Entrevista: Banda Teto Alto

terça-feira, 01 de dezembro de 2015

Enraizada no som dos anos 1990 e 2000, a banda é a grande novidade do rock friburguense

Se você é fã do rock dos anos 1990, um recém-criado grupo de Nova Friburgo vai fazer sua cabeça. Formado por Eurico Luiz (bateria), Lucas Santos (voz e guitarra), Pedro de Paula (baixo e voz) e Douglas Brantes (guitarra), o Teto Alto aposta em tirar as melhores influências dos artistas que surgiram nos últimos 20 anos. Vocais agressivos, efeitos de guitarra de deixar as orelhas em pé e músicas de clima bem sombrio e underground, a banda é o novo destaque da cena de rock friburguense.

Apesar da banda ter sido criada em maio, ela já conseguiu subir alguns degraus com muito trabalho. Lançaram três singles na internet (“Jóia Rara”, “1 em 1.000.000” e “Me Encontra”, todos disponíveis no Youtube), bancaram sua própria estreia na festa Arraial do Teto Alto e dividiram palco com os cariocas do Fuzzcas. Mas o ponto alto do grupo em 2015 chegou no último dia 20, sexta-feira: lançaram na internet seu primeiro álbum, T.R.D.V.

O significado da sigla T.R.D.V. também batiza uma canção do álbum: Tudo É Risco de Vida. Disponível totalmente gratuito na página da banda no SoundCloud, o CD chegará ao mercado em formato físico no ano que vem. Com autenticidade, influências das mais diversas – indo desde o rap, com a participação do rapper Carlim Flowzen, até o blues --, é digno de aplauso o desafiante trabalho do grupo na gravação.

O álbum, gravado todo em casa, em clima lo-fi – ou seja, sem buscar o primor de uma produção muito profissional – traz uma pós-produção muito boa, contando com efeitos e colagens que, certamente, só conseguiram atingir essa qualidade após muito trabalho.

Para a coluna dessa edição, os integrantes toparam responder algumas perguntas sobre a banda e também sobre o rock nacional atual. Segue a entrevista:

Discopédia - Como surgiu o som da banda? Vocês criaram já pensando em atingir um público específico?

Teto Alto - O som da banda começou com o Lucas (vocalista e guitarrista). Ele tinha um projeto solo e compôs a maioria do material que está no nosso primeiro disco. Tudo foi feito mais como uma forma de expressão, de desabafo. Nosso público se formou a partir da identificação da galera com o som e os temas.

Se vocês fossem colocar três bandas em um liquidificador para sair o som de vocês, quais seriam?

Queens of the Stone Age, FIDLAR e MC Carol. Sim, MC Carol mesmo!

Dois clipes de vocês (“Jóia Rara” e “1 em 1.000.000”) despertam muita curiosidade. Enquanto o primeiro tem uma produção primorosa, o segundo é uma viagem nostálgica aos anos 90. Parece ter saído de um VHS. Tem sido uma boa ideia apostar nos vídeos?

Os vídeos surgiram mais como um acompanhamento para as músicas, não queríamos simplesmente por a música no Youtube com uma imagem parada, sem nenhuma atração visual. Mas quem viu sempre elogiou os conceitos e acabou sendo uma ideia melhor do que pensávamos.

O que tem de melhor no rock brasileiro pra vocês, hoje? Sentem falta de alguma coisa?

Há muitas bandas legais como o Apanhador Só, Medulla, O Terno, Aeromoças e Tenistas Russas, etc. Geralmente, as bandas independentes que buscam fazer o som delas sem tentar agradar todo mundo são aquelas que mais experimentam e se tornam mais interessantes. Achamos que ainda falta um pouco de verdade no som, muitas bandas se maquiam demais para parecerem perfeitas, tentar soar como bandas gringas etc.

Se vocês encontrassem um gênio que dissesse: "Posso realizar um desejo qualquer de vocês para mudar a cena de Nova Friburgo", o que mudariam?

Gostaríamos de um festival de arte autoral na cidade, como acontece com Rio das Ostras no Festival de Jazz e Blues. Mas sabemos que esse tipo de coisa só pode acontecer quando as bandas da cidade começarem a se movimentar. Pediríamos também que a galera que tem banda largasse os covers e focassem em músicas autorais.

Para ouvir o som do Teto Alto acesse: https://soundcloud.com/tetoalto

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