Quem é Darren Aronofsky?

sábado, 30 de setembro de 2017

Um artista capaz de criar poesia com imagens muitas vezes surrealistas e perturbadores desde seu primeiro filme. Este é o cineasta, roteirista, produtor cinematográfico e ambientalista americano Darren Aronofsky. No último dia 21, estreou o seu sétimo filme, “Mãe!”, com estética gótica e a presença dos atores Jennifer Lawrence e Javier Bardem. A sua carreira está em total evolução que gera ansiedade por mais, a cada filme surpreende a todos pelas escolhas narrativas e estéticas, e suas obras merecem a nossa atenção. Vou listar seus filmes e aspectos relevantes para que possamos degustar do bom cinema durante o fim de semana.

Aronofsky começou sua carreira em 1991, fez quatro curtas-metragens e um jogo para videogame antes de seu primeiro longa-metragem em 1998, denominado “Pi”. Um projeto audacioso por se tratar de sua primeira conquista de investimento para um filme, e, sem receio, corre o risco ao optar por uma estética preto e branco prateada e temática complexa, mas nunca se perde em suas reflexões sobre judaísmo, matemática e misticismo.

Dois anos depois de chamar a atenção de Hollywood surge o filme “Réquiem para um sonho” (Requiem for a Dream), dessa vez com atores mais conhecidos, como Jared Leto e Jennifer Connelly. Muitos críticos classificam o filme como um dos mais perturbadores já feitos, e por uma boa razão. Não é apenas o assunto da toxicodependência que é difícil de estômago, mas Aronofsky apresenta o material como um ciclo que cresce constantemente de maneira exaustiva e horrível. Trabalhando com o editor Jay Rabinowitz, o cineasta cria uma representação visual do vício em drogas que está em um novo nível de desorientação. Você não apenas assiste seus personagens fora de controle, é forçado a perder o controle com eles. Uma obra-prima do cinema sensorial.

A ambição é uma das maiores forças de Aronofsky, mas as vezes pouco compreendida. Hugh Jackman já era um ator de sucesso quando topou deixar as garras do Wolverine de lado e embarcar num filme sobre a moralidade chamado “Fonte da Vida” (The Fountain), de 2006. Poucos entenderam o que o cineasta quis dizer com o filme, pois são muitos temas, muitas histórias e muitos vai e vem. Talvez como realização cinematográfica tenha ficado confusa, mas não deixa de ser um belo filme sobre o amor como elemento que nos torna mortais.

“O Lutador” (The Wrestler) foi uma explosão de criatividade e instinto de direção do cineasta. Apostou no ator Mickey Rourke, o homem bonito e sensual do filme 9 1/2 Semanas de Amor que estava sumido, com o rosto desconfigurado e constantemente com aparições que degrine sua imagem. Grata surpresa, e, para muitos, a melhor atuação de sua carreira. O filme de Aronofsky não é necessariamente relaxado, mas é tão frágil no uso de close-ups que toda emoção acontece dentro de Rourke é ampliada para o espectador. A direção dá a Rourke o palco para ver dentro de sua alma.

Não tardou para o cineasta receber uma indicação ao Oscar, tal feito aconteceu com o filme “Cisne Negro” (Black Swan), de 2010, um marco na carreira. Aronofsky cria algo novo no cinema com sua abordagem visual, trabalha intuitivamente e transforma a câmera em uma dançarina em si. A coreografia da lente cria uma claustrofobia hipnótica. A atriz Natalie Portman está brilhante, não é a toa que se consagrou a vencedora do Oscar por sua atuação. O cineasta tem impulso artístico e quase alcança perfeição neste filme. Impressiona o quanto sua direção melhora com o tempo.

Caso queira escrever uma história e esteja sem inspiração, a solução é simples: leia a bíblia! Ali você encontra as histórias mais mirabolantes e facilmente transformadas em filme. O cineasta passou por isso, roteirizou a história de “Noé” (Noah) em 2014 e fez o filme homônimo, sem dúvida, o filme mais fraco de sua carreira. O maior erro que o diretor faz neste épico bíblico foi ter transformado a odisseia de Noé em um confronto de espadas e sandálias, e ainda um vilão caricato. Noé para o diretor está atormentado pelo peso da missão de Deus para ele, ele não é um salvador.

Segundo o americano, crítico de cinema, Zack Sharf, “Mãe!” (Mother!) mistura as ambições temáticas de Fonte da Vida e Pi com a intensidade claustrofóbica de Cisne Negro para criar uma experiência verdadeiramente singular. Se Noé foi um filme para Aronofsky explorar sua própria interpretação da Bíblia, então Mãe! é o filme do diretor para elaborar sua própria escritura religiosa contemporânea. Vamos ao cinema conferir seu novo filme? Já assisti duas vezes!

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