Wagner Faria projeta próximo triênio à frente do Friburguense

Presidente reeleito fala sobre a situação fiscal regularizada do clube e os desafios para 2016
sexta-feira, 18 de dezembro de 2015
por Vinicius Gastin
Presidente garante manutenção da estrutura do futebol: “Aceitei me candidatar com essa condição” (Foto: Vinicius Gastin)
Presidente garante manutenção da estrutura do futebol: “Aceitei me candidatar com essa condição” (Foto: Vinicius Gastin)

A simplicidade do cidadão Wagner Faria de Souza ganha contornos de paixão quando o assunto é o Friburguense Atlético Clube. Ex-chefe da torcida organizada "Garra Friburguense", ocupou cargos na diretoria e esteve à frente do Conselho Deliberativo do Tricolor da Serra. O professor e advogado (formado em Direito e Letras) sempre frequentou os estádios, e conhece como poucos a história do clube. Gosta de reforçar, inclusive, que não torce para qualquer outro time do Rio de Janeiro a não ser o Friburguense.

Há três anos, Wagner Faria era eleito para o cargo de presidente do Tricolor da Serra. Em entrevista para A VOZ DA SERRA à época afirmou que os principais objetivos eram realizar melhorias na parte social e trabalhar em conjunto com o futebol para manter o Friburguense na primeira divisão estadual. Planos esses que foram executados com êxito, e contribuíram para sua reeleição no último dia 6. Hoje, o clube conta com aproximadamente 700 associados – entre sócios proprietários, contribuintes temporários, honorários, remidos e laureados, além dos beneméritos.

“É diferente comandar um clube que tem o futebol forte e que leva o nome de Nova Friburgo para todos os cantos. É muito gostoso e salutar, mexe com o emocional, mas aumenta e muito a nossa responsabilidade. Temos os nossos vices, mas quem responde é o presidente. São três anos da vida da pessoa entregues ao Friburguense”, disse Wagner Faria.

À frente da principal instituição esportiva de Nova Friburgo por mais três anos, Faria reconhece que terá obstáculos. O processo de enfraquecimento dos campeonatos estaduais e as dificuldades financeiras enfrentadas pela cidade e pelo país tornam o futuro incerto. Contudo, ao revelar os planos para o triênio 2016 / 2018, Wagner garante que há base para o possível crescimento: as contas do Friburguense estão rigorosamente em dia, e todos os débitos restantes foram refinanciados. Tanto é que o Frizão se dá ao luxo de, sequer, precisar aderir ao Profut (programa de refinanciamento de dívidas do governo federal). A reforma do ginásio Helena Deccache é um dos objetivos neste novo mandato.

A VOZ DA SERRA: Há três anos, duas das principais metas estipuladas para o seu primeiro mandato eram o acerto da situação fiscal e a manutenção da equipe na primeira divisão. Elas foram cumpridas. Qual o balanço de sua primeira gestão?
Wagner Faria: Deixo claro que o Friburguense representa Nova Friburgo, e leva o nome da cidade a todos os cantos do planeta através do futebol. Por isso, é importante não ter pendências fiscais. Hoje o Friburguense tem todas as certidões negativas de débito, de todas as esferas. Municipal, estadual e federal. Não temos problema nenhum com o fisco. Existem dificuldades financeiras, mas estamos preparados para qualquer fiscalização. É o que pretendo dar continuidade nos próximos três anos, deixando o clube como ele está para a diretoria seguinte.

Então é correto afirmar que o Friburguense está zerado quanto às dívidas?
O único acordo que ainda temos com a Vara Federal é relativo ao nosso INSS, parcelado através do Refis, que começou com a gestão passada, do professor Raul Marcos. Em novembro de 2009 ele deu a entrada no financiamento junto ao governo federal, pago em 120 meses. Portanto, esse pagamento vai até 2019. A parcela é completamente viável para o Friburguense. Mesmo assim, junto à Fazenda Federal, nós temos a certidão positiva com efeito negativo. Ela tem o mesmo efeito e privilégio da certidão negativa de débito junto aos órgãos competentes. Então, não temos problema algum.

