Impressões - 30/08/2014

sexta-feira, 29 de agosto de 2014
Um empresário do século O Brasil perdeu esta semana um ícone do empreendedorismo nacional, figura das mais respeitadas no cenário internacional: o empresário Antônio Ermírio de Moraes, falecido no último domingo, aos 83 anos. Foi um dos maiores empresários de seu século, trabalhando sempre na empresa da família. Industrial de ponta, executivo de um dos maiores grupos brasileiros — o grupo Votorantim —, Antônio Ermírio encarnou durante a sua vida o protótipo de um industrial politicamente correto, ético, amante do Brasil, preocupado com a produtividade de sua organização, sem esquecer o lado humanitário de seu trabalho beneficente. Como empresário, estava cedo no serviço (6h30), não sem antes (às 5h45) se envolver com a gestão da Beneficência Portuguesa de São Paulo, que cuidava com todo o zelo em trabalho voluntário, mantendo a instituição sob um estrito controle, sabendo de cabeça os números da gigantesca organização de saúde. Tinha hábitos simples. Dirigia seu próprio veículo, usava ternos modestos e dedicava sua vida após o trabalho à família e aos filhos. Em 2013, o conjunto de negócios que dirigia levou o Grupo Votorantim a registrar receita líquida de R$ 26,3 bilhões.  Qualidade em xeque Celebrando o luto pela perda do Cine Teatro Leal na década de 70, vale a pena questionar a falta de cinemas na cidade em pleno século 21. Salas de exibição existem. Filmes de qualidade, nem tanto. Pelas particularidades de uma cidade do porte de Nova Friburgo, era de se esperar a abertura de novas salas com uma programação que fugisse ao compromisso com a bilheteria a qualquer custo e a rede de distribuição. Atendendo a um grande contingente de cinéfilos que ficam a ver navios quando se trata de filmes de qualidade, o jeito tem sido buscar filmes nas locadoras ou migrar para o mercado informal de vídeos piratas, onde se tem de tudo. Novas salas seriam bem-vindas. E filmes bons também. Ruína cultural Neste palco, em 29 de janeiro de 1915, o maestro e compositor Heitor Villa-Lobos fez a sua estreia mundial no mundo da música. O que poderia ser um ícone da cultura friburguense, um marco, veio abaixo, na década de 1970, perdendo a batalha contra a especulação imobiliária. Enquanto esteve de pé, foi palco de inúmeras apresentações artísticas até virar um cinema, o Cinema Leal, formador de uma geração de cinéfilos, que viam no "poeira” um momento a mais de lazer e entretenimento em Nova Friburgo. No registro fotográfico de Paulo Henrique Carvalho, pode-se observar, ainda, a imponência da obra, construída nos moldes do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, infelizmente, em ruínas.       A falta que o setentão faz Se estivesse vivo, Paulo Leminski completaria 70 anos no último dia 23 de agosto e, consequentemente,  encerraria sua adolescência, como disse em um poema. Poeta, escritor, redator de publicidade, letrista e músico, dono de uma extensa e relevante obra, vale a pena lembrar o seu trabalho com um poema bem ao feitio Leminski: Quando eu tiver setenta anos então vai acabar esta adolescência vou largar da vida louca e terminar minha livre docência vou fazer o que meu pai quer começar a vida com o passo perfeito vou fazer o que minha mãe deseja aproveitar as oportunidades de virar um pilar da sociedade e terminar meu curso de direito então ver tudo em sã consciência quando acabar esta adolescência Mando de campo O governador e candidato à reeleição Luiz Fernando Pezão (PMDB), em entrevista concedida na manhã de terça-feira para uma rádio carioca, respondeu que não vê problema algum em pedir reforço das Forças Armadas para áreas conflagradas durante as eleições, desde que o pedido seja feito formalmente pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Há hoje um impasse entre o governo estadual e a Justiça Eleitoral para se definir se o pedido de intervenção do Exército será feito por Pezão ou pelo TRE, a partir de um acionamento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O presidente do TRE-RJ, Bernardo Garcez, insinuou haver um temor por parte do governo de dizer que há necessidade de se convocar a Força Nacional. Pode ser. Pezão, inclusive, havia marcado no mesmo dia visita eleitoral à Rocinha, mas desistiu após realização de intenso tiroteio. O povo tem medo, o governo não. Será?    Cabeças cortadas Até agora as estátuas representando as quatro estações do ano, que ornavam a Praça Dermeval Barbosa Moreira, permanecem desaparecidas. Desde que o vandalismo feriu de morte uma delas — a Verão — arrancando-lhe a cabeça, as mesmas sumiram para espanto de todos. Se estão sendo restauradas, não sabemos. Se voltarão ao lugar de origem, muito menos. O importante, contudo, é que a cabeça volte a compor o corpo da estátua, para não parecer a história de Salomé com a decapitação de João Batista. Mundo ultrarradical "Isso vai além do que vimos antes”, disse o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Chuck Hagel, referindo-se ao Estado Islâmico (EI), anteriormente conhecido como Estado Islâmico do Iraque e da Síria (Isis, na sigla em inglês). Segundo Hagel, o EI não seria um grupo terrorista, mas um projeto de Estado com armas sofisticadas, uma ideologia totalitária e recursos abundantes obtidos por meio de financiamento externo, o que permitiria ao grupo continuar sua ofensiva e lançar as bases de seu califado. O cerco e a expulsão das minorias cristãs yazidis do Iraque e a decapitação do jornalista americano James Foley são os últimos exemplos da crueldade com que o EI atua.  Mas, diferentemente de outros grupos de insurgentes, o EI chama atenção por seu poderio econômico tendo como fonte de sustentação o petróleo. 
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