Três palmas e uma vaia - O rock no cinema

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Palmas para:

Tommy (Ken Russel, 1975)

Trazendo os integrantes da banda como atores, além da participação de diversos outros músicos da década de 1970 (Elton John, Eric Clapton, Tina Turner e uma premiada Ann-Margrett, que recebu um Globo de Ouro pela atuação), a ópera rock do The Who sobre um garoto cego, surdo e mudo, que era o maior jogador de pinball de todos os tempos virou filme no ano de 1975.

Com o vocalista Roger Daltrey fazendo o papel principal, o The Who narra com seu rock cru e muitas intervenções nas faixas originais, agora com novas vozes dos atores, a dura jornada de Tommy, que vai de um rapaz alienado do mundo por sua condição de saúde à uma celebridade messiânica, que sofre várias reviravoltas trágicas em seu caminho.

Foi a primeira ópera rock transformada em filme e tem um roteiro que segue praticamente à risca o enredo do álbum e, de quebra, atuações impagáveis, como Eric Clapton de sacerdote e Keith Moon como o Tio Ernie.

Sid e Nancy (Alex Cox, 1986)

Protagonizado por Gary Oldman, o filme relata o romance destrutivo do baixista do Sex Pistols Sid Vicious com a groupie Nancy Spungen (Chloe Webb). É um grande retrato do punk inglês, rodeado por muitas drogas, rock n’roll e algum sexo.

Com coadjuvantes incríveis, como Malcolm McLaren (David Hayman) e Johnny Rotten (Andrew Schofield); é uma das melhores escolhas para quem quer ver um filme sobre o punk inglês, contando uma de suas histórias mais famosas. Nancy morreu aos 20 anos, de uma forma estranha, quando foi encontrada morta em um apartamento que vivia com Sid. O baixista foi acusado do assassinato da namorada e o filme o retrata como o verdadeiro culpado.

De uma forma romântica, o filme traz a vida breve de Sid -- que morreu aos 21 anos de overdose de heróina -- mostrando como conheceu Nancy e começou a usar drogas pesadas com ela; sua entrada no Sex Pistols mesmo sem saber tocar baixo, brigas, a gravação da versão de “My Way” e o episódio em que a banda tocou em um barco quando fora proibida de tocar em território inglês; além do fim da banda.

Velvet Goldmine (Todd Haynes, 1998)

Visualmente lindo e com uma trilha sonora impecável (com muitas faixas contadas pelos póprios autores), o filme conta a história do Glam Rock -- o gênero porpurinado, das roupas extravagantes -- na Inglaterra, de uma forma fictícia. Em Velvet Goldmine, Ewan McGregor é Curt Wild, um roqueiro explosivo e performático que toca à frente da banda The Rats, descamisado e com calças de couro. Do outro lado, Jonathan Rhys Meyers é Brian Slade, um artista que a cada novo trabalho está com um visual diferente, sempre em transição e com características muito andróginas. Qualquer semelhança com Iggy Pop e David Bowie não é mera coincidência, afinal, ambos foram protagonistas da Blank Generation, retratada também no livro Mate-Me Por Favor (Larry McNeil e Gilliam McCain, 1996).

A história desses dois astros do rock é contada por lembranças de pessoas próximas -- misturando linguagem de filme e documentário -- como ex-empresários e namoradas, recolhidas pelo jornalista Arthur Stuart (Christian Bale), que recebe a missão de fazer uma reportagem sobre os dez anos do desaparecimento de Slade, após forjar seu assassinato no palco.

Vaias para:

Somos Tão Jovens (Antônio Carlos da Fontoura, 2013)

Apesar da ambientação perfeita e um cuidado interessante com toda a caracterização dos personagens, o filme sobre a adolescência de Renato Russo e a formação do rock de brasilía não é nada próximo de bom. O filme só funciona se encarado como uma grande piada interna. São atuações muito forçadas em que os atores parecem imitadores dos músicos reais -- basta observar o Herbert Vianna ou o próprio Renato no filme -- reproduzindo o jeito de falar, discursos etc, mas de uma forma nada natural.

O filme é o único longa-metragem a abordar a formação do rock brasiliense dos anos 1980 mas, mesmo assim, faz de uma forma muito rasa. Destaque para o personagem “Petrus”, que é, na verdade, o primeiro guitarrista do Aborto Elétrico, André Pretórius, e é o personagem mais mal construído e menos aproveitado no filme. Importante como fundador da primeira banda de Renato Russo e também já citado como seu primeiro parceiro musical, o sulafricano nem teve seu verdadeiro nome citado na obra.

Foto da galeria
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.