Impressões — 25/10/2015

sexta-feira, 23 de outubro de 2015
Foto de capa
Imigração para Israel (Foto: Domínio Público)

Fábula
Labirinto – Uma cerca cheia de bosques e edifícios dispostos de tal modo que uma vez que ali se entrava não se podia jamais encontrar saída. Havia dois célebres: o de Creta, que Dédalo construiu, no qual ele mesmo foi encerrado; e onde Minos encerrou também o Minotauro.
(Dicionário da Fábula – traduzido por Chompré – com argumentos tirados da história poética – Ed. Garnier – Paris)

Linha do tempo
"A verdadeira viagem da descoberta consiste não em buscar novas paisagens, mas em ter olhos novos.” Marcel Proust.
“Não somos generosos. Somos humanitários.” David Blunkett, ministro do Interior da Grã-Bretanha, referindo-se ao fato de seu país dar asilo a imigrantes.

 

A marcha da humanidade

O fenômeno da migração de refugiados para a Europa, oriundos da África e do Oriente Médio, é o maior movimento populacional desde a Segunda Guerra Mundial. Fugindo da miséria e das guerras, milhares de pessoas buscam melhores condições de vida enfrentando o frio, o preconceito e as incertezas almejando um futuro melhor longe da barbárie e da fome.

A coragem dos exploradores europeus que emigraram no passado é a mesma dos árabes e africanos que hoje se arriscam na tentativa de chegar à Europa. Desde o início deste ano, uma enxurrada de imagens da ilha italiana de Lampedusa, da cidade francesa de Calais — de onde parte o Eurotúnel —, de Bodrum, na Turquia, das ilhas do leste da Grécia ou dos enclaves espanhóis de Ceuta e Melilla, no Marrocos, tomam conta das telas de TV e meios de comunicação. Essas imagens retratam a tentativa de almas desesperadas de chegar aos países europeus.

As migrações fazem parte da história da humanidade desde o tempo em que os primatas mais evoluídos começaram a sair da África. A maioria dos italianos se esqueceu de que foram eles que criaram nações inteiras. Britânicos, espanhóis e portugueses não relacionam necessariamente Austrália, Nova Zelândia e América do Sul aos efeitos de sua migração. Quando se referem à Indochina, os chineses devem ter apenas uma vaga ideia do motivo por que a região tem esse nome. Os americanos também sentirão um gosto amargo se for mencionado que parte dos atuais Estados Unidos foi comprado do México. A lista é longa.

A coragem extraordinária dos exploradores europeus que desbravaram mares e regiões desconhecidas já foi reconhecida. Trata-se de um exemplo incrível de determinação humana. Essa mesma coragem é mostrada hoje pelos migrantes com destino à Europa.

Migração no mundo

A migração internacional promove uma série de problemas socioeconômicos. Em face das medidas tomadas pela maioria dos países desenvolvidos no intento de restringir a entrada de imigrantes, o tráfico destes tem se intensificado bastante. No entanto, esses mesmos países adotam ações seletivas, permitindo a entrada de profissionais qualificados e provocando a “fuga de cérebros” dos países em desenvolvimento, ou seja, pessoas com aptidões técnicas e dotadas de conhecimentos são bem-vindas. Outra consequência é o fortalecimento da discriminação atribuída aos imigrantes internacionais, processo denominado “xenofobia”.

Vai-vem brasileiro

Entre as décadas de 80 e 90, milhões de brasileiros deixaram o Brasil, promovidos por sucessivas crises econômicas que assombravam todos os habitantes e, posteriormente, pelo crescente número de desemprego causado pelo processo de globalização e de novas tecnologias que tiraram muitos postos de trabalho, então foram em busca de novas oportunidades e melhores condições de vida, direcionados a diversos países espalhados pelo mundo.

Os países que atraem os brasileiros são muitos, no entanto, os países desenvolvidos quase sempre são os principais destinos, porém basicamente três países absorvem aproximadamente 80% de todos emigrantes brasileiros no mundo, desse modo destacam-se respectivamente: Estados Unidos com aproximadamente 800.000 mil brasileiros, Paraguai com cerca de 455.000 mil e Japão com 254.000.

Os brasilguaios

No Paraguai, existem os “brasilguaios”, brasileiros que exercem atividades agrícolas no país, principalmente na produção de soja. Geralmente esses produtores detêm um bom nível de vida. Nos últimos tempos, muitos brasileiros foram em busca de novas terras na Bolívia para o desenvolvimento da cultura da soja, atualmente vivem em território boliviano pelo menos 1.000 famílias brasileiras.

Sonho americano

O sonho americano continua, pois o fluxo migratório para esse país é extremamente intenso. As pessoas que decidem viver nos Estados Unidos antes precisam chegar ao país, o que não é fácil, uma vez que os vistos são bastante restritos. Devido a isso muitos brasileiros pagam elevados valores em dólares para atravessar a fronteira entre o México e o país em questão. A travessia é clandestina, por isso oferece muitos riscos, como ser pego pelo serviço de migração norte-americano, ser preso e depois deportado, além de sofrer nas mãos de “coyotes” (pessoas que facilitam a entrada de imigrantes) e enfrentar os perigos do deserto. Em território norte-americano as cidades que mais atraem os brasileiros são Nova York, Boston e Miami.

Migração interna

No Brasil, os aspectos econômicos sempre impulsionaram as migrações internas. Durante os séculos 17 e 18, a intensa busca por metais preciosos desencadeou grandes fluxos migratórios com destino a Goiás, Mato Grosso e, principalmente, Minas Gerais. Em seguida, a expansão do café nas cidades do interior paulista atraiu milhares de migrantes, em especial mineiros e nordestinos.

No século 20, o modelo de produção capitalista criou espaços privilegiados para a instalação de indústrias no território brasileiro, fato que promoveu a centralização das atividades industriais na Região Sudeste. Como consequência desse processo, milhares de brasileiros de todas as regiões se deslocaram para as cidades do Sudeste, principalmente para São Paulo.

As políticas públicas de ocupação e desenvolvimento econômico intensificaram a migração para o Centro-Oeste. Entre as principais medidas para esse processo estão: expansão da fronteira agrícola e investimentos em infraestrutura. O reflexo dessa política é que 30% da população do Centro-Oeste é oriunda de outras regiões do Brasil, conforme dados de 2008 divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).

Êxodo rural

Sua ocorrência foi a grande responsável pela aceleração do processo de urbanização em curso no país, que aconteceu mais por valores repulsivos do que atrativos, isto é, mais pela saída de pessoas do campo do que pelo grau de atratividade social e financeira das cidades brasileiras. O êxodo rural no Brasil ocorreu, de forma mais intensa, em apenas duas décadas: entre 1960 e 1980, mantendo patamares relativamente elevados nas décadas seguintes e perdendo força total na entrada dos anos 2000, passando para 3,5% entre os anos 2000 e 2010.

Foto da galeria
(Foto: Arquivo A VOZ DA SERRA)
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