A MP 671, chamada de MP do Futebol ou Profut, foi sancionada pela presidente Dilma no último dia 5 de agosto. Ela estipula prazos e pressiona os clubes a refinanciarem as dívidas, sob risco de punições severas. O Friburguense, então, não precisará aderir ao Profut?
Exatamente. Todos os clubes pequenos do Rio foram chamados pela Federação há três meses. O Friburguense e o Resende foram os dois únicos clubes que, imediatamente, apresentaram todos os documentos viáveis e necessários para participar do estadual de 2016.

Uma de suas primeiras atitudes ao ser reeleito foi anunciar a manutenção da estrutura do futebol. Como funciona a relação da parte social com o futebol, que é terceirizado para o gerente José Eduardo Siqueira?
É um trabalho feito em união. É preciso ter essa confiança mútua. Às vezes as pessoas acham que fazer futebol é contratar jogadores caros. Há exemplos de clubes do interior que fazem isso, e os salários atrasam. Em pouco tempo, o nome vai para a justiça trabalhista. Essa não é a nossa metodologia de trabalho. Pagamos o que podemos. O Siqueira sabe trabalhar e lidar com o futebol profissional. Ele está no clube desde 1997, e tirando o deslize de 2010, sempre mantém o clube na primeira divisão. Isso não é fácil. O Siqueira vai continuar, e eu só aceitei essa possibilidade de reeleição por isso. O trabalho prossegue com ele e com o Carlos Alberto Nideck como vice de futebol.”

Como presidente e torcedor do Friburguense, de que forma você enxerga esse processo de criação de ligas e consequente enfraquecimento dos estaduais?
Fico bastante entristecido. Mas essa é uma história que já vinha sendo desenhada. Aqui no Rio, por conta de dois dos grandes clubes, temos muitas indecisões, ao contrário de alguns outros estados. É preocupante. Para 2016, querendo ou não, o campeonato vai ser realizado nos moldes já definidos. Mas para os demais anos é incerto. Não sei até que ponto a confiabilidade dos patrocinadores vai se manter devido a todo esse processo.

Nesses últimos três anos, o setor social do clube avançou em alguns aspectos. Houve reforma da sauna feminina, do campo de areia e manutenção dos espaços. Quais os planos para o próximo triênio?
O meu maior desejo é realizar uma grande reforma no ginásio Helena Deccache. Eu diria que é uma pendência que ainda existe. Não é uma reforma de grande volume financeiro, mas vou precisar buscar recursos. Nos três anos passados, o campo infantil foi recuperado, a sauna feminina reformada e a masculina será recuperada. O quadro associativo está bastante satisfeito.

Até pela importância do Friburguense como representante da cidade, você não acha que o clube merecia um olhar diferente do poder público e de parte da iniciativa privada?
Não é só em Nova Friburgo. Infelizmente, hoje o nosso país vive um processo muito delicado. Então, é um momento difícil para fazer essa aproximação do poder público e da iniciativa privada. Todos estão em dificuldades, mas é preciso manter a esperança de que vai melhorar. Desta forma acredito que todos os setores, inclusive o nosso, podem ser beneficiados.

Como imagina o Friburguense daqui a três anos? Disputando alguma divisão do futebol nacional, por exemplo?
Essa é a expectativa de todos, embora tenhamos muitas dificuldades e concorrentes com situação financeira melhor. Apesar de alimentar essa esperança, tenho a certeza de que, se não der para disputar uma série D, C ou Copa do Brasil, é importante manter o Friburguense na elite, onde ele permanece desde 1997. Desde então, o clube teve o Alexandre, César Cornélio, Jones Canto e Raul Marcos como presidentes, e todos conseguiram manter o clube na elite. A partir do cumprimento desse objetivo, pode-se sonhar sim, com voos maiores. É o que todos nós desejamos.

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