Impressões — 20/02/2016

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

FÁBULA

Mentira – divindade infernal. Alguns crêem que tinha a seu cargo conduzir as sombras ao Tártaro, e se apresentava com um ar afável e sedutor. E, sem dúvida, Mercúrio é quem se entende por esta divindade alegórica.

(Dicionário da Fábula – traduzido por Chompré – com argumentos tirados da história poética - Ed.Garnier – Paris)

LINHA DO TEMPO

“A desigualdade dos direitos é a primeira condição para que haja direitos.”

Friedrich Nietzsche

“O Brasil, último país a acabar com a escravidão, tem uma perversidade intrínseca na sua herança, que torna a nossa classe dominante enferma de desigualdade, de descaso.” 

Darcy Ribeiro

(IN) JUSTIÇA SOCIAL

Apesar de o Brasil estar vivendo difícil crise econômica com baixa produção industrial, inflação e desemprego, o país não está sozinho junto à comunidade global. Estudos de organismos financeiros internacionais mostram que a concentração de riqueza no mundo poderá se radicalizar ainda mais se governos, sociedades e os organismos financeiros multilaterais não adotarem ou reforçarem suas políticas de distribuição de renda. Um relatório divulgado pela Oxfam International, organização não-governamental britânica voltada ao combate à pobreza no mundo, aponta que em 2016 o grupo com 1% das pessoas mais ricas do planeta vai superar as posses dos 99% mais pobres.

A OCDE – ORGANIZAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO - alerta que não vai ser fácil reverter o aumento da desigualdade, já que ela "está profundamente enraizada nas nossas estruturas econômicas (...) Mudar instituições, políticas e relações entre atores econômicos que estiveram entre nós tanto tempo, será difícil. E as forças de mudança tecnológica e globalização não irão embora".

A pesquisa econômica já mostra que políticas redistributivas não atrapalham o crescimento, mas a receita mais eficiente está em segurar a desigualdade na origem e não na ponta. O relatório recomenda atenção para a participação feminina no trabalho, com políticas que estimulem a conciliação entre vida profissional e doméstica, além de planos específicos para os mais jovens e para promover a criação de bons empregos. Como a desigualdade de oportunidades começa cedo, também é essencial garantir uma educação universal e de qualidade do maternal ao ensino médio.

E o salário, ó!

R$ 3.795, 24: é este o valor do salário mínimo necessário "para suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência". O cálculo é feito mensalmente desde 1994 pela Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) com base em valores da cesta básica. O número de janeiro é o mais alto da série histórica e representa alta de 276 reais. No momento, o salário mínimo necessário é 4,3 vezes maior do que o salário mínimo atual (R$ 880).

Luxo e riqueza

O mercado de luxo global inclui toda uma série de produtos e atividades - de hotéis a carros, passando por arte, cruzeiros e vinhos. Mas seu núcleo são os "bens de luxo pessoais", que cresceram pouco em 2015 (1%-2% em termos reais) mas já representam 250 bilhões de euros, globalmente.

O segmento foi prejudicado recentemente pela queda relativa do poder de compra dos consumidores de vários países emergentes que tiveram moedas enfraquecidas em relação ao dólar.

"A desaceleração confirma a travessia para um 'novo normal' de crescimento mais baixo das vendas", diz o relatório da consultoria Bain & Company com os dados.

Acessórios continuam em 1º lugar entre os bens de luxo pessoais, com 30% do mercado e 3% de crescimento, seguidos por vestuário na vice-liderança.

O 3º lugar é do chamado "hard luxury", onde estão itens como joalheria (6% de crescimento) e relógios (6% de queda).

Os 5 países líderes em consumo de bens de luxo pessoais são, em ordem: Estados Unidos (€ 78,6 bilhões), Japão (€ 20,1 bilhões), China (€ 17,9 bilhões), Itália (€ 17,3 bilhões) e França (€ 17,1 bilhões).

