Vazio de lideranças

quinta-feira, 24 de março de 2016
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: Wikipedia)
(Foto: Wikipedia)

EM MEIO ÀS manifestações de rua clamando por mudanças e pelo fim da corrupção, chama atenção a carência de líderes políticos no país, capaz de canalizar as insatisfações e de acenar com alguma esperança de melhora. A presidente Dilma, no afã de se defender das acusações de improbidade administrativa acusa setores contrários ao governo de “golpista”, numa afronta à livre manifestação do pensamento, constitucionalmente garantida. 

EM TODOS OS seus discursos, a presidente faz um pronunciamento contraditório, defendendo respeito à Constituição e às liberdades democráticas, mas classificando de golpe a ação da Justiça Federal que investiga o monumental esquema de corrupção na Petrobras e a participação de empresários, políticos e servidores graduados na roubalheira. 

NA MESMA cadência, o líder máximo da mandatária — o ex-presidente Lula — trata o “golpe” como prioridade máxima do governo petista, mesmo sem fazer parte oficialmente do ministério. Em recente encontro com lideranças sindicais em São Paulo, deu prioridade à “ameaça” de impeachment em vez de buscar soluções junto ao Congresso para a grave crise econômica que assola o país. 

PARA COLOCAR mais lenha na fogueira, a divulgação do esquema de propinas da construtora Odebrecht mostrou o comprometimento de centenas de políticos de todas as siglas partidárias com as falcatruas do Petrolão. Com tantos ingredientes indesejáveis à vida nacional, fica evidente a fragilidade do sistema político atual, criando um impasse preocupante, com a ausência de lideranças partidárias. Não há democracia sem partidos políticos.

O QUE UMA crise de representação dessa magnitude indica é a falta de consistência dos partidos políticos no país, de maneira geral. O descaso com a aprovação de uma reforma política ampla fez com que a maioria das legendas atuasse hoje mais em torno de interesses específicos do que de conteúdos programáticos. O resultado é essa pobreza de opções, em que nem o governo, nem a oposição conseguem transmitir um mínimo de segurança para o futuro imediato dos brasileiros.

O BRASIL precisa, sim, de um golpe, mas não desse que os defensores do governo tentam atribuir a qualquer opositor. Precisa é de um golpe de bom senso, que evite o radicalismo e o ódio, sem renunciar ao combate implacável à corrupção e nem à busca da retomada do desenvolvimento. 

 

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