto das águas, que será um lago com oito quilômetros quadrados, acima da cota de mil metros, possibilitando abastecer indefinidamente todas as regiões de Nova Friburgo por gravidade, além de fornecer energia elétrica, vai reduzir o custo da água e energia. Outro projeto, o da biorrefinaria, o aproveitamento de resíduos orgânicos abundantes na nossa cidade, que irá fornecer energia limpa, podendo representar 70% da energia usada pelos friburguenses. Esses projetos já estão com estudos avançados, com empresários brasileiros e estrangeiros interessados em seu financiamento.
Além disso estaremos sempre em contato com as diferentes esferas governamentais para trazer para cá as obras que a cidade precisa, mesmo em meio à crise, porque precisamos gerar empregos.
Universidade de Nova Friburgo. Após a implantação do programa neoliberal no início da década de 1990, Nova Friburgo passou por desaceleração econômica, com repercussão sobre o desemprego. Isto intensificou a pressão demográfica sobre o norte do estado e a Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Abona-se a constatação pela apuração do Censo 2010 do IBGE, que apontou o crescimento populacional local quatro vezes menor do que a média estadual.
Nova Friburgo é polo de 12 municípios do Centro-Norte fluminense, dentre os quais estão os piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do estado. Pertencente à Serra do Mar, integra o cinturão verde da capital, abastecendo-a de alimentos (a região agrícola de Campo do Coelho — assim como áreas de Teresópolis e Sumidouro — é o maior polo de produção de hortifrutigranjeiros da América Latina).
Fixar população na região, sobretudo, é manter equilibrada a segurança alimentar e nutricional do Rio de Janeiro e de todo o país, aliviando a pressão demográfica sobre outras meso-regiões fluminenses.
A Universidade de Nova Friburgo terá alcance sobre toda a região Centro-Norte. O objetivo é atrelar o conceito de meio ambiente às necessidades humanas em caráter universal, efetivando um modelo de desenvolvimento voltado para a pessoa humana e para a classe trabalhadora.
O bioma da Mata Atlântica será a fonte do projeto pedagógico. Por exemplo, há uma espécie de pássaros apenas existente na APA de Macaé de Cima dentre todas as florestas tropicais do mundo. A Universidade de Nova Friburgo, portanto, será a Universidade da Mata Atlântica, com ensino, extensão e pesquisa sobre meio ambiente e temas correlatos.
A Universidade de Nova Friburgo será pública e autônoma, garantindo a oferta democrática de acesso à classe trabalhadora e a autonomia financeira voltada para a isenção da produção de conhecimento e cultura.
Só a luta muda a vida. E só a Universidade de Nova Friburgo muda Nova Friburgo e o Centro-Norte fluminense.
Grandes projetos são os que mudam o perfil de um município e abrem novas perspectivas. Lançamos alguns desse porte, como o Condomínio Industrial, o centro de convenções e o aeroporto. Os três estavam caminhando bem, recebendo o apoio dos governos estadual e federal até a chegada da crise. No caso do Condomínio Industrial, inclusive, algumas empresas chegaram a se instalar na região.
Sabemos que esta situação é temporária e que projetos como estes não podem ser deixados de lado. Eles não estão abandonados e nem podem ser esquecidos, mas como são muito grandiosos, o andamento deles depende das parcerias com os governos federal e estadual. Sendo assim, aguardamos pela retomada da economia do estado e também do país para que estes e outros projetos voltem a avançar.
No momento, diante deste cenário, temos que nos focar em manter as contas do município em dia e os serviços essenciais funcionando plenamente e de forma adequada. Mas é óbvio que algumas ações apontam para novos rumos, inclusive na área de negócios, como as leis de incentivo para os setores de tecnologia da informação e de cervejarias artesanais.
Também não posso deixar de falar da criação do polo audiovisual na cidade, cuja iniciativa fará de Nova Friburgo uma referência na produção de curtas, longas metragens e documentários.
Outro ponto importante e que não posso deixar de falar, diz respeito às obras na área de mobilidade urbana, que inclui a implantação de ciclovias. Nós já temos projetados 27 quilômetros de ciclovias interligando a Ponte da Saudade, Olaria, Centro, Duas Pedras e Conselheiro Paulino. O primeiro trecho, do Edifício Itália até Duas Pedras, já está sendo licitado e as obras deverão ter início em dezembro.
Mas, é hora de mantermos os pés no chão e os olhos no horizonte, aliás, se não tivéssemos feito isso desde o início do governo talvez hoje não estaríamos pagando salários em dia, ao contrário de vários municípios e estados.
A construção do programa de governo que realizamos junto à sociedade friburguense passa, exatamente, pelo sonho de deixar um legado de grandes proporções, tanto na profundidade quanto no alcance.
Trata-se de uma reconstrução profunda na forma de governar, baseada na ampla participação das pessoas, bem como no efetivo controle, fiscalização e avaliação da sociedade, com transparência real. Por isso, nossa insistência na prestação de contas permanente, bem como no fortalecimento para o efetivo funcionamento dos conselhos.