10 cidades mais ricas

O Brooking Institution fez um ranking baseado no PIB per capita  das cidades mais ricas do mundo em 2015. Para chegar às 10 mais o Instituto mapeou as 300 maiores metrópoles do mundo utilizando como base os números no período 2013-2014. Confira: 
Zurique (Suíça): US$ 82.410 PIB per capita

Oslo (Noruega): US$ 82.040

San Jose (Estados Unidos): US$ 77.440

Hartford (Estados Unidos): US$ 76.510

Genebra (Suíça): US$ 74.580

Paris (França): US$ 70.760

Boston (Estados Unidos): US$ 70.390

Bridgeport (Estados Unidos): US$ 68.570

Washington DC (Estados Unidos): US$ 68.530

Seattle (Estados Unidos): US$ 67.840

10 países mais pobres

Nem todos somos supridos de nossas necessidades e muitos menos extravagâncias. Mal conhecemos ou sabemos desses lugares de fome, onde a miséria assola todo um continente esquecido, pois não acompanhou o crescimento de boa parte do Ocidente.

Serra Leoa - 81,5% de sua população atualmente vive na pobreza, com menos de US$ 1,25 por dia, e 52,3% são privados de água potável. 

Niger - Maioria de suas terras dominadas pelo deserto do Saara. Baixo nível de educação, terreno desértico, pobreza de seu povo, infraestrutura deficiente, saúde precária.

Eritréia - Sua economia é baseada na agricultura de subsistência, 80% da população vive da agricultura e pastoreio. PIB de R$ 700 per capita.

Republica Centro-Africana - PIB per capita de R$ 700.

Somália - Um dos países mais perigosos do mundo. PIB per capita de US$ 600.

Guiné Bissau - PIB per capita de US$ 600.

Libéria - PIB per capita de US$ 500.

Burundi - Alta taxa de corrupção. 80% da população vive na pobreza.

Chade - 80% da população vive abaixo da linha da pobreza

Zimbábue - Nação mais pobre do mundo. PIB per capita de US$ 200.

“O lado negro do chocolate”

Em setembro de 2015, foi apresentada uma ação judicial contra a Mars, a Nestlé e a Hershey alegando que elas estavam enganando os consumidores, que “sem querer” estavam financiando o negócio do trabalho escravo infantil do chocolate na África Ocidental.

Crianças entre os 11 e os 16 anos (por vezes até mais novas) são fechadas em plantações isoladas, onde trabalham de 80 a 100 horas por semana. O documentário “Escravidão: Uma Investigação Global” entrevistou crianças que foram libertadas, que contaram que frequentemente lhes davam murros e lhes batiam com cintos e chicotes.

Em 2001, a FDA queria aprovar uma legislação para a aplicação do selo “slave free” (sem trabalho escravo) nos rótulos das embalagens. Antes da legislação ser votada, a indústria do chocolate – incluindo a Nestlé, a Hershey e a Mars – usou o seu dinheiro para detê-la, prometendo acabar com o trabalho escravo infantil das suas empresas até 2005. Este prazo tem sido repetidamente adiado, sendo de momento a meta até 2020. Enquanto isto, o número de crianças que trabalham na indústria do cacau aumentou 51% entre 2009 e 2014, segundo um relatório de julho de 2015, da Universidade Tulane.

As 7 marcas de chocolate que utilizariam cacau proveniente de trabalho escravo infantil, são:

Hershey

Mars

Nestlé

ADM Cocoa

Godiva

Fowler’s Chocolate

Kraft

O clamor de Francisco

O Papa Francisco, em sua romaria pelos países, tem se mostrado um intransigente defensor dos direitos humanos, contra o capitalismo selvagem e o consumismo desenfreado. Em recente visita ao México, voltou a externar aos povos toda a indignação contra as injustiças sociais.

“Os direitos humanos são violados não só pelo terrorismo, a repressão, os assassinatos, mas também pela existência de condições de extrema pobreza e estruturas econômicas injustas, que originam as grandes desigualdades”.

TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.