Leitores - 25/09/2014

quarta-feira, 24 de setembro de 2014
Uma brincadeira perigosa Dizer que o trânsito de nossa cidade é complicado é chover no molhado; falar que temos que ter paciência quando na direção é também outra balela que ninguém cumpre; dizer ainda para respeitar o pedestre na faixa, estamos melhorando, mas agora apareceu — ou eu comecei a notar com mais frequência — uma brincadeira, um modo de dirigir, ou seja, mais um desrespeito perigoso ao código de trânsito: a graça agora é PERSEGUIR VEÍCULOS COM PRIORIDADE DE PASSAGEM. Podem estar certos, se não houver uma repressão rápida e pontual por parte das autoridades, nessa grave transgressão ao art. 190 e por tabela ao 192 do CTB, dentro em breve vamos lamentar alguns acidentes de saldos desagradáveis e irreparáveis.  Já não é a primeira vez que estando numa via com transito lento, ao se aproximarem esses veículos, que certamente deverão estão a trabalho, eles estão comboiando uma gama de "espertos”, motos ou mesmo veículos agarrados na sua traseira. Você respeitador das leis e cidadão dá a passagem, quando vai retomar o seu lugar na via se vê imprensado por esses inconsequentes, seja em faixa de pedestres, frente de escola, igrejas, onde for. Podem ter a certeza de que isso vai infelizmente acabar mal e com dolorosas lamúrias. Não adianta explicar, dizer que foi a primeira vez, que tinha pressa, todo mundo tem, pois que dano que for causado é consequência de risco calculado, o infrator teve o discernimento de que iria produzir o acidente. O infrator ao perseguir um veículo com prioridade sabe ao que ele está se metendo, se ocasionar um acidente, com perda de uma vida não podemos aceitar a ação ser qualificada de causa culposa. Sou de opinião que os artigos 302 e 303 do CTB têm que ser alterados, contemplando nestes casos concretos a ação nefasta, com a palavra dolosa. Celso Novaes Eu vou de bike Parabéns pela matéria "Eu vou de bike e você?’’, projeto idealizado por nós mas com objetivo comum a todos os cidadãos friburguenses. O jornal A Voz da Serra entendeu a importância de estarmos juntos nessa jornada, visando a melhoria da nossa qualidade de vida. Ernani Amaral Garcia  Cadê você? Cadê você? Você, que foi para as ruas pedir mudanças? Você, que gritou por Amarildo e reclamou da truculência da polícia? Você, que protestou contra a manipulação da Globo? Você, que se indignou com os gastos da Copa? Você, que reivindicou por melhorias na saúde e educação? Você que botou adesivo no carro apoiando a luta dos bombeiros e professores? Você, que testemunhou o desvio das verbas nas obras de reconstrução da Região Serrana? Onde está você, agora? Votando em quem? Ah, vai votar nessa pessoa pra não entrar aquela? Já no 1º turno? Vai fazer assim de novo? Deu certo da última vez? Deu certo alguma vez? Você conhece suas propostas? Conhece as diretrizes do seu partido? Sabe de onde veio o vultoso dinheiro de sua campanha? Acha realmente que essa pessoa e seu partido estão compromissados com as mudanças que você apaixonadamente reivindicou nas ruas há poucos meses? Afinal, quem mudou? O Brasil ou os brasileiros? Serão, de fato, os políticos todos iguais? Não seriam talvez os eleitores? E depois? Vamos para a rua novamente? Te encontro lá? Pois, é! Cadê você? Que pede o chicote para depois reclamar da chicotada?  Eduardo Ramos Jr.    OPINIÃO DOS LEITORES  Uma sociedade desprovida de identidade?  Dentre as muitas carências que o povo friburguense possui, indubitavelmente, uma delas é a de identidade. Nas últimas décadas, Nova Friburgo tentou ser diferentes cidades para turistas e residentes; e o que se percebe é que, até agora, nenhum padrão foi estabelecido. Seria Nova Friburgo um fiasco como vendedora de si própria?  Caso realizássemos uma alusão, comparando Nova Friburgo a uma empresa, em que os friburguenses seriam os funcionários e administradores, e os povos de outras cidades os nossos clientes, provavelmente concluiríamos que a empresa Nova Friburgo seria um fiasco como vendedor, mas também como administrador.  A empresa Nova Friburgo seria administrada seguindo as tendências precedentes à II Guerra Mundial, quando as barreiras entre administradores e operários, tanto em participação quanto em aspectos sociais, eram grotescas. Além de caótico processo produtivo nessa empresa, Nova Friburgo se encontraria em uma entediante ilusão, pois estaria colhendo resultados inexpressivos, crendo que em um futuro próximo o negócio fluirá.  A reflexão realizada neste artigo é resultado de percepções que venho tendo como residente e, simultaneamente, como turista de Nova Friburgo. E a conclusão a qual cheguei é que a melhor solução para Nova Friburgo como lugar para se viver e para se visitar é primeiramente governar para os friburguenses, para depois considerar a cidade em seu aspecto turístico. Essa conclusão pode até parecer óbvia, mas vejamos a linha de pensamento no parágrafo abaixo.  