Impressões – 09/05/2015

sábado, 09 de maio de 2015

Poemas, palavras e frases

Falada por milhões de pessoas em todos os continentes, a língua portuguesa é uma das mais belas do mundo, sendo natural que dela tenha nascido os mais belos poemas sublimes. Como, por exemplo: 

O Monstrengo
Fernando Pessoa

O monstrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
A roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:
«El-Rei D. João Segundo!»
«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso.
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»
E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-Rei D. João Segundo!»
Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»
Fernando Pessoa, Mensagem, 1934

Mar Português
Fernando Pessoa

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Linha do Tempo

A leitura é uma fonte inesgotável de prazer mas por incrível que pareça, a quase totalidade, não sente esta sede.
(Carlos Drummond de Andrade)
 
Quem ama, educa.
(Içami Tiba) 
 
A poesia não se entrega a quem a define.
 (Mario Quintana)

Guarda estes versos que escrevi chorando como um alívio a minha saudade, como um dever do meu amor; e quando houver em ti um eco de saudade, beija estes versos que escrevi chorando. 
(Machado de Assis)

“Um país se faz com homens e livros.”
(Monteiro Lobato)
 
“Meu primeiro livro foi o mapa do Brasil.”

(Heitor Villa-Lobos)
(Em memória a Maria Margarida Liguori) 

Fábula

Graças – Filhas de Júpiter e de Vênus. Eram três, a saber: Eufrosina, Tália e Aglaia. Venus as traziam sempre em sua companhia. Representam-se ordinariamente com semblante risonho e as mãos dadas umas às outras. Também as fazem companheiras das Musas e de Mercúrio.

(Dicionário da Fábula – traduzido de Chompré – com argumentos tirados da história poética
- Ed. Garnier – Paris)

As sete palavras mais bonitas da língua portuguesa

SAUDADE
ESPERANÇA
LIBERDADE
ENCANTO
EPIFANIA
ALUMBRAMENTO
MELANCOLIA

Amor é fogo que arde sem se ver
Luís de Camões

Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor? 

Língua portuguesa
Olavo Bilac

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
em que da voz materna ouvi: “meu filho!”,
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

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