Apertem os cintos, o motorista vai sumir

sábado, 02 de setembro de 2017

Vimos em nosso encontro mais recente que o futuro dos veículos de pequeno porte – carros e motos, mais especificamente – está definitivamente atrelado às chamadas energias limpas (ainda que essa seja uma definição bastante questionável), em especial a elétrica. Esta é certamente uma mudança radical, que terá fortes impactos sobre a economia e o meio ambiente ao longo deste século. Mas não é a única a envolver veículos de locomoção individual. Assim como os motores à combustão, os próprios motoristas em breve devem se tornar dispensáveis.

A exemplo do que ocorre em relação aos motores elétricos ou a hidrogênio, a tecnologia necessária à utilização de carros sem motorista já existe, embora ainda precise ser difundida e aperfeiçoada. As duas frentes de trabalho, todavia, têm se desenvolvido com velocidade impressionante. De acordo com relatórios disponibilizados pelo departamento de trânsito da Califórnia, a média de intervenções humanas que se fizeram necessárias durante os testes realizados com veículos autônomos caiu 66% de 2015 para 2016.

Levando-se em consideração que este objetivo eleva a interação entre mecânica e informática a patamares completamente novos, não chega a surpreender que a empresa com melhores resultados até o momento seja a Waymo, integrante do grupo Alphabet, que também é dono do Google. No ano passado, seu veículo de testes rodou em média 8.252 quilômetros para cada intervenção humana sofrida. Em segundo lugar nesta lista aparece a BMW, com 1.026km a cada intervenção, e em terceiro a Nissan, com 397km. Cabe ressaltar, no entanto, que por mais atuais que sejam estes números, eles certamente já se encontram defasados.

Na prática, isso significa dizer que os melhores sistemas já superam, e muito, o índice de eficiência do motorista médio, com a “vantagem” de não estarem suscetíveis a estímulos emocionais, distrações ou sono. Mas, é importante que se diga, eles ainda não se equiparam ao discernimento dos melhores motoristas, nem tampouco alcançaram o patamar livre de falhas que se espera de um aparato que irá lidar diariamente com quantidade incontável de vidas.

Outro grande interessado no mercado de carros autônomos é o Uber, por razões óbvias. Afinal, para que dividir os lucros com motoristas se você pode oferecer o pacote completo e centralizar a operação? Pois bem, a empresa chegou mesmo a oferecer seus serviços em carros sem condutor, numa experiência iniciada em setembro de 2016 na cidade de Pittsburgh, na Pensilvânia. Todavia, um acidente registrado em março deste ano na cidade de Tempe, Arizona, interrompeu a operação com carros autônomos por tempo indeterminado.

A rigor, a disputa entre Google e Uber já chegou aos tribunais, com a primeira acusando a segunda de ter se apropriado indevidamente de diversas informações obtidas por seus departamentos de pesquisa. De forma geral, contudo, o mais importante é olhar para o futuro e perceber que estamos diante de uma tendência que parece irreversível. A Ford, por exemplo, trabalha com a meta de oferecer carros autônomos a preços competitivos já em 2025.

Carros elétricos e sem motorista... Parece irreal? Pois não deixem de conferir em nossa próxima coluna mais um aspecto do que vem por aí, nesta fase de mudanças fundamentais que estão redefinindo o automóvel como o conhecemos.

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