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O direito de ir e só...
A Constituição criou um direito que é tão direito que não há como errar:
Ir e vir, locomover-se, chegar e sair, partir ou ficar
Aí o sistema gerou eleitores que geram políticos que são de dar dó
Corrupção e incompetência acabaram com o ir e vir, trocado pelo ir e só...
Não bastasse a vida, por si mesma, gerar idas e vindas eternas, incessantes
De paixões interrompidas, de ódios que tiram vidas, de amores e amantes
O destino presente ainda dá de presente a quem se apresente, e nem sente,
Só o direito de ir, porque voltar não depende mais somente da gente
E o Rio de Janeiro, vanguarda em tudo, música, poesia, samba e vivência
Não fica atrás quando a disputa se faz em torno da violência
Aí menores "vítimas", militares "justiceiros" e uma justiça ferida de morte
Só permitem voltar de qualquer lugar o sujeito que tem sorte
Quem erra de rua neste país de bandidos, seja a hora que for,
Só conta com Deus, dando adeus aos amigos que se preparam pra dor
Como é possível num Estado de Direito, com tanto direito na Constituição
A sociedade aceitar que uma vida se perca só porque alguém errou a direção
Terra de bandidos, palco de omissos, de Estado incompetente,
Velórios infinitos, ir e vir proibido, matança de inocentes
Enquanto isso o político que nada faz e ainda piora com a sua apatia
Se agarra a palcos, púlpitos, TV e microfones pra disparar a verborragia
Prometendo que, se reeleito for, fará algo finalmente
Como se o tempo que lá está fazendo nada, e com sucesso, não fosse suficiente
Tarde demais... mais vidas se foram, mais enterros, mais sofrimento
Mais dor, mais choro, mais desespero... mais linchamento?
E os que restaram vivos, ainda mais acuados, entre grade e tranca
Repensam a vida e relembram, nostalgia, como era bom ser criança
Num tempo em que quando se brincava de bandido e policial
Todos achavam que ser polícia é que era legal
Hoje criança brinca de verdade com faca e fuzil
E a sociedade só pensa na idade e esquece o Brasil!
Pobre Brasil...
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Alzimar Andrade
Alzimar Andrade
Alzimar Andrade é Analista Judiciário do Tribunal de Justiça, Diretor Geral do Sind-Justiça e escreve todas as quintas-feiras sobre tudo aquilo que envolve a justiça e a injustiça, nos tribunais e na vida...
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