Um mosaico de imagens mil: A Sétima Efervescência (1997) – Júpiter Maçã

sexta-feira, 01 de maio de 2015
Foto de capa

Júpiter Maçã — também conhecido como Júpiter Apple — é um ícone da música underground no país. O gaúcho, antes conhecido como Flávio Basso, foi integrante das bandas Cascavelletes e TNT e, após o fim dessas bandas ficou ausente do mercado musical por anos. Em 1997, ele lançou A Sétima Efervescência, um dos discos precursores da onda retrô que tomou conta do cenário de música independente das décadas seguintes, resgatando timbres e sonoridades das bandas psicodélicas da década de 1960. 

A Sétima Efervescência mistura o rock psicodélico ao acid rock, folk e também a pitadas do punk rock, herdado das primeiras bandas do cantor. A faixa de abertura do disco é um verdadeiro hino do rock gaúcho, com timbres sensacionais de órgão e distorção fuzz na guitarra e é, provavelmente, uma das músicas mais famosas de Júpiter. No mesmo segmento de “hits desconhecidos”, o álbum tem “Eu e Minha Ex”, com arranjos orquestrados que lembram os álbuns tropicalistas, e também “Miss Lexotan 6mg Garota”, balada bem ao estilo da fase de transição dos Beatles, com timbres de flauta e violão de aço.

Psicodelia extrema, ao estilo do primeiro álbum do Pink Floyd e das clássicas bandas californianas da década de 1960, é a cara de A Sétima Efervescência. “As Tortas E As Cucas” traz timbres orientais, que lembram instrumentos como a cítara. A canção, com efeitos na voz, narra em sua letra sensações e alucinações de uma viagem de drogas, de uma forma surrealista. 

A canção que dá sequência, “Querida Super Hist X Mr Frog”, também se enquadra no estilo. Dividida em duas partes, a faixa tem uma bateria criativa, abusando dos tambores. Mas o que realmente prende são os efeitos da guitarra e a voz, enquanto a canção vai crescendo. Ainda com clima primordialmente psicodélico tem “Walter Victor”, com uma guitarra totalmente inspirada em Syd Barret e letra sobre um homem com problemas de dependência química.

Influenciada pelo punk rock aparece uma balada suja de declaração de amor com o nome de “Pictures And Paintings”. A canção é básica ao mesmo passo que é romântica é engraçada, com versos cômicos e algumas variações significativas no instrumental. No mesmo estilo de letra há “As Outras Que Me Querem”, influenciada pelo rock dos anos 50 e pelo blues, com direito a solo de gaita na introdução.

Enquadradas no acid rock aparecem, em sequência, “Sociedades Humanoides Fantásticas”, um experimental com letra sessentista, citando temas de ficção científica, e “O Novo Namorado”, com guitarras pesadas, misturando a velocidade da canção e timbres vintage de órgão. 

Vale ainda destacar do álbum “Essência Interior”, com poesia suja na letra e instrumental calcado em bandas como The Who e Cream. A letra traz poucos versos e a canção apresenta um experimentalismo barulhento em seus quase sete minutos de duração. 

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