"Vai ficar na nossa memória por muitos e muitos anos”

Em entrevista, Cristina Bravo, coordenadora do Comitê 200 anos, avalia o desfile de 16 de maio e a festa que “tomou conta da cidade”
sábado, 02 de junho de 2018
por Ana Borges (ana.borges@avozdaserra.com.br)

A primeira questão que veio à mente de Cristina Bravo, responsável pela realização do desfile comemorativo do aniversário de Nova Friburgo, foi sair em busca de pessoas, conversar com os moradores do município, estar com eles, visitá-los, em suas casas, escolas. Queria conhecê-los. Coordenadora do Comitê 200 anos, e esposa do prefeito Renato Bravo, psicóloga por formação, Cristina via na “prata da casa” o maior tesouro, a mais valiosa “ferramenta” para atingir a meta de fazer do tradicional desfile na Avenida Alberto Braune, um evento que ficasse, para sempre, na memória das pessoas. Ao expressar o sentimento que tem guardado no peito, conseguiu.

“Estou imensamente feliz de ter tido a oportunidade de contribuir com essa cidade que eu tanto amo e ainda estou emocionada, sob o efeito de tudo que vivemos. Pude por em prática uma série de realizações nas quais acredito e principalmente cumprir o meu papel de articuladora e motivadora. Antes de mais nada eu precisava mostrar a importância da data, independente de qualquer coisa, era o momento de expressar amor e orgulho pela cidade onde nasceram, onde vivem, e comemorar, com suas famílias, amigos, vizinhos. Para tanto, era preciso ir pra rua e parabenizar Nova Friburgo, confraternizar. E a resposta não poderia ter sido mais eloquente. Por isso me sinto realizada, feliz”, disse Cristina.

O que se viu nas ruas, durante o desfile e depois, foi uma cidade em festa, com uma população que decidiu ser feliz, aproveitar aquele dia ensolarado, dançante e musical. Baixou a guarda, pediu uma trégua pela luta do dia a dia e se rendeu. “A população fez a festa, se divertiu, relaxou. Dessa forma, todos, direta ou indiretamente, contribuíram para o êxito desse grandioso evento, que foi histórico e inesquecível, graças aos friburguenses, às pessoas que vivem aqui, com a apaixonada participação daqueles que vieram participar ou simplesmente assistir. A toda essa gente, devemos a beleza do bicentenário de Nova Friburgo. Penso que este evento marcou a cidade positivamente e vai ficar na nossa memória por muitos e muitos anos”, comentou.     

Cristina Bravo esclareceu que no momento a equipe do Comitê está fazendo uma avaliação oficial da festa. “Estamos fazendo o fechamento dessa missão que durou todo o mês de maio e que foi o ponto alto do calendário das festividades. Mas a comemoração do aniversário vai continuar até o fim do ano, e se estenderá até maio do ano que vem. E o que foi conversado em termos de legado, está sendo conduzido com o objetivo de ser concretizado. As parcerias estão sendo estudadas, processos em andamento. Alguns a curto prazo, outros a médio, e outros ainda a longo prazo”, esclareceu, como o Museu Diocesano de Arte Sacra e a Oficina-Escola de Arte Sacra.

De parcerias e críticas

A coordenadora faz questão de agradecer a dezenas de pessoas de todos os segmentos envolvidos na realização do desfile. Desde o pessoal das secretarias aos voluntários, segundo ela, foram todos incansáveis, “parceiros incríveis”. Manter a cidade limpa, organizada e receptiva, com tudo funcionando a contento, sem incidentes e apta a agir em caso de imprevistos. “Tudo tem que ser muito bem elaborado e concatenado para que nenhum setor de serviços falhasse. A Polícia Militar estimou que cerca de 13 a 14 mil pessoas desfilaram. Um evento desse porte exige o compromisso de todas as secretarias e nenhuma transferiu responsabilidades ou descumpriu seu dever. Desde a mobilidade urbana ao cerimonial, da cultura à segurança, tudo funcionou perfeitamente.

Receber comitivas numerosas, incluindo chefes de estado, como o representante máximo da Suíça, além de autoridades do Brasil e do exterior, entre outras visitas ilustres, cerca de 200 pessoas, foi um grande desafio, conforme relatou. “Nosso trabalho fluiu de forma absolutamente profissional. Essa postura foi resultado de um intenso trabalho do Comitê, de reuniões diárias e em comunicação incessante com todos os parceiros, nas quais não deixávamos escapar nenhum detalhe. A cada suposto obstáculo, tratávamos de encontrar a solução na hora. Não relaxamos em relação a nada. Daí a importância de valorizar e incentivar o aspecto técnico das pessoas. O profissionalismo de cada um aparecia à medida que a apresentação se desenvolvia diante de nós. Quando vi diante de meus olhos, tudo que havíamos elaborado e trabalhado, acontecer bem ali na minha frente, fiquei profundamente emocionada. Porjetei uma imagem do que queria deixar para a nossa cidade e conseguimos”, ressaltou Cristina, com entusiasmo.

Mas, não deixou de destacar manifestações contrárias. “Houve críticas, eu sei. A questão do palanque foi uma delas”, reconheceu, e explicou o que levou o Comitê a montá-lo perto da prefeitura. Colcar o palanque das autoridades naquele local foi uma decisão minha. Eu tinha me preocupava com a duração desfile, o quanto poderia ser cansativo para crianças, idosos, portadores de necessidades especiais e convidados estrangeiros. Mas, montar o palanque perto da prefeitura foi decisivo para o perfeito andamento do desfile, que acabou exatamente dentro do prazo que havíamos previsto, às duas horas da tarde”.  

E Cristina explica a estratégia, o cumprimento de protocolo