Colunas
Por uma política de Saúde
sábado, 25 de janeiro de 2014
As manifestações retrógradas e xenófobas contra o programa Mais Médicos chegaram ao fim. Para tal, contribuíram a aprovação da sociedade ao programa e a percepção de que o corporativismo de certas entidades dos médicos era absurdo.
Mas o fim das críticas ao Mais Médicos não significa que o programa seja a solução para a saúde pública no Brasil. Embora acertado, porque é preciso levar assistência a quem não a tem, mesmo que em caráter emergencial, ele não deixa de ser um atestado de falência das políticas de saúde no Brasil. Em pleno século XXI, o país se vê obrigado a importar médicos para não deixar a descoberto milhões de pessoas que moram em áreas desassistidas.
Não é solução reclamar de uma suposta falta de espírito de sacrifício dos médicos que se recusam a se deslocar para os rincões. É preciso criar condições de trabalho atraentes no interior.
Em outras carreiras essenciais — como as ligadas ao Judiciário, por exemplo —, o problema foi resolvido, pelo menos parcialmente, transformando-as em carreiras de Estado. Por concursos públicos, os profissionais são selecionados, recebem bom salário inicial e têm perspectiva de ascensão funcional. No começo, trabalham em regiões mais afastadas, mas, com o tempo, podem optar pelos grandes centros. Assim se garante a cobertura em todo o território nacional.
A implementação dessa proposta na área de saúde, transformando-a em carreira de Estado, vai exigir mais gastos do governo federal, mas é o único caminho para se garantir o atendimento básico às populações do interior. Do contrário, vamos oscilar entre a falta de assistência e soluções emergenciais e temporárias, como o Mais Médicos.
Se considerarmos que nada é mais precioso do que a vida humana, parece clara a opção a ser tomada.
Wadih Damous é presidente da Comissão Nacional de
Direitos Humanos da OAB e da Comissão da Verdade do Rio
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