Travessia social

quarta-feira, 04 de maio de 2016

Faturamento cai

O faturamento da indústria caiu em março, após dois meses seguidos de crescimento. De acordo com a pesquisa Indicadores Industriais divulgada segunda feira, 2 pela Confederação Nacional da Indústria, o faturamento de março sofreu queda de 1,2% ante fevereiro, na série livre de influências sazonais. O emprego, com baixa de 0,6% no período, caiu pelo 14º mês consecutivo. A indústria operou, em média, com 77,4% da capacidade instalada em março, recuo de 0,3 ponto percentual frente a fevereiro, na série livre de efeitos sazonais. Esse é o segundo menor valor da série histórica do indicador iniciada em 2003, atrás dos 77,1% registrados em janeiro deste ano.

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As horas trabalhadas na indústria registraram alta de 0,2% em março. A massa salarial, com queda de 0,3% no período, retraiu pelo nono mês consecutivo. O rendimento médio real dos trabalhadores aumentou 0,2% em março na comparação com fevereiro. Segundo a confederação a indústria, todos os indicadores tiveram queda nos três primeiros meses do ano ante o primeiro trimestre de 2015. Enquanto o faturamento recuou 13,2% e as horas trabalhadas apresentaram retração de 10,5%, o emprego caiu 9,3% nesta base de comparação. A massa salarial ficou 10,7% inferior e o rendimento médio dos trabalhadores 1,5% abaixo do registrado nos primeiros meses de 2015.

Produção sobe

A produção industrial brasileira subiu 1,4% em março na comparação com o mês anterior, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a produção caiu 11,4%. Com o declínio, a produção industrial acumula retração de 11,7% em 2016 e de 9,7% nos últimos 12 meses. As expectativas de economistas ouvidos em pesquisa da agência Reuters eram de alta de 1,6% na variação mensal e de queda de 10,8% em relação a março de 2015.

Travessia social

Privatizações, mais ênfase em exportações e relançamento de programas como o Minha Casa, Minha Vida e o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) são algumas das medidas que o vice-presidente Michel Temer pretende tomar caso o Senado Federal decida pelo afastamento da presidenta Dilma Rousseff. Após lançar, em outubro de 2015, o documento Uma Ponte para o Futuro, que continha reflexões gerais sobre o momento político e econômico brasileiro, o PMDB preparou nos últimos dias outro conjunto de propostas, dessa vez com ênfase nas áreas sociais.

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Chamado de A Travessia Social e elaborado pela Fundação Ulysses Guimarães, presidida pelo ex-ministro da Aviação Civil, Moreira Franco, o documento é uma antecipação do que Temer pretende fazer em relação a praticamente todos os programas sociais dos governos dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, se assumir o Palácio do Planalto.

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Um dos pontos do documento prevê o aumento da eficiência dos programas sociais, com foco principalmente na parcela mais pobre da população. No caso do Bolsa Família, o alvo seria os 10 milhões de brasileiros que compõem os 5% mais pobres da população. Para os 70 milhões que estão na faixa entre os 40% e 50% mais pobres, a prioridade será aprimorar a entrada no mercado de trabalho. O documento também prevê a criação de um programa de certificação de capacidades, com formação anual para trabalhadores, empregados ou não. O PMDB pretende relançar o Minha Casa, Minha Vida e o Pronatec. O primeiro deverá ter também foco nos mais pobres. Já o Pronatec será avaliado quanto ao impacto na melhoria do emprego e na renda do trabalhador.

Sine modificado

O governo federal quer reestruturar o Sistema Nacional de Emprego (Sine), de modo a permitir a ampliação da proteção a trabalhadores desempregados e o apoio a empregadores no processo de seleção e recrutamento. Para isso, uma proposta de projeto de lei deve ser encaminhada ao Congresso Nacional pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social.  O projeto do Sine mudará a forma de transferência de recursos federais para estados e municípios, que passa a ser automática. Atualmente, o repasse é feito por meio de convênios, que precisam ser periodicamente renovados.  Segundo o ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rosseto, o objetivo da proposta é melhorar toda a rede Sine e tornar o serviço permanente.

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A meta é possibilitar uma abrangência nacional do programa e um melhor sistema de coordenação, com competências mais claras. Atualmente, o Sine tem 2,1 mil unidades de atendimento espalhados pelo país, dos quais 559 são diretamente ligadas ao Ministério do Trabalho e Previdência Social, e 1.557 administradas por estados e municípios, por meio de convênios com a União. O sistema atende anualmente cerca de 15 milhões de trabalhadores e 1,5 milhão de empregadores.

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