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Política x esporte
Política x esporte
A Olimpíada Rio 2016 esta sendo realizada sob um clima de polarização política. De um lado, o governo do presidente interino Michel Temer, de outro os partidários da presidente Dilma Rousseff numa disputa pelo poder no Brasil. Na abertura do mega evento, vaias contra o governo foram ouvidas no Maracanã, militantes foram reprimidos e a disputa prossegue fora dos campos, mais precisamente em Brasília, onde os políticos definem o futuro do governo petista.
Também no Rio, pela primeira vez uma delegação composta por refugiados participa dos Jogos Olímpicos, simbolizando os povos que fogem das guerras e da fome no planeta
Política e esporte. Essa é uma combinação que não vem dando muito certo na história, principalmente quando um extrapola demais a sua área e resolve tomar medidas que influenciam o outro.
Por mais separados que estejam, por mais que muitos insistam em falar que esporte é algo que deve ser independente de política, a história mostra a cada dia mais a relação entre os dois. Muitas vezes como represálias, salvo as exceções que podem de fato confirmar a regra de que influência política estraga o esporte.
As entidades como o Comitê Olímpico Internacional (COI) e a Fifa tentam impedir que os governos dos países influenciem nas confederações nacionais, impondo regras e punições graves para quem desrespeitar o regulamento.
China reprimiu
Os Jogos Olímpicos foram palco de grande manifestações contra a política da China na edição de 2008. A passagem da tocha por todos os países do mundo foi um verdadeiro fiasco no quesito organização, principalmente devido aos manifestantes que fizeram questão de protestar durante o desfile contra a questão do Tibete. Eles queriam que o governo chinês parasse com as represálias aos tibetanos em busca dos direitos humanos daquele povo.
Hitler perdeu
As olimpíadas foram palco de cenas lamentáveis de racismo por parte de regimes políticos também. Tentando provar a superioridade da raça ariana, Adolf Hitler, ditador nazista, compareceu ao estádio olímpico de Berlim em 1936 para comemorar isso, mas a decepção do führer alemão foi grande. Afinal, os negros americanos dominaram as competições e, para evitar ver a premiação, o líder da Alemanha teve de deixar o palco, em uma das cenas mais vexatórias.
Guerra fria
Os Estados Unidos foram os que mais protagonizaram guerras políticas em Jogos Olímpicos. Em 1980, os americanos se recusaram de participar das Olimpíadas de Moscou devido à Guerra Fria. A resposta veio em 1984 com a ausência dos soviéticos nos Jogos de Los Angeles.
Panteras negras
Em 1968, a Cidade do México foi palco de um dos mais fortes protestos atletas. Tommy Smith e John Carlos, ambos americanos, levantaram os braços no alto do pódio com uma luva negra como modo de protestar contra as políticas racistas do mundo. Como represália, ambos perderam as medalhas de ouro e bronze, respectivamente, e mandados de volta para casa.
Irã x Estados Unidos
O futebol também já foi palco de influências políticas. A partida entre Irã e Estados Unidos na Copa do Mundo de 1998 foi muito aquecida devido aos problemas entre os governos dos países fora das quatro linhas. No entanto, para evitar qualquer briga ou guerra, as duas seleções se posicionaram juntas antes do jogo para uma foto simbolizando a paz.
Real X Barça
Mas a história do futebol aponta também uma influência triste. Na Espanha, Francisco Franco organizou uma verdadeira“guerra entre Barcelona e Real Madrid. Fã do time Merengue e defensor das cores espanholas como a Catalunha do Barça, o líder espanhol impôs diversas dificuldades para a agremiação rebelde, que só pode voltar à capital e ver um jogo com a sua morte.
Fascismo
Ao som de Forza Itália, Mussolini entrava no estádio de Milão para apoiar sua seleção nacional, que foi fortemente reforçada pelo líder fascista para provar o sucesso de seu país. Para isso, deu nacionalidade italiana para diversos atletas, a Itália, campeã do mundo em 1934, tinha cinco sul-americanos em seu time titular. O poder demonstrado foi tanto que até os americanos fizeram gestos facistas antes dos jogos.
