Colunas
78 Musical
Pinçado da Memória:
“A liberto não viver, melhor fora morto nascer.” - Girlan Miranda
78 Musical (1)
Estreia sexta-feira, 26, e segue sábado e domingo e, ainda, nos dias 2,3 e 4 de junho, no Teatro Municipal Laercio Rangel Ventura, o espetáculo 78 Musical.
Com texto e dramaturgia deste colunista, e direção do jovem e talentoso Bernardo Dugin, o espetáculo é um revival dos anos 70 e se passa em Nova Friburgo.
É uma ficção, uma teia que costura personagens emblemáticos daquela década em nossa cidade e traz referências geográficas e físicas.
Mas é ficção.
78 Musical (2)
Das salas de aulas das academias de jazz dance e pistas das discotecas inflamadas à bucólica Lumiar, tudo tenta retratar, buscando verossimilhança, um jeito todo nosso de viver e sobreviver aos anos de chumbo embalados em glitter e luzes coloridas.
O convite para a parceria com o criativo e inventivo Dugin mereceu um mergulho naqueles 70, em que ser livre era o desejo de uma juventude que burlava imposições comportamentais e tentava juntar o quebra-cabeças partido pelas luzes estroboscópicas.
Eram tempos de querer ser livre, mesmo mergulhados no jeito americano de ser.
O elenco
Audições, encontros, escritos e reescritos, seleções, desistências... afinal de contas, um musical se faz, sobretudo, com atores/cantores/bailarinos.
Veteranos como Cildéia Barbosa, Dani Calazans, Diana Cataldo, Miguel Toscano, Verônica Basile, Christine Valença, Carol e Claudio Raposo se uniram ao projeto e a eles se juntaram jovens atores que toparam o desafio.
São quase 100 profissionais envolvidos.
Do palco ao backstage.
Estreando
Mas há um time que estreia nos palcos friburguenses.
Alguns com experiência como Christian Knupp, que é friburguense com atuação no Rio, Gauri, Yanne Perissê, Pedro Borges, Luísa Rossi, Catharina Bucsky, Filipe Louzada, Verônica Bello e Aylla Freire.
E Cesar Castro, que acumula trabalhos na capital carioca mas nunca em palcos friburguenses.
Outros, estreantes mesmo, como Gianne Bonan, Alice Verly, Marinha, Bruno Rocha, Nabila Trindade, Catharina, entre outros.
Para dançar
A coreógrafa Geraldine Marqui assina as coreografias, reconstruindo cenas com bailarinos incríveis como Daniel Abreu, Isla Gastim, Ilana Guilland, Luiz, Maria Clara Andrade e Lucas Mury.
Das cenas que reconstroem as sequências de jazz dance aos agitos das discotecas.
Sem falar nas cirandas e danças circulares nas comunidades hippies de então.
É dançar para não dançar!
Para cantar
Lanúzia Pimentel selecionou, ensinou e regeu as vozes dos personagens e do coro.
Diogo Rebel assina os arranjos e a direção musical, numa parceria com Lanúzia que rendeu grandes interpretações.
Sob a regência do maestro Diogo Rebel, que também é responsável pelo piano, teclado e violão, estão Thiago Guzzo (violão, guitarra, teclado 2); Danilo Klem (sax alto, sax soprano e flauta); Vitória Gonzaga (baixo elétrico); e Daillon Gomes (bateria e percussão).
As personagens
Jovens urbanas que fazem aulas de ballet, piano e inglês. Quem nunca?
Estudar em colégio de freiras. Frequentar as missas aos domingos.
Dormir na casa da amiga para poder dar uma fugidinha até a discoteca...
Ah... imaginem ir a Lumiar, ainda sem luz elétrica, e poder conhecer a poesia libertária daqueles hippies que diziam plantar abóboras.
Mas a moral e os bons costumes também estavam lá. Julgando, condenando, dedo em riste na vida alheia.
As homenagens
Dulce Lyz, a aeromoça que trazia as novidades... o discotecário Napoleão – quem não lembra?
A taróloga Yonara Luz com suas mensagens de Vênus e a poesia de Jane Jardim...
Tem Lulu Guarilha capitaneando as pistas da Overdose.
E tem a presença amiga e protetora da Irmã Francisca, à mercê de quem precisava.
Se muita gente vai se encontrar? Talvez mais do que o autor pretendesse.
Cada um
Carla Azevedo assina os figurinos. E reconstrói, com uma sensibilidade ímpar, os modismos, as manias e maneiras.
São mais de 500 itens. Entre roupas e acessórios.
Isadora Massena foi pesquisar estilos para, em seu visagismo, trabalhar com perucas, cílios, cores, sombras e batons da época.
Ana Paula Mesquita teve a missão de construir um cenário que atendesse, como num passe de mágica, todas as cenas, internas e externas.
Tem mais
A produção é assinada por Rafaela Dugin, impecável, elegante e profissional que merece todos os aplausos.
Carol Beurmann é a assistente de direção e conduziu com ternura o difícil trabalho de agregar o elenco em torno do espetáculo.
O querido Jackson Tinoco, friburguense, assistente do mestre da cenografia Gringo Cardia, abraçou o espetáculo e comanda a equipe criativa da montagem aos detalhes mais sutis.
Bernardo Dugin, o eterno sonhador e corajoso, realiza mais um trabalho irrepreensível.
É o coração do espetáculo, diretor que acredita e confia no talento de cada um, que pulsa amor e leva arte para a vida!
Resgata, constrói e desabrocha talentos.
David Massena
David Massena
David estreou nas colunas sociais ainda na década de 70. É jornalista, cerimonialista, bacharel em Direito, escritor e roteirista. Já foi ator, bailarino, e tantas coisas mais, que se tornou um atento observador e, às vezes, crítico das coisas do mundo.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
Deixe o seu comentário