Hoje a Discopédia é das mulheres!

sábado, 05 de março de 2016
Foto de capa
Joan Baez, em 1965 (Foto: Domínio público)

A verdade é que os homens não têm propriedade nenhuma para falar sobre as mulheres. Falando por mim, tenho plena consciência disso. Só uma mulher entende e sente os desafios de ser do sexo que de forma totalmente errônea batizaram de frágil. Queria eu ser frágil como muitas mulheres que conheço. Minha mãe, parentes, amigas e tantas outras. Pra Discopédia de hoje, abri o espaço para uma dessas mulheres fortes que conheço e tenho muito amor. Anna Lygia Stavale é mulher, militante, feminista, professora de história, fotógrafa e uma amiga e namorada maravilhosa, entre outras coisas. Na coluna de hoje ela fala sobre algumas das mulheres guerreiras da música, que protestaram, lutaram e não temeram as repressões. Parabéns a todas as mulheres, obrigado por fazerem esse mundo melhor. You can do it!

Gostaria de poder falar de todas elas, das mulheres todas, dessas vozes femininas inconfundíveis, marcantes e implacáveis – Todas elas ainda mais que há tantas e outras mais que nem ainda conheci. Mas já que não é possível hoje tive que escolher duas cantoras. Não se trata aqui das vozes mais bonitas, embora também sejam, trata-se aqui de vozes que firmes. Não é do seu maior hit, seu melhor álbum, seu mais celebrado espetáculos que vou falar, mas sim da postura valente em seu destemido cantar, do ativismo político dessas mulheres.  A música, é a música popular, as décadas são 60 e 70, os países são Estados Unidos e Argentina e a luta é contra forças fascistas, opressão e guerras, em favor dos direitos, da igualdade e da liberdade.

Joan Baez

A voz mais bela da música folk norte-americana é também a mais política. Com apenas 19 anos Joan Baez já era uma das cantoras de música tradicional mais respeitadas nos Estados Unidos, tendo seu segundo e terceiro discos ganho disco de ouro em 61 e 62 respectivamente. No cenário agitado do Movimento dos Direitos Civis nos Estados Unidos, que pleiteavam igualdade de direitos para os negros e avanço em direitos trabalhistas e também no contexto da Guerra Fria, a música de protesto ganhou muitíssima força, virando quase hegemônica nos clubes de folk. Joan Baez se tornou uma das principais cantoras de protesto dessa época, temáticas como escravidão, luta trabalhista, injustiças sociais, guerras e críticas a família tradicional e ao capitalismo ganhavam força em sua voz.

Muitos lembram que Joan Baez foi namorada de Bob Dylan, mas poucos falam que foi ela quem impulsionou a carreira do músico, ao interpretar canções de Dylan em seus concertos. "With God on your side” uma canção de Dylan crítica a história militar norte-americana ficou muito famosa no dueto de Baez com Dylan.

Militante contra a Guerra do Vietnã, em 1969 faz um show expressivo e emblemático em Woodstock. O ativismo político e a temática social continuaram a permear toda a vida de Joan Baez.

Mercedes Sosa

La Negra,  como ficou conhecida pela característica marcante da ascendência ameríngina, a cantora argentina de música folclórica e popular é famosa por seu ativismo político de esquerda,  por dar voz aos que não tinham direito a voz. Opositora aos governos militares, Mercedes exilada da Argentina também enfrentou problemas no Brasil,  siendo barrada na entrada do país pela Ditadura Militar. Mercedes Sosa, principal intérprete do movimento Nueva Cancion, continuou pela América Latina e o mundo  divulgando a cultura latino-americana e denuncionando injustiças sociais e raciais.

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