A UNE na busca da verdade

sábado, 26 de janeiro de 2013

Wadih Damous* 
A entrada da juventude da UNE na investigação dos crimes cometidos por agentes do Estado durante a ditadura militar é uma excelente notícia. Para todos os cidadãos interessados no esclarecimento de fatos obscuros de nossa história e, particularmente, para a própria juventude, que precisa ser vacinada para ensinar aos seus filhos e netos a jamais permitir que se repitam golpes contra a democracia brasileira.
A UNE, que atuará entrevistando antigos dirigentes estudantis e seus familiares vitimados pelos governos de exceção, terá como coordenador da tarefa o ex-ministro Paulo Vannuchi, incansável militante dos direitos humanos. A Comissão Nacional da Verdade, agora contando com a colaboração da entidade dos estudantes universitários, em muito deve sua criação à persistência de Vannuchi em ultrapassar barreiras conservadoras no Legislativo e no próprio Executivo.
Instituída há sete meses, a comissão, antes jocosamente comparada ao filme “O incrível exército de Brancaleone”, por contar com parcos meios e integrantes para uma tarefa árdua, vem mostrando capacidade de articulação com as estruturas criadas nos estados para, paralelamente, ajudar na coleta de depoimentos—como fez a OAB do Rio de Janeiro. Mesmo formada por profissionais de alto gabarito, é até possível que não consiga esgotar o trabalho no prazo de dois anos, tamanha sua amplitude e algumas dificuldades, como a entrega de arquivos militares.
Mas casos emblemáticos vão sendo elucidados, como o do deputado federal Rubens Paiva, desaparecido em 1971. Documentos entregues à comissão indicam que ele foi morto no DOI, centro de torturas que funcionava no quartel do 1º Exército na Rua Barão de Mesquita, Zona Norte do Rio.

* conselheiro federal da Ordem dos 
Advogados do Brasil pelo Rio de Janeiro

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