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Um homem, uma grande mensagem
Fábula
Inverno - divindade alegórica que presidia as geadas. Representava-se na figura de um homem todo coberto de pedaços de gelo, com os cabelos e barba branca, e dormindo em uma gruta. Algumas vezes na figura de uma mulher assentada ao pé de uma grande fogueira, com vestido forrado de peles de carneiro; e outras vezes na figura de um velho que se aquenta ao lume.
(Dicionário da Fábula – traduzido por Chompré – com
Argumentos tirados da história poética – Ed.Garnier – Paris)
Linha do Tempo
A verdadeira caridade é impalpável como a luz e invisível como o perfume: dá o calor, dá o aroma, mas não se deixa tocar nem ver.
Coelho Neto
A verdadeira caridade surge espontaneamente de um coração simpático, antes mesmo que qualquer pedido seja feito. Ela é a pessoa que dá, não ocasionalmente, mas constantemente.
Texto budista
Gentileza gera gentileza
Organizações não governamentais de Nova Friburgo já estão atuando em campanhas sociais neste tempo de baixas temperaturas, buscando mais uma vez sensibilizar o friburguense para a solidariedade humana numa época onde o consumismo e o individualismo infelizmente predominam.
As ONGs estão conscientes de que o sucesso de seus projetos depende obviamente, da boa vontade dos friburguenses. E as expectativas são as melhores possíveis. A benevolência do cidadão já foi comprovada em anos anteriores. Ele sabe da importância de sua doação num quadro social complexo, onde a presença do estado não supre as necessidades mais elementares.
Muitas campanhas e eventos estão sendo programados e as pessoas físicas e empresas estão sendo instadas a darem sua contribuição, pois além do valor material de suas doações, exaltam a responsabilidade social da qual o friburguense muito se orgulha. É conhecida a solidariedade dos munícipes, principalmente em relação às organizações que prestam um efetivo serviço aos carentes do município.
As ações de mobilização de entidades friburguenses permitem a manutenção de serviços indispensáveis, suprindo as famílias com um benefício que o estado nem sempre oferece.
Para este ano, os esforços estão sendo, novamente, desafiadores e o sucesso das campanhas depende em grande parte da boa vontade da comunidade. É inegável que as práticas filantrópicas vêm amadurecendo em Nova Friburgo. Cresce a consciência de que esse tipo de ação deve ser constante, persistente e com compromisso.
Cresce também entre o empresariado a visão de que uma prática socialmente responsável traz ganhos para o seu negócio, sua imagem e, principalmente, para a sociedade. Através do voluntariado está sendo possível construir uma sociedade mais justa e a participação de todos é fundamental.
Um homem, uma grande mensagem
Se você leitor for ao Rio de Janeiro e perguntar por José Datrino, certamente, a imensa maioria dos cariocas não ligará o nome à pessoa. Mas se procurar pela história do profeta Gentileza, receberá, em troca, dezenas de sorrisos e lembranças.
Nascido em uma família de 11 irmãos no interior de Cafelândia, São Paulo, desde menino Datrino se destacava por seu comportamento atípico para a idade (13 anos): fazia questão de espalhar na escola e aos amigos que “tinha uma missão na Terra”. Ele só viraria o profeta Gentileza anos depois, na década de 1960, depois do incêndio do Gran Circus Norte-Americano de Niterói (dezembro de 1961), no qual morreram mais de 500 pessoas – a maioria, crianças.
No Natal daquele ano, morando no Rio, Datrino disse ter ouvido “vozes astrais” e dirigiu-se ao terreno do circo para plantar um jardim sobre as cinzas. Ali morou por quatro anos e trabalhou como “consolador voluntário”, confortando com palavras de bondade às famílias das vítimas da tragédia. Recebeu dois apelidos: “José Agradecido” e “Profeta Gentileza”. O último prevaleceu.
Na década seguinte, Gentileza passou a percorrer as ruas da capital fluminense para levar sua palavra de amor, bondade e respeito ao próximo. Era assim em ônibus, praças, pontes, praias, calçadões e até nas apinhadas barcas da travessia Rio-Niterói. Nem todos entendiam a mensagem do Profeta Gentileza.
Os mais exaltados o chamavam de “maluco”. Para estes, a resposta estava sempre na ponta da língua: “Sou maluco para te amar e louco para te salvar”.
Nos anos de 1980, Gentileza deu início ao seu legado: em 56 pilastras do viaduto da Avenida Brasil, entre o Cemitério do Caju e o Terminal Rodoviário do Rio de Janeiro, Gentileza preencheu muros com seus escritos sobre o mal-estar da civilização.
