Impressões — 03/10/2015

sexta-feira, 02 de outubro de 2015

FÁBULA

Sorte – divindade alegórica, confunde-se com o destino e a fortuna

(Dicionário da Fábula – traduzido por Chompré – com argumentos tirados da história poética- Ed.Garnier – Paris)

LINHA DO TEMPO

Homens fracos acreditam na sorte. Homens fortes acreditam em causa e efeito.

Ralph Waldo Emerson

Tente a sua sorte! A vida é feita de oportunidades. O homem que vai mais longe é quase sempre aquele que tem coragem de arriscar.

Dale Carnegie

Bicho na boca do povo

É, meu amigo, a cobra vai fumar. Deu zebra nas contas do governo e o povão vai pagar o pato. Mas, cobra que não anda não engole sapo e o jeito, como diz o ditado, é se virar, porque a necessidade faz o sapo pular. Vamos precisar de estômago de avestruz para agüentar o rojão.

As expressões populares existem em todos os países, em todas as regiões, em todas as culturas. É o jeito que o povo tem de criar e se expressar com imaginação as diversas situações do dia a dia. No Brasil, expressões que envolvem os animais formam um conjunto curioso que fazem parte do nosso linguajar em todas as classes sociais. Vamos conhecer o significado de algumas. Afinal, devemos estar sintonizados com a “vox populi” porque jacaré que não anda vira bolsa de madame.

Lobo em pele de cordeiro - utilizada para caracterizar uma pessoa que aparenta ter boa índole, mas na realidade é má, perversa ou desonesta.

Memória de elefante - utilizada para se referir às pessoas que possuem uma boa memória, que não esquecem das coisas facilmente

Estômago de avestruz - definir pessoa que consegue e gosta de comer bastante, além de não ter muitas restrições sobre o que come.

Lágrimas de crocodilo - utilizada no sentido de “choro fingido”, ou seja, alguém que finge estar chorando

Abraço de tamanduá - abraço ou cumprimento de uma pessoa falsa, ou seja, que deseja o mal para a pessoa que cumprimentou. 

Pagar o pato - utilizada no sentido de "levar a culpa por algo" ou arcar com as consequências de determinada situação provocada por outra pessoa. 

Acertar na mosca  - significa "acertar em cheio" ou adivinhar e acertar alguma coisa na primeira tentativa.  

Pensar na morte da bezerra - utilizada quando alguém aparenta estar distraído, introspectivo, alheio a tudo e muito pensativo

Elefante branco - para classificar algo valioso ou que custou muito dinheiro, mas que não possui utilidade ou importância prática

Boca de siri - utilizada quando alguém se compromete em manter segredo sobre determinado assunto, fechando a boca e não contando para ninguém.

Cavalo paraguaio - usada para designar os times de futebol que iniciam um campeonato com excelente atuação e, no decorrer dos jogos, são superados pelos outros times. 

Cabeça de bagre - significa "bobo", "tolo", "idiota". 

Cair do cavalo - significa se dar mal em alguma atividade, quando se tinha certeza de bons resultados. 

Cabra da peste - significa homem valente, corajoso, batalhador.

Balaio de Gato - significa confusão, encrenca, situação difícil, embaraço ou desordem. 

A cobra vai fumar - algo difícil de ser realizado, e se acontecer, sérios problemas podem surgir. 

Fazer uma vaquinha - significa juntar dinheiro com a ajuda de várias pessoas com a intenção de atingir um determinado objetivo ou comprar alguma...

Pentear macaco - significa "vai cuidar da tua vida", "não amola", "cai fora",

Conversa para boi dormir -  lero-lero, desculpa esfarrapada ou mentira contada com a intenção de enganar alguém. 

Bafo de onça - significa mau hálito. Usada para descrever o cheiro repugnante vindo da boca de uma pessoa seja por falta de higiene ou pelo efeito do álcool. 

