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Leitores - 21/05/2014
quarta-feira, 21 de maio de 2014
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Adeus, Ricardinho
O temido time do Colégio Santo Inácio, no Rio de Janeiro, desembarcou em Nova Friburgo, mais precisamente em frente às palmeiras imperiais do Colégio Anchieta, com fama de imbatível. Os alunos eram grandes, cabeludos e vários com barba. O ano era 1974. No campo dos Apostólicos, onde os internos faziam o tapete na Semana Santa, os cariocas tinham um certo olhar de desdém, de superioridade sobre nós. Anchieta x Santo Inácio, um clássico santo que soltava faíscas. E muita história boa para contar. Os friburguenses tinham um menino atarracado, bigode adolescente, cabelos pretos lisos num corte ‘Príncipe Danilo’. Era o camisa 10. Em campo, com a bola nos pés, era um rei. Pouco falava, muito jogava. Ele e a bola, sempre juntos, trocando ideias, afáveis um com outro. Um caso de amor.
Ricardo Herdy, ou Ricardinho, ou ainda Herdy, levantou poeira naquele campo de terra batida. Não fez chover - fez o céu ficar azul e o sol brilhar sobre as almas de todos os anchietanos. Na bola do jogo, driblou cinco adversários em fila indiana - três deles ficaram caídos, o tempo não me fez esquecer desse detalhe. Entrou na área, ignorou o goleiro e obrigou a bola a beijar as redes. Soco no ar, sorriso branco escancarado, um gol inesquecível.
– Esse menino é endiabrado! – gritou alguém atrás do gol, para ser imediata e duramente repreendido pelo padre Rodrigues, que ali estava com a bíblia e o terço nas mãos, mas os olhos voltados para a peleja.
– Não diga isso – repreendeu em tom feroz, como era seu estilo. E arrematou para o aluno-torcedor que soltara a voz de entusiasmo: – Esse menino é endeusado, isso sim. O que fez foi obra de Deus, e não do diabo.
Ricardinho morreu domingo, dia clássico do futebol. Deixou uma legião de órfãos em Nova Friburgo - amigos de escola e bola, torcedores, admiradores. Por onde passou - na Fundação Getúlio Vargas, no Friburgo Futebol Clube ou nas ruas da Conselheiro Paulino em que foi criado - pintou como artistas jogadas geniais com a bola nos pés. O mundo, torto às vezes, o tirou dos gramados. Não quis o destino que fizesse carreira no Botafogo, do Rio, nem no Internacional, de Porto Alegre, onde teve passagens rápidas.
Enfim, o jogo acabou. A bola escapou dos pés de Ricardinho e saiu pela linha de fundo da vida. Mas a vitória é nossa, de todos aqueles que o conheceram e o admiraram tanto. Ele, que tantos adversários driblou, deixa o campo da Terra e vai jogar um bolão no time lá de cima. Camisa 10 para ele, senhor Deus.
Obrigado, Ricardinho.
Giovanni Pinto de Faria é jornalista, friburguense e primo de Ricardo Herdy
Doação de livros
Prezado Senhor Fernand, se o senhor desejar, poderá fazer sua doação de livros para a Sala de Leitura do Colégio Municipal Rui Barbosa, situado à Avenida Roberto Silveira 3650, em Conselheiro Paulino (pertinho da Wermar).
Nós ficaremos muito agradecidos e felizes com os novos livros. Telefone do Colégio: 2527 7279
Prof.ª Ana Lidia
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Prêmio de Cultura do Estado
"Parabéns Família Clou!” (Marcelle Nader, na capa da edição de 20/05/14)
O que falta?
"Falta planejamento, capacidade e respeito por Nova Friburgo e o povo friburguense, concordam?” (Sirlete Sinder Rodriguez, sobre a matéria "Fiação subterrânea: muitos benefícios, mas a custo elevado”, edição de 16 a 19/05/14)
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