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Sindicatos atropelados
sábado, 07 de junho de 2014
No carnaval deste ano eclodiu, no Rio, uma greve de garis que emparedou a prefeitura. No momento da maior festa popular da cidade, quando chegaram milhares de turistas, as ruas ficaram infestadas de lixo, que atraía ratos e baratas e causava mau cheiro.
O prefeito foi obrigado a ceder e os garis voltaram ao trabalho, vitoriosos.
Há duas semanas os rodoviários do Rio fizeram uma greve de advertência, por 48 horas, afetando duramente a rotina da cidade. A situação continua tensa e existe a possibilidade de o movimento grevista ser retomado durante a Copa do Mundo.
Há quem diga ser oportunismo político, categorias profissionais escolherem momentos como o carnaval ou a Copa para movimentos reivindicatórios. Essa condenação não leva a qualquer lugar. É natural que os trabalhadores escolham os momentos em que tenham maior capacidade de pressão sobre os empregadores.
Goste-se ou não, durante a Copa outras categorias profissionais devem também se manifestar, com ou sem greves.
Mas há algo em comum a ser observado nas greves dos garis e dos rodoviários do Rio. Nelas, as bases atropelaram as direções sindicais. E os sindicatos de rodoviários e dos garis do Rio não foram os únicos atropelados pelas bases recentemente. Quando isso ocorre, cria-se uma situação que não é fácil administrar.
Com quem negociar? A quem a Justiça do Trabalho deve responsabilizar e de quem deve cobrar o cumprimento de suas decisões?
Essas recentes greves no Rio podem ter sido a ponta do iceberg. A maioria dos sindicatos e de centrais sindicais, hoje no Brasil, tem dirigentes acomodados, mais preocupados em usufruir das mordomias.
Nesse quadro, não será surpresa se outros movimentos grevistas atropelarem direções sindicais num futuro próximo.
*Presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB e da Comissão da Verdade do Rio
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