Um circo chamado Brasil

quinta-feira, 12 de maio de 2016

O presidente da Câmara dos Deputados, que tem cara de Tiririca, mas não é na verdade nem Tiririca nem presidente da Câmara de verdade, cancelou o cancelamento que tinha feito do impeachment que ainda não aconteceu. Isso, por si só, resumiria a comédia pastelão chamada Brasil. Mas a coisa sempre pode piorar, contrariando o que diz Waldir Maranhão, digo, Tiririca.

Dizem que o Cunha está por trás do Maranhão. Dizem que o governo está por trás da anulação e dizem que o Temer está por trás do cancelamento. Mas a única coisa certa é que o Moro está atrás de todos eles.

O pobre Charles De Gaulle, a quem se atribui erroneamente a autoria da célebre frase "O Brasil não é um país sério", vivo fosse, faria questão de assumir a autoria da frase.

A verdade é que o Brasil não é sério. A Câmara dos Deputados não é séria. O Senado não é sério. O governo não é sério. A oposição não é séria. Nem o impeachment, que deveria ser traumático, é sério. A única coisa séria nesta história toda é a crise. E a roubalheira. E a falta de vergonha na cara dos políticos. E a impunidade. E a inflação. E o desemprego. Bom... já tem bastante coisa séria então. Vou repensar a minha tese.

Ainda bem que para boa parte da população seriedade é bobagem. O importante é que temos futebol, cachaça, mulheres bonitas, tocha olímpica e, claro, música. Enquanto Dilma vai cantando Simone embaixo do chuveiro, "O que será o amanhã? Como vai ser o meu destino?", o país inteiro responde com outra melodia "Eu não posso ficar nem mais um minuto com você..."

E é assim, caminhando e cantando e seguindo a canção, que somos todos otários, petistas ou não... porque a história que nos oferecem mais parece uma novela mexicana, daquelas de maquiagem carregada e drama idem, faltando pouco para descobrirmos no fim de tudo que o Delcídio é apenas mais uma interpretação magistral do Antônio Fagundes, o Cerveró é um filho bastardo do Lewandowski e que Lula, na verdade, é o hipnólogo uruguaio Fábio Puentes, o que, aliás, explica o encantamento de tantos seguidores, porque só quem é capaz de comer cebola pensando que é maçã consegue acreditar que Lula não sabia de nada o tempo todo.

Nós não sabemos quem nos governará amanhã. A bem da verdade, também não sabemos quem nos governa hoje, então não mudará muito. Também não sabemos se o país dará um salto para o futuro ou um salto no abismo, porque, convenhamos, trocar o PT pelo PMDB é fingir que há mudança, porque na verdade só mudarão as moscas. E ainda vem a tiracolo uma tal "ponte para o futuro" do PMDB, que mais parece a ponte do rio que cai, antiga brincadeira de TV em que apenas um atravessava e todos os demais despencavam.  Na nossa história, o um que atravessa é o governo. Os demais que caem seremos nós. Sem dúvida.

Ah! Este circo chamado Brasil... tem picadeiro, que é Brasília... tem ilusionistas, que são os políticos... tem mágicos, que são os ministros que fazem desaparecer o dinheiro público bem debaixo dos nossos olhos... tem malabaristas, que são os técnicos do governo que se desdobram para equilibrar contas furadas e cofres arrombados... e tem até palhaços, que... bem, adivinha quem somos?

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Alzimar Andrade

Alzimar Andrade

Alzimar Andrade é Analista Judiciário do Tribunal de Justiça, Diretor Geral do Sind-Justiça e escreve todas as quintas-feiras sobre tudo aquilo que envolve a justiça e a injustiça, nos tribunais e na vida...

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