Lei anti gay
Os Jogos Olímpicos costumam servir como catalisadores desta reação, muitas vezes explosiva. Em Sochi, na Rússia, sede das Olimpíadas de Inverno que ocorreram em 2014, o presidente do país, Vladimir Putin, aprovou artigo que ficou conhecido como “lei anti gay”. Segundo a determinação, o governo pode multar pessoas que “espalhem propaganda de relações sexuais não tradicionais entre menores” com valores entre quatro mil até um milhão de rublos em casos que envolvam entidades jurídicas. Outra lei de 2012 também baniu eventos de orgulho gay pelos próximos 100 anos em Moscou.
Pra frente Brasil
Os 21 anos entre 1964 e 1985 ficaram marcados no Brasil como a imagem da falta de expressão política da população e da extrema repressão do regime militar para com seus opositores. O governo brasileiro passou a controlar todas as áreas da sociedade, desde a política até a cultura. O futebol, a paixão nacional, não poderia ficar de fora das intervenções militares.
Desde os primeiros anos do regime de exceção o futebol foi utilizado como forma de expressão patriótica e instrumento de propaganda da ditadura.
No ano de 1969, João Havelange, presidente da CBF, colocou no cargo de treinador da seleção brasileira João Saldanha, que era jornalista. Havia a expectativa de que assim a mídia tivesse menos interesse em criticar o time. Entretanto, o homem colocado para dirigir o mais poderoso instrumento de propaganda militar recusou-se a aceitar intervenções do governo na convocação da equipe.
O caso mais famoso é o do atacante do Atlético Mineiro na época, Dadá Maravilha. O governo dirigido pelo general Garrastazu Médici queria que o ídolo do futebol mineiro também fosse convocado para agradar a população local, já que a base da seleção era composta por jogadores do Rio de Janeiro e de São Paulo. O treinador se recusou a acatar as intervenções, o que já estremeceu a sua relação com o regime. Saldanha foi demitido.
Meses depois a seleção foi campeã e com Dadá Maravilha entre os convocados. Instaurava-se aí o clima de euforia entre os “90 milhões em ação”, como dizia a música de Miguel Gustavo e que virou um marco da apropriação nacionalista do futebol pelos militares. Tudo o que o regime militar precisava para apaziguar os ânimos.
A política e o esporte na história
Na antiguidade, o esporte tinha a função de preparar combatentes, sempre voltado ao militarismo ou de cunho religioso. Na Grécia, o berço das Olimpíadas, o esporte era promovido tanto para preparação militar quanto para estabelecer relacionamento de paz entre as cidades e os estados. Para realização dos jogos olímpicos, um contrato de paz foi assinado entres os governos das cidades gregas o que deu um sentido de identidade para o povo grego.
Ainda na antiguidade, nasceram os Jogos Romanos, nesta época de grandes conquistas territoriais para os romanos, as políticas sociais internas muitas vezes eram sonegadas, causando a ira da população. Com a finalidade de evitar rebeliões, nasceu a política do pão e circo; ao contrário dos jogos gregos que eram cheios de honra e disputas leais, os jogos romanos eram feitos de lutas sangrentas, entre gladiadores e animais, execuções e a platéia recebia pão durante o espetáculo.
Atleta x política
Atletas são referências, exemplos, que muitos querem ser ou parecer. Uma medalha olímpica, um campeonato internacional e pronto, aparecem centenas de políticos abraçando o campeão, como se fossem responsáveis também pela suas conquistas. Mais comum ainda são partidos que usam atletas ou ex-atletas para fortalecer suas imagens com campanhas e até cargos no governo às custas dos atletas.
Poucos projetos de governo para esportes são sérios, nas escolas o esporte é sinônimo de jogar bola e não de preparo. Não há incentivos para atletas amadores. Saber diferenciar as coisas é fundamental. Atleta e esporte são uma coisa. Política e políticos, outra.
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