Trata-se de uma reformulação da gestão de modo que as ações terão impacto de longo alcance. Por isso, insistimos na educação integral em pelo menos 10% das escolas nos próximos dois anos, bem como na superação do analfabetismo. Essas ações, seguramente, trarão para Nova Friburgo ampla visibilidade positiva.
Outro elemento que julgamos de grande porte, do ponto de vista da gestão, é a construção de um Plano de Mobilidade Urbana (tecnicamente respaldado e socialmente referenciado). Trata-se de uma ação imediata que trará realizações de longo prazo com melhoria da qualidade de vida e redução de impactos negativos na economia da cidade.
Do ponto de vista econômico, a construção de um calendário turístico (em consonância com esportes e cultura) é de uma envergadura singular. A projeção de Nova Friburgo entre outras cidades e ao longo do tempo só se efetivará com base em atrativos turísticos relevantes.
Por fim, mas não menos importante, é importantíssimo construir mecanismos para tornar Nova Friburgo a cidade mais preparada do país em termos de prevenção a riscos de desastres. Pelo posicionamento geográfico que temos e pelo histórico de ocorrências de eventos climáticos, precisamos fazer um esforço coletivo — que envolva Defesa Civil, educação, meio ambiente e outros entes — de modo a nos tornarmos referência nacional.
Criaremos um gabinete de projetos para viabilizar ações — que poderão ser propostas por qualquer cidadão, e que tenham como objetivo o bem comum, em quaisquer setores —, através de verbas federais e parcerias público-privadas.
Por óbvio que todas as propostas serão consideradas, cientes de que algumas poderão exigir elevado volume de recursos e especialização, mas haverá também aquelas que são o resultado de boas ideias, criatividade e vontade política, e são estas, especialmente, que pretendemos priorizar e viabilizar para melhorar a vida dos friburguenses.
Uma de nossas mais ousadas propostas está voltada justamente para uma atitude simples, sem grandes custos, e que necessitará da participação de cada morador de Nova Friburgo. Trata-se do reflorestamento da cidade, um projeto cujos resultados serão notoriamente verificados em anos vindouros.
Implantaremos uma escola de educação ambiental, além de tornar o tema parte integrante do currículo escolar, sensibilizando toda a população. Nova Friburgo será uma cidade com muitos parques e praças, com espaços verdes integrados à área urbana e rural.
Recuperaremos parques municipais, com ênfase ambiental, proporcionando áreas para lazer, educação e cultura. Pretendemos resgatar uma cidade de natureza resplandecente, livre da problemática hídrica que atualmente nos amedronta. Entendemos que não há legado mais importante para a qualidade de vida dos friburguenses.
Estudaremos implantar um novo sistema de transporte público, baseado na racionalização e otimização de serviços, itinerários e composições. Queremos, ainda, estruturar e implantar, em parceria com as concessionárias de serviços públicos, órgãos estaduais e federais, um projeto de mobilidade que contemple a manutenção de estradas, sinalizações, qualificação dos serviços de telefonia e internet, alto desempenho em limpeza urbana e coleta de lixo, tudo com critérios de sustentabilidade.
O nosso “grande projeto” é fazer os serviços públicos funcionarem. A população precisa ficar satisfeita com a educação, saúde, moradia, transporte público, mobilidade urbana, geração de emprego, assistência social, segurança, cultura, esporte, lazer, etc. O nosso compromisso é com as pessoas e não com as empreiteiras. Vamos ouvir a população em suas demandas e elencar as mais emergenciais.
O cenário é de crise, onde há escassez de recursos federais e estaduais. Muitas obras precisam ser retomadas, especialmente na habitação popular, como na Granja Spinelli. Também na educação e na saúde. Muitas manutenções precisam ser feitas para garantir a infraestrutura básica e respeitar a segurança e a higiene dos espaços públicos.
Na área da saúde, por exemplo, queremos atendimento 24 horas na região dos distritos de Lumiar ou São Pedro da Serra, dialogando antes com a população local, bem como no bairro Olaria. Já seria um grande conforto na vida dos moradores. É um cuidado que não depende de grandes gastos com obras e o benefício é enorme. Ainda na saúde é fundamental reestruturar, organizar, equipar e modernizar o funcionamento do Hospital Municipal Raul Sertã, além do Hospital Maternidade e postos de saúde. E como temos serviços concedidos à iniciativa privada, precisamos ter uma agência reguladora de serviços concedidos.
É necessário dotar o município de infra estrutura adequada: ampliando a pavimentação, instando as concessionárias a expandir a rede de energia elétrica onde esse serviço ainda não chegou, bem como as rede de água, esgoto e telefonia.
Queremos trazer o máximo de informação à população para que possam fazer uma escolha consciente e embasada. Não vamos prometer nada que não sejamos capazes de cumprir. O que prometemos é cuidar da cidade que amamos e da população que tanto respeitamos. E você, o que você quer? Que tipo de governante você quer?
Sabatina A Voz da Serra
Eleições 2016
O jornal A Voz da Serra questiona, diariamente, os candidatos a prefeito em Nova Friburgo sobre os mais diversos temas
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
Deixe o seu comentário