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Radar — 12/05/2016
Comércio em queda
O volume de vendas no comércio varejista recuou 0,9% de fevereiro para março deste ano, segundo dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A queda foi registrada depois de uma alta de 1,1% de janeiro para fevereiro. As vendas recuaram 5,7% na comparação com março de 2015; 7% no acumulado do ano e 5,8% no acumulado de 12 meses. Seis das oito atividades do comércio varejista tiveram queda nas vendas de fevereiro para março. A maior foi observada no setor de tecidos, vestuário e calçados (-3,6%). As outras quedas foram registradas nas atividades de outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,5%), supermercados, alimentos e bebidas (-1,7%), combustíveis e lubrificantes (-1,2%), móveis e eletrodomésticos (-1,1%) e livros, jornais, revistas e papelaria (-1,1%). Por outro lado, foram registrados aumentos no volume de vendas nas atividades de equipamento e material para escritório, informática e comunicação (6,1%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,7%).
Portas fechadas
Cerca de 1,8 milhão empresas fecharam as portas no Brasil em 2015. Esse número engloba companhias de todos os tamanhos e setores da economia, inclusive dados de microempreendedores individuais. O resultado é mais que o triplo do que foi registrado no ano anterior e mostra o tamanho da recessão no âmbito empresarial. O total de empresas que encerraram atividades foi apurado pela Neoway, consultoria especializada em inteligência de mercado, a partir do cruzamento de dados reais de todas as juntas comerciais espalhadas pelo país e de informações obtidas no site da Receita Federal. As informações são monitoradas diariamente.
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"O dado é preocupante: a mortalidade das empresas aumentou mais de 300% entre 2014 e 2015", afirma Jaime de Paula, presidente da consultoria e responsável pelas estatísticas. Ele observa que a marca de 1,8 milhão de empresas desativadas em 2015 é a maior dos últimos cinco anos. O executivo pondera que essa marca pode estar subestimada, já que existe um custo para encerrar a atividade na junta comercial e há empresários que, acuados pela crise, não têm recursos disponíveis para isso. De acordo com o levantamento, em 2014 foram fechadas 572.900 companhias. Entre janeiro e abril deste ano, o total de empresas desativadas somou 266.700. A tendência para este ano, observa o presidente da consultoria, é que o número de fechamentos seja menor.
Compras no domingo
Domingo é um excelente dia para os shoppings brasileiros. Pode não ser o mais movimentado, mas é o que gera a maior conversão de visita em gasto. A pesquisa nacional de perfil de clientes em shoppinga, do Ibope Inteligência, mostra que somados os valores gastos com compras e alimentação, o domingo, mesmo com horário reduzido de funcionamento, supera até mesmo o sábado em conversão de vendas, já que 82% das visitas realizadas nesse dia resultam em algum tipo de desembolso por parte do cliente dentro do shopping. Curiosamente, o domingo é o dia da semana que tem o menor fluxo de visitas. Esse dia responde por 12% das 300 milhões de visitas que os shoppings brasileiros recebem por
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Mas, por outro lado, a maior parte dos clientes que visitam o shopping em um domingo (56%) realiza alguma compra. Essa é a segunda maior taxa de conversão da semana, atrás apenas do sábado, quando excluído os gastos com alimentação. Ao contrário do que se acredita, o domingo é um dia que movimenta um volume relevante das vendas: 12% do faturamento médio de um shopping.
Queda no trabalho formal
Com base em dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo calculou queda no número de trabalhadores formais do comércio varejista brasileiro nos três primeiros meses do ano. Em números absolutos, a variação foi de -2,2% em relação ao primeiro trimestre do ano passado e corresponde a uma redução de 167,1 mil postos de trabalho no setor – o pior resultado para o período na série histórica do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério, iniciada em 2004.
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“Para o varejo, os três primeiros meses do ano representam, naturalmente, um período adverso à ampliação do número de vagas, em virtude do enxugamento sazonal dos postos de trabalho gerados pelas vendas de final de ano. Historicamente 23,9% das admissões e 26,7% dos desligamentos ocorrem nos três primeiros meses do ano”, explica Fabio Bentes, economista da Confederação. Diante da queda mais acentuada das vendas no início de 2016 e da perspectiva de mais um ano de recuo nas vendas, a entidade revisou de -253,4 mil para -269,3 mil sua expectativa de criação de vagas no varejo ao final de 2016.
Acima do limite
Um relatório do Ministério da Fazenda mostra que seis estados brasileiros – Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Goiás e Rio de Janeiro – estão acima do limite de gastos com pessoal previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal. De acordo com a lei, essas despesas não podem ultrapassar 60% da receita corrente líquida dos estados. Os dados, de 2015, mostram que no Rio Grande do Sul a situação é a mais grave, com folha de pagamento correspondendo a cerca de 75% da receita. No Mato Grosso do Sul, o percentual aproximado é 73% e, em Minas Gerais, próximo a 68%. Paraíba, Goiás e Rio de Janeiro têm comprometimento entre 60% e 65%. A média de comprometimento no país é 57,3%. As informações da Fazenda mostram também que as despesas com pessoal cresceram em ritmo mais intenso que a arrecadação tributária nos últimos dois anos.
Devedores já são 6,09%
Além do aumento na quantidade de devedores, também houve alta na quantidade de dívidas registradas nos cadastros de inadimplentes em abril, segundo o SPC Brasil e Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas. Considerando as quatro regiões analisadas, a variação positiva foi de 6,09% na comparação com abril do ano passado e de 1,12% em relação a março, sem ajuste sazonal. O indicador de dívidas em atraso por setor da economia revela que o brasileiro tem enfrentado dificuldades para pagar até contas básicas. O maior avanço no número de dívidas foi causado por atrasos de pagamento de serviços como água e luz, com alta de 16,68% na base anual de comparação. Em segundo lugar, destaca-se o crescimento de 5,34% das dívidas bancárias, que englobam atrasos no cartão de crédito, empréstimos, financiamentos e seguros, seguido pelo comércio (4,64%) e pelo setor de comunicação, que leva em consideração o não pagamento das contas de telefonia, internet e TV por assinatura.
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