Canto do cisne - serve para descrever um gesto ou esforço final, num desempenho dado pouco antes da morte de um indivíduo. 

Olhos de lince - para descrever alguém que tem uma visão acima da média, muito boa. Elogio à capacidade visual de uma pessoa: 

Cada macaco no seu galho - significa que cada pessoa deve preocupar-se apenas com aquilo que lhe diz respeito

Amigo da onça -  indivíduo que se mostra amigo, e ao mesmo tempo, é alguém que não se pode confiar, que trai as amizades, infiel

Ovelha negra - pessoa que é diferente das outras, está fora dos padrões considerados normais pela sociedade.

Jogo do bicho

O jogo do bicho é uma bolsa ilegal de apostas em números que representam animais. Foi inventado em 1892 pelo barão João Batista Viana Drummond, fundador do Jardim Zoológico do Rio de Janeiro, em Vila Isabel, no Rio de Janeiro.

A fase de intensa especulação financeira e jogatina na bolsa de valores nos primeiros anos da república brasileira imprimiu grave crise ao comércio. Para estimular as vendas, os comerciantes instituíram sorteios de brindes. Assim é que, querendo aumentar a frequência popular ao zoológico, o barão decidiu estipular um prêmio em dinheiro ao portador do bilhete de entrada que tivesse a figura do animal do dia, o qual era escolhido entre os 25 animais do zoológico e passava o dia inteiro encoberto com um pano.

 O pano somente era retirado no final do dia, revelando o animal do dia. Posteriormente, os animais foram associados a séries numéricas da loteria e o jogo passou a ser praticado largamente fora do zoológico, a ponto de transformar a capital da república (de 1889 a 1960) na "capital do jogo do bicho".

Atualmente, o jogo do bicho continua a ser praticado em larga escala nas ruas das principais cidades do Brasil, embora seja considerado uma contravenção pela legislação penal brasileira.

Já no seu lançamento, o jogo do bicho foi capaz de ter o sucesso esperado pelo Barão, e foi imensamente celebrado pela imprensa carioca, como mostra este trecho de uma reportagem publicada pelo Jornal do Brasil à época:

"A empresa do Jardim Zoológico realizou ontem um magnífico passeio campestre ao seu importante estabelecimento, situado no pitoresco bairro de Vila Isabel.

Em bondes especiais dirigiram-se os convidados e representantes da imprensa àquele local e depois de visitarem o hotel, que se acha nas melhores condições, os jardins, as gaiolas em que se acham os animais e aves, tomaram parte em um lauto jantar, em mesa de mais de 60 talheres, presidida pelo digno diretor daquela empresa, o sr. barão de Drummond.

O primeiro brinde foi levantado pelo sr. Sérgio Ferreira ao sr. barão de Drummond, que em seguida com toda a gentileza brindou à imprensa, sendo correspondido pelo nosso representante. Trocaram-se ainda outros brindes, sendo o último ao sr. vice presidente da República.

Como meio de estabelecer a concorrência pública, tornando freqüentado e conhecido aquele estabelecimento que faz honra ao seu fundador, a empresa organizou um prêmio diário que consiste em tirar à sorte dentre 25 animais do Jardim Zoológico o nome de um, que será encerrado em uma caixa de madeira às 7 horas da manhã e aberto às 5 horas da tarde, para ser exposto ao público. Cada portador de entrada com bilhete que tiver o animal figurado tem o prêmio de 20$. Realizou-se ontem o primeiro sorteio, recaindo o prêmio no Avestruz, que deu uma recheada poule de 460$000.

A empresa tem em construção um grande salão especial para concertos, bailes públicos, e vai estabelecer no jardim jogos infantis e outros diversos para o público.

Às 9 horas voltaram os convidados, pessoas de alta distinção, penhorados todos à gentileza do sr. barão de Drummond e seus dignos auxiliares. Foi uma festa esplêndida."

TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.