Como uma cidade pôde querer vender uma mentira? Será que nossos turistas chegaram a encontrar algum vestígio de Suíça Brasileira na Serra do Rio nos últimos, vejamos, 30 anos? Vendedor bom é aquele que é honesto, e a "empresa” Campos do Jordão soube fazer isso. Tanto é verdade que foi oficialmente reconhecida como Suíça Brasileira, denominação que Friburgo, legalmente, não pode mais utilizar. Campos do Jordão pode ser a Suíça Brasileira porque lá habitantes e turistas vivenciam infraestrutura e costumes que, para parâmetros brasileiros, fazem lembrar a qualidade de excelência dos suíços. Por isso podemos entender que, turisticamente falando, para se vender algo, primeiro precisa ser.  Portanto, o que falar sobre "A Capital da Moda Íntima”? Outro fiasco! E o motivo? Quem nunca parou para perceber que calcinha se produz em qualquer lugar do mundo, principalmente na China? Quando vamos ao Rio Grande do Sul, é mais do que plausível trazermos uma garrafa de vinho da Serra Gaúcha para presentearmos nossos entes queridos. Afinal, além de um bom vinho não se produzir em qualquer lugar, a produção vinícola é uma tradição de Caxias do Sul desde 1929. O vinho de lá possui um valor sentimental, diferentemente de peças de moda íntima. Acharia um bom presente trazer da Bolívia um casaco de lã, mas calcinha de Nova Friburgo? Sério? Definitivamente não é a saída para o turismo!  Recentemente, assisti a uma apresentação de projeto turístico do Vereador Pierre, de quem por sinal tive o prazer de ser aluno, e durante os comentários de vereadores, empresários e representantes de associações ligadas ao turismo percebi por diversas vezes pronunciamentos convictos do tipo: "O povo friburguense precisa ‘comprar’ esse projeto”... Pois aqui vai o pronunciamento do mero graduando em gestão de turismo que vos fala: uma pessoa não compra o que não conhece, e a melhor forma até hoje inventada de se vender é deixar o comprador experimentar o produto, participar de sua construção. Projetos turísticos só terão sucesso quando nosso povo for consultado e se tornar participativo em projetos, programas e produtos. Por quê? Simplesmente porque o turista quer, antes de olhar para um edifício histórico, ver como o povo daquela cidade viveu e vive no mesmo. Ao turista encanta o diferente, e o "diferente essencial” é o que pulsa, o que respira, com quem ele se informa, se diverte, aprende, ensina e ajuda.  E como nossa cidade precisa urgentemente de uma solução, deixarei a minha. Primeiramente, devemos encontrar a identidade, que tanto queremos adotar e promover, dentro dos friburguenses. Isso só será possível quando nosso povo voltar a ter o amor por Nova Friburgo despertado. Dizem que para uma pessoa ser considerada "um bom friburguense” ela deve conhecer profundamente a história e os lugares de sua cidade. Pergunto: a culpa é do friburguense de não conhecer a própria cidade?  Há constrangimento maior para um povo que deseja ser hospitaleiro ser consultado e não saber ajudar ao turista? Será que muitos friburguenses saberiam informar a um turista a história da mansão de Galdino do Valle? Provavelmente muitos sequer sabem que mansão é aquela, localizada no coração da cidade, próxima à SEF. Mas o friburguense não deve se culpar, pois a culpa realmente não é dele.  Quando a cidade começar a entender que o friburguense é o seu maior produto e que ele pode ser também o seu maior comprador, iremos para frente. Nós podemos, sim, sermos turistas em nossa própria cidade. Um fim de semana diferente hospedados em Lumiar, um feriado acampados em Três Picos, um passeio romântico pelo Centro e terminando a noite em bares e restaurantes de Mury ou Cônego.  O turista que viria para Nova Friburgo gostaria de vivenciar isso. Chegar a um bar e encontrar friburguenses, com quem se relacionarão de diferentes formas. Mas para Friburgo ser turística, nossos domingos, por exemplo, não podem ser mais "fantasmas”. Nem só de eventos se faz uma cidade turística. Os empreendimentos precisam estar sintonizados entre si, principalmente no que se diz respeito à vida noturna.  É preciso haver um programa de mobilização social em Nova Friburgo, unindo os setores público e privado — neste destaco a mídia — para concentrarmos ações em nosso melhor produto: o friburguense. Através da internet, da televisão, do rádio e dos impressos podemos instigar nossos habitantes a conhecerem a cidade. E quando finalmente o friburguense encontrar opções de lazer que o satisfaça, poderemos começar a olhar para nosso povo como um produto transparente e singular. Estaríamos nos conhecendo um ao outro, nos estudando, nos unindo, nos ajudando. Preparar a cidade para o friburguense seria a melhor maneira de se pensar em turismo para Nova Friburgo. Este seria, a meu ver, apenas o início da construção e organização de Nova Friburgo como uma cidade turística e de uma identidade condizente à sua realidade. E respondendo à pergunta-título deste artigo, não, nossa sociedade não é desprovida de identidade. Nossa identidade é apenas irreconhecível para os stakeholders do turismo em Nova Friburgo!  Mathews Puga
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