Para uns, textos proféticos; para outros, poesia. As mensagens em tons de azul, verde e amarelo nunca passaram despercebidas. Foram cantadas por músicos como Gonzaguinha e Marisa Monte, citadas em filmes, enredo de escola de samba novelas e trabalhos acadêmicos.
O Profeta Gentileza morreu em Mirandópolis, São Paulo, cidade de seus familiares, aos 79 anos, em 1996. Mas seu legado só se expandiu. Em 2000, o professor do Departamento de Arte da Universidade Federal Fluminense (UFF) e coordenador do Movimento Rio com Gentileza, Leonardo Guelman, lançou o livro Brasil: Tempo de Gentileza (Editora da Universidade Federal Fluminense). Em 2009, publicou Univvverrsso Gentileza (Ed. Mundo das Ideias).
Faça você também uma “gentileza”
- Laje: Fundado em 1929, o Lar Abrigo Amor a Jesus nasceu com propósito de amparar moradores de rua. Como I.L.P.I. (Instituição de Longa Permanência para Idosos), tem caráter filantrópico e de utilidade pública municipal, estadual e federal, sendo mantida através de doações, bazares, campanha do quilo, quadro de sócios, almoços e eventos diversos. O Laje abriga cerca de 80 idosos carentes, com a finalidade estabelecida de atender com carinho, dedicação e muito amor àqueles que lá residem e que o tempo tornou órfãos, melhorando assim qualidade de vida e estimulando a participação efetiva da família.
- Farmácia Comunitária: Fundada em 1993, a Farmácia Comunitária foi criada com o objetivo de atender as famílias que buscam medicamentos de forma gratuita. Possui milhares de famílias cadastradas, além de instituições sociais da cidade. Os interessados devem apresentar receitas médicas prescritas por profissionais do Sistema Único de Saúde ou de clínicas populares do município.
- Hemocentro: Funciona no Hospital Municipal Raul Sertã e frequentemente necessita de doadores de sangue para estabilizar o seu estoque. O atendimento é feito de segunda à sexta-feira, das 8h às 11h30. Para doar, os interessados devem ter entre 16 e 67 anos, pesar pelo menos 50 quilos, ter repousado no mínimo seis horas antes da doação, não ser usuário de drogas, não estar grávida ou amamentando, não ter se relacionado sexualmente com pessoas portadores de DSTs/ Aids e não estar gripado. A doação de sangue é um ato voluntário e de caridade. Ao doar sangue, cada bolsa corresponde a quatro sub-produtos que serão utilizados pelo hospital e que podem fazer a diferença na hora de salvar vidas.
- Casa dos Pobres São Vicente de Paulo: O trabalho desenvolvido depende da ajuda da comunidade. No local vivem idosos e pessoas com algum tipo de deficiência que recebem toda assistência necessária. Os abrigados tem uma rotina de atividades que vão desde uma alimentação balanceada até atendimentos médicos e aulas de alfabetização e pintura. Para ajudar a Casa dos Pobres São Vicente de Paulo, basta ligar para 2522 1338.
Caridade faz bem à saúde
O médium Chico Xavier deixou uma lição que ultrapassa o aspecto religioso: a caridade. Por compaixão, abriu mão dos direitos autorais dos mais de 400 livros que psicografou e ficou famoso pela distribuição de agasalhos e mantimentos aos mais humildes de Uberaba (Minas Gerais), onde faleceu. E, ainda que as atitudes altruístas pareçam associadas à religiosidade, é a ciência que explica porque elas proporcionam ao caridoso tanto bem-estar - inclusive físico. Para os estudiosos, a caridade atua nas esferas física, psicológica e social. Ao fazermos o bem ao próximo, estamos fazendo a nós mesmos.
Ser caridoso traz satisfação e o organismo libera serotonina, endorfina e dopamina, substâncias relacionadas ao prazer. O cortisol, hormônio que em alto nível aumenta o estresse, é reduzido. A pessoa se torna mais resistente às doenças.
Na esfera psicológica, "a caridade ajuda o ser humano a ser mais otimista diante dos problemas". Ser caridoso também tem uma importância social. Proporciona uma sensação de dever cumprido, despertada na região límbica central do cérebro, que processa as emoções. O lobo frontal também é ativado e tem a função de atuar na consciência do julgamento moral.
De acordo com os especialistas, as reações pós-caridade são estudadas pela ciência há mais de dez anos. "Assim como algumas atividades esportivas liberam substâncias que proporcionam prazer, ser caridoso também é estimulante. Quem faz o bem uma vez certamente vai querer repetir o ato pela satisfação que sentiu", justificam eles.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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