Sobre o programa Mais Médicos

sábado, 07 de setembro de 2013

Entidades de médicos têm criticado a importação de profissionais de saúde estrangeiros para trabalhar no interior do país.

Por sua vez, o Ministério da Saúde afirma que, a curto prazo, não há outra forma de levar assistência a regiões em que não existe médico.

Sindicatos e conselhos de médicos dizem que adianta pouco levar um profissional para locais em que não há um mínimo de infraestrutura.

Defensores do programa Mais Médicos lembram que, em que pese a precariedade

das condições de trabalho, é melhor que haja um médico, mesmo que apenas com estetoscópio e termômetro, do que nenhum.

Entidades médicas querem a transformação da carreira de médico em carreira de Estado, de forma a se criar condições atraentes para os profissionais brasileiros irem para o interior, tal como acontece com os juízes. E lembram a necessidade de se investir em saneamento básico.

Defensores do programa Mais Médicos concordam, mas afirmam que há uma situação emergencial e não se pode esperar para dar assistência a gente que nunca viu um médico na vida.

Como se vê, há argumentos razoáveis de um lado e de outro.

É fato que a importação de estrangeiros não é solução definitiva para a falta de médicos no interior e que é preciso transformar a medicina em carreira de Estado e dar aos profissionais boas condições de trabalho, além, claro, de investir muito mais em saneamento básico..

Mas é, também, fato que não pode esperar por isso para levar atendimento médico a quem não tem.

Dito isso, é preciso dizer também que é inaceitável o comportamento de dirigentes dos médicos que hostilizam os colegas estrangeiros, ameaçam chamar a polícia para prendê-los ou afirmam que não corrigirão um eventual erro cometido por um deles.  Isso é falta de ética.

Já os médicos que, em Fortaleza, receberam colegas cubanos negros aos gritos de "escravos”, estes são racistas. Com eles não há diálogo.

Merecem nosso desprezo.


*Presidente da Comissão Estadual da Verdade e da Comissão de Direitos Humanos da OAB Federal

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