Impressões — 19/12/2015

sábado, 19 de dezembro de 2015
Foto de capa

Fábula
Pavor – Os romanos fizeram dele uma divindade.
(Dicionário da Fábula – traduzido por Chompré – com argumentos tirados da história poética – Ed. Garnier – Paris)

Linha do tempo
“Ideias genéricas e uma grande presunção estão sempre em via de causar uma terrível desgraça.”
Johann Goethe

“Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade.”
Confúcio

Xô, 2015!

Custou mas chegou. Agora já não adianta reclamar nem querer que as coisas fiquem num mar de rosas. Durante 12 meses tivermos sustos, enfrentamos adversidades, lamentamos perdas e imaginamos que tudo ia melhorar. Afinal, o sobrenome do brasileiro é esperança, certo? Mas, como nem tudo costuma dar certo (eu, por exemplo, não consegui fazer um ponto sequer nos testes da Mega Sena nem acertar na dezena, centena ou milhar do jogo do bicho) o ano foi recheado de problemas do Oiapoque ao Chuí, passando, é claro, por Brasília. Mas, ufa!, sobrevivemos com algumas sequelas e conseguimos chegar ao fim de 2015.

Qual foi o pior acontecimento do ano? Os jornalistas adoram fazer retrospectivas, levantar desastres, listar os mortos famosos, expor fotos dramáticas. Vulcões, terremotos, tomadas de poder, guerras e atentados certamente irão fazer parte dos especiais de fim de ano. No nosso país de bananas e mutretas, maracutaias e mazelas, os problemas foram outros. Numa rápida olhada pelo visor encontramos crimes de colarinho branco, corrupção, inconformismo político e algumas e outras tragédias humanas. O saldo, infelizmente, foi negativo. Sentimos o gosto amargo da decepção, chegamos quase à depressão, mas ainda conservamos um brilho nos olhos. Ano que vem será melhor, acreditamos. E tocamos em frente, aguardando o verão, as férias, o carnaval. E depois, seja lá o que Deus quiser!

Inimigo público número 1
Polêmico, controverso, arrogante, autoritário e provavelmente mentiroso, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ganhou manchetes dos jornais e de quebra a ira dos deputados contrários à sua permanência na linha sucessória da Presidência da República. Se segurou como pôde no trono do parlamento, mas, ao que parece, tem os seus dias contados no Conselho de Ética. No ano que passa, foi o personagem preferido da ira dos políticos.

A praça foi do povo
O prefeito Rogério Cabral ganhou a ira dos friburguenses ao fazer uma trapalhada ambiental (e cultural) ao colocar abaixo os centenários eucaliptos da Praça Getúlio Vargas, irritando os defensores do patrimônio histórico municipal e, de resto, toda a comunidade acostumada ao sombreado de suas generosas árvores. A grita não foi ouvida no palácio do governo, que se manteve irredutível. Mas a natureza tem os seus caprichos e mostrou que pode superar as adversidades humanas com a força que Deus lhe deu. Hoje, dos troncos remanescentes, floresce uma nova vegetação, mais viçosa, colocando o bicho-homem no seu devido lugar. Mas a querida praça nunca será a mesma.

Sofrida Mariana
O rompimento de duas barragens da mineradora Samarco na cidade de Mariana (MG), no dia 5 de novembro, deixou um trágico saldo com a perda de 18 vidas, a destruição de mais de 130 residências com um mar de detritos que desceu pelo rio Doce, danificando, no total, uma área de cerca de 10 mil quilômetros quadrados até o litoral capixaba – área equivalente a mais de seis vezes o tamanho da cidade de São Paulo. Da tragédia podemos extrair duas conclusões: a negligência da Samarco e o desleixo do Ibama por não fazer a necessária fiscalização. Mas quem pagou o pato foi a população.

Dilma na balança
Pedaladas fiscais e verbas de campanhas obscuras são os dois ingredientes que levaram o país à maior crise política da história republicana, colocando em xeque o mandado da presidente Dilma Rousseff e, de resto, levou o Brasil ao estado de ingovernabilidade com severos prejuízos para a economia nacional. O assunto, infelizmente, retardou o desenvolvimento e mostrou a fragilidade do modelo político do país. O impeachment da mandatária ainda não saiu, mas já provocou estragos irreversíveis à nação e mostrou que as alianças políticas são cada vez mais frágeis.

Corrupção na berlinda
Durante todo o ano, a Operação Lava-Jato ocupou os espaços do noticiário nacional. A investigação realizada pela Polícia Federal começou em 17 de março de 2014, cumpriu mais de uma centena de mandados de busca e apreensão, prisões temporárias, preventivas e conduções coercitivas, tendo como objetivo apurar um esquema de lavagem de dinheiro suspeito de movimentar quantia superior a R$ 60 bilhões, sendo destes R$ 10 bilhões em propinas. Considerado pela Polícia Federal como a maior investigação de corrupção da história do País envolvendo empresários e políticos de diversos partidos, guindou o juiz Sergio Moro ao pódium das celebridades nacionais pelo rigor na condução do policialesco caso, que ainda não tem hora para terminar.

Fechando no vermelho
No apagar das luzes do ano, a agência de classificação de risco Fitch Ratings retirou o grau de investimento do Brasil, com rebaixamento da nota soberana do país. O grau de investimento é conferido a países considerados bons pagadores e seguros para investir. A nota do Brasil passou de BBB- para BB+. E colocou o Brasil em perspectiva negativa. Essa é a segunda agência de classificação de risco a retirar o grau de investimento do Brasil. Em setembro, a Standard&Poors reduziu o crédito do país de BBB- para BB- com perspectiva negativa. Quando duas agências retiram o grau de investimento, fundos estrangeiros têm que retirar recursos aplicados no país. Como se vê, sobrou mês no fim do dinheiro, como também acontece com a massa trabalhadora brasileira.

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