Colunas
Fazendo o que gosto. Com gosto de quero mais.
“O que amas de verdade permanece, o resto é escória. O que amas de verdade não te será arrancado. O que amas de verdade é tua herança verdadeira.” (Ezra Pound: Canto 81)
Desenrolava-se o ano de 1977, em fevereiro, o clima pesado, sob os tacões dos generais da ditadura. A chuva de verão, o céu escuro, ansiedade e medo para um menino que ia ao encontro da jornalista e advogada Ieda Lucimar Mastrângelo Corrêa, na redação de “O Diário de Nova Friburgo”, na antiga rodoviária intermunicipal, ao lado da prefeitura. Era o meu primeiro contato com uma redação jornalística. Ali, também descobri que a mesma Ieda, mais tarde minha madrinha, era a famosa Charmène, colunista estrelada das páginas de “O Nova Friburgo”.
Meu primeiro emprego me reservava mais do que escrever uma pequena coluna sobre os movimentos estudantis naqueles tempos sombrios, o que me custou o convite para sair do colégio em que estudava, depois, migrar para a editoria de cultura e, mais tarde, saltar para “O Correio Friburguense”, do David Ringel, após o término do Diário.
O colunismo social, jornalismo de comportamento e cultura, me arrebatou sob um pseudônimo no mínimo engraçado, Irmo Pessarollo, até que decidi ampliar meu espaço e fui editar sobre moda na “Revista Especial” e no “A Folha”, do Osmar Jardim, entrevistando gente famosa como Mauro Taubmann da Company, Simon Azulay da Yes Brazil, a friburguense Luma de Oliveira, Xuxa, entre tanta gente que já brilhava em nível nacional nos anos de 1980.
No “Panorama”, do Fernando Reis, fiz coluna social com liberdade de crítica e texto, e não tardou o convite do Lúcio Flavo, em 1984, para que visitasse a redação de “A VOZ DA SERRA”, do amigo querido Laercio Ventura (foto), com o intuito de ingressar na equipe, sabendo do altíssimo nível de exigência do mestre Ventura. Foram dias difíceis, de grande aprendizado e amadurecimento, até provar competência e zelo pela informação e poder alçar voos mais altos.
Dali pra frente, não teve volta. Na “Tribuna do Advogado”, periódico mensal da OAB-RJ, no Rio, fui da secretaria à apuração, da administração à editoria, e pude conviver com os grandes mestres Nilson Lages, Ana Arruda Callado, Sônia Miranda, Daniel Welmann, Oromar Terra, Paula Santa Maria e estagiários brilhantes como o hoje jornalista e escritor Marcelo Moutinho.
Todo esse relato é para dizer que celebro 40 anos de jornalismo/colunismo/imprensa, sob o registro do MTB 39.482/RJ, nesse fevereiro de 2019. Uma pausa de dois anos em 2014/15 e estamos aqui. Vivos! Ávidos por notícias e publicar o que aconteceu, acontece e acontecerá na Nova Friburgo que é mundo através das páginas de A VOZ DA SERRA.
Vivi o tempo da máquina de escrever e dos sobrenomes “clichês” nas colunas sociais. A máquina elétrica e a desconstrução do “apartheid” social com a ascensão dos operários a empresários. Sobrevivi ao teclado do computador e à derrocada de gente arrogante, de nariz empinado, que se achava diferente por ter e não por ser. E, agora, as redes sociais, onde cada um é seu próprio colunista, publica suas fotos, suas conquistas, sua alegria eletrônica.
Completo quatro décadas de colunismo e tenho muitas histórias para contar. Tanta gente passou, inúmeros retornaram, outros, ainda virão. Agora tudo é tão rápido: escrevo hoje e se quiser publico agora. Não preciso esperar a fotogravura em clichê e nem revelar a fotografia sem saber se ficou boa. Tampouco ficar horas ao telefone apurando os fatos, aguardando os documentos que virão por carta registrada, por fax ou e-mail. Agora é agora e já se passaram 40 anos. Eu, estava lá e estou aqui. E estar vivo é o meu principal motivo para comemorar.
Agradeço aos que me inspiraram. Aos meus seguidores. `As gentes que são especiais pelo que são e merecem virar notícia. Aos meus leitores. Nascemos juntos e celebramos de mãos dadas. Minha gratidão!
E o meu luto pelo colega Boechat, grande mestre, gigante pessoa, professor de todos nós!
David Massena
David Massena
David estreou nas colunas sociais ainda na década de 70. É jornalista, cerimonialista, bacharel em Direito, escritor e roteirista. Já foi ator, bailarino, e tantas coisas mais, que se tornou um atento observador e, às vezes, crítico das coisas do mundo.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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