Eu preciso te falar... te encontrar de qualquer jeito...

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Na voz do inesquecível Tim Maia, a música "Um dia de domingo", que começa com a frase que dá título a esta crônica, embalou corações e marcou gerações, estendendo-se até hoje o poder de sedução de uma canção que emociona.

Eu me lembrei do título acima porque eu realmente preciso te falar. E te encontrar de qualquer jeito. Mas não é para falar sobre o coração. Ou é, mas no sentido literal da coisa. Explico. Tenho duas notícias para você.

A primeira, boa, é que na famosa e já folclórica "crise" do Rio de Janeiro, o governador Pezão decidiu trocar o chororô e os sorrisos sem sentido de suas entrevistas por atitude (alvíssaras!) e anunciou que vai efetuar cortes no orçamento.

 A segunda notícia, ruim, péssima, vexatória e criminosa, é que ele vai cortar investimentos (adivinha?) logo na saúde. E não é bobagem não. Estou falando de um corte de pouco mais de R$ 1 bilhão na saúde, que agonizou o ano de 2015 inteiro, justamente por falta de verbas.

Não. Não é piada. Se for, é do governo e é de mau gosto. Mas ficam sem respostas algumas perguntas:

1) Se há de fato uma crise real, além da "crise" fabricada pelo governo para aprovar a CPMF, em vez de atrasar o pagamento de servidores, fechar hospitais, cortar merenda, encerrar as atividades da FIA (Fundação para a Infância e Adolescência) e do Disque-Denúncia e agora cortar R$ 1 bilhão da saúde, entre outros absurdos, por que o governo não corta os 15 mil cargos comissionados do Poder Executivo, em sua maioria de apadrinhados sem concurso, indicados por políticos da base aliada, que custam centenas de milhões de reais?

2) Por que o governo não corta a absurda frota de carros oficiais do estado, onde qualquer sub vice de alguma coisa tem direito a carro com motorista e cota de combustível?

3) Por que o governo não corta o gasto de R$ 150 milhões com propaganda, previsto para 2016, já que ele já torrou, só nos últimos dez anos, R$ 1,5 bilhão com publicidade?

4) Por que ele não corta a milionária reforma de 2,5 milhões da piscina do governador?

5) Por que o governo não corta parte dos R$ 10 bilhões que vai gastar com as olimpíadas se o estado não tem dinheiro sequer para a saúde, que, em minha opinião, respeito a do Pezão, deveria ser mais importante?

6) Por que não corta a concessão de R$ 7 bilhões em isenções fiscais para empresas que já são milionárias?

7) Por que o governo gastou R$ 500 milhões em aluguéis de carros, que custariam, se comprados, R$ 57 milhões, quase dez vezes menos?

8) Por que não corta no dinheiro pago às empreiteiras, única categoria que não vê crise neste estado, já que não há registro de atrasos para os donos de empreiteiras?

9) Por que não efetua cortes mais decentes e que não prejudicariam a população?

10) E da série "perguntar não ofende": Se em 2015, com esse R$ 1 bilhão a mais, a saúde do morador do estado ficou entregue às moscas (na verdade, às moscas e aos ratos, literais e figurados), como ficará a população em 2016, com o corte de R$ 1 bilhão num orçamento que já era insuficiente antes?

Bem... isso era o que eu queria te contar. E preciso te encontrar, de qualquer jeito, no dia 3 de fevereiro, quarta-feira que vem, às 15h, em frente à Alerj, para que a população do Rio diga ao governo que não quer corte na saúde, que quer educação e segurança de qualidade e que troca o velódromo das olimpíadas, a piscina do governador, a frota de carros oficiais e o dinheiro gasto com 15 mil comissionados  por hospitais e escolas. E, com o troco, ainda dá para comprar medicamentos suficientes para uma geração inteira e pagar aos servidores em dia, como manda a Constituição.  

 Dia 3 de fevereiro, às 15h, em frente à Alerj. Dia em que a população vai dizer "basta!" a essa bagunça em que se transformou o estado do Rio.

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Alzimar Andrade

Alzimar Andrade

Alzimar Andrade é Analista Judiciário do Tribunal de Justiça, Diretor Geral do Sind-Justiça e escreve todas as quintas-feiras sobre tudo aquilo que envolve a justiça e a injustiça, nos tribunais e na vida...

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