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IMPRESSÕES - 28/02/2015
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015
Culpas e paixões, ou os sete pecados capitais
De acordo com o livro Sacred Origins of Profound Things (Origens Sagradas de Coisas Profundas), de Charles Panati, o teólogo e monge grego Evágrio do Ponto (345–399) teria escrito uma lista de oito crimes (culpas) e "paixões” humanas, em ordem crescente de importância (ou gravidade) São eles: gula (desequilíbrio da alimentação); avareza (ganância, desequilíbrio do ter); luxúria (desequilíbrio do prazer que o luxo traz, normalmente ligado ao sexo); ira (desequilíbrio da emoção); melancolia (depressão, desequilíbrio da autoestima para baixo); preguiça (desequilíbrio do descanso); orgulho (desequilíbrio da autoestima para cima); vanglória (vaidade, desequilíbrio da humildade).
Para Evágrio, os pecados tornavam-se piores à medida que tornassem a pessoa mais egocêntrica, com orgulho ou soberba sendo o supra-sumo dessa fixação do ser humano em relação a si mesmo. Isso o afastaria do espírito, que é sua origem em Deus.
Sete foram os chamados pecados capitais oriundos desta lista.
Gula - é o desejo insaciável em geral por comida e bebida e também de comer e comer sem pensar nos outros, não se satisfazendo com o que os outros colocam em seu prato.
Uma pesquisa publicada tenta explicar quais comidas são mais viciantes, e por quê.
Estes são os alimentos que foram classificados como os mais difíceis de resistir:
1 – pizza
2 – chocolate
3 – salgadinhos
4 – biscoitos
5 – sorvete
6 – batata frita
7 – cheeseburger
8 – refrigerante não diet
9 – bolo
10 – queijo
Avareza - é o apego excessivo e descontrolado pelos bens materiais e pelo dinheiro. É considerado o pecado mais tolo por se firmar em possibilidades.
Um polêmico relatório constatou a concentração de U$ 1,7 trilhão nas mãos das 85 pessoas mais ricas do planeta, a mesma riqueza que os 3,5 bilhões de pessoas mais pobres do mundo. A revista Forbes presenciou em 2014 um recorde de entrada de bilionários em sua lista. Foram 268 novos nomes, incluindo 40 mulheres. Os Estados Unidos lideram a lista, com 50 bilionários; em seguida aparece a China com 37, Alemanha com 26 e o Brasil com 23. Eis os mais ricos:
Jim Walton – US$ 34.7 bilhões (EUA)
Christy Walton – US$ 36.7 bilhões (EUA)
Sheldon Adelson – US$ 38 bilhões (EUA)
David Koch – US$ 40 bilhões (EUA)
Charles Koch – US$ 40 bilhões (EUA)
Larry Ellison – US$ 48 bilhões (EUA)
Warren Buffett – US$ 58.2 bilhões (EUA)
Amâncio Ortega – US$ 64 bilhões (Espanha)
Bill Gates – US$ 76 bilhões (EUA)
Luxúria - desejo passional e egoísta por todo o prazer corporal e material. A luxúria, às vezes, é definida como o desejo perante o prazer sexual mal administrado, embora incorpore outros tipos de desejo como o da comida, bebida e superioridade em relação aos demais. Está também bastante relacionada com a gula, a soberba e a avareza. Consiste no apego aos prazeres carnais, corrupção de costumes; sexualidade extrema e lascívia.
Emma Sayle, de 36 anos, nasceu em uma tradicional família britânica. Na última década, construiu um império milionário, capaz de provocar inveja (e um belo constrangimento) na realeza. Em suas festas, as fantasias eróticas femininas são prioridade. É considerada a princesa da luxúria e fez fortuna promovendo orgias de luxo. As noitadas promovidas por Emma são voltadas para as fantasias sexuais femininas. Com sua empresa, a Killing Kittens (gíria inglesa que diz que "cada vez que alguém se masturba, Deus mata um gatinho”), ela construiu um império milionário nos últimos oito anos. Funcionando como uma rede social privê na internet, a Killing Kittens tem hoje 400 mil membros no mundo todo.
Ira - conhecido também por cólera, é o sentimento humano de externar raiva e ódio por alguma coisa ou alguém. É o forte desejo de causar mal à outrem, e um dos grandes responsáveis pela maior parte dos conflitos humanos no transcorrer das gerações.
Inveja - é o desejo exagerado por posses, status, habilidades e tudo que outra pessoa tem e consegue. É considerada pecado porque uma pessoa invejosa ignora suas próprias bênçãos e prioriza o status de outra pessoa no lugar do próprio crescimento espiritual. O invejoso ignora tudo com que foi abençoado e possui para cobiçar o que é do próximo.
Na praia de La Garoupe, na Riviera Francesa, o governo local baniu os autorretratos (selfies) por estes causarem inveja ou desconforto naqueles que não estão curtindo as águas cristalinas e o sol quente do local.
Preguiça - A pessoa com este pecado capital é caracterizada pela Igreja Católica como alguém que vive em estado de falta de capricho, de esmero, de empenho, em negligência, desleixo, morosidade, lentidão e moleza, de causa orgânica ou psíquica, que a leva à inatividade acentuada. Alguns engraçadinhos dizem que tipos como estes fizeram a bandeira do Japão.
Soberba - conhecida também como vaidade ou orgulho. Está associada ao orgulho excessivo, arrogância e vaidade. Segundo o teólogo Tomás de Aquino, a soberba era um pecado tão grandioso que era fora de série, devendo ser tratado em separado do resto e merecendo uma atenção especial. Também tratava a vaidade como sendo um pecado, mas a Igreja Católica decidiu unir a vaidade à soberba, acreditando que neles havia um mesmo componente de vanglória, devendo ser então estudados e tratados conjuntamente. Alguém disse que a soberba é tão enraizada em nós, por causa do pecado original, que "só morre meia hora depois do dono”.
Fábula
Pandora – era uma estátua, que Vulcano fez, e juntamente animou. Os deuses se juntaram para fazê-la perfeita, dando-lhe cada um sua perfeição. Vênus lhe deu a beleza. Palas a sabedoria, Mercúrio a eloquência, etc. Júpiter, indignado contra Prometeu, que tinha roubado o fogo do céu para animar os primeiros homens, enviou Pandora à terra, com uma caixa em que estavam fechados todos os males. Conta-se que Prometeu, a quem ela apresentou a dita caixa, não querendo aceitá-la, a deu a Epimeteu, o qual teve a indiscrição de abri-la, e que desta infeliz caixa saíram todos os males que inundaram a terra inteira. Somente no fundo se conservou a esperança.
(Dicionário da Fábula – com argumentos tirados da história poética – Edições Garnier – Paris)
Linha do Tempo
"O cimento é urbano, marca de civilização, de progresso. O cimento não suja, pode ser lavado. Terra é rural, lembra tudo que é primitivo. Na terra é que as crianças se sujam durante as brincadeiras. A terra vira lodo quando chove, emporcalha os pés da gente. Quando as pessoas cobrem tudo de cimento, estão escondendo o avô, que sofria com os bichos-de-pé, a avó, com as narinas pretas da fumaça de querosene. Estão negando suas origens. Existe, em quase todas as regiões do país, uma verdadeira fúria contra a nudez da terra, uma fúria por cobri-la, escondê-la como uma coisa imoral”. (Menalton Braff, in Vergonha das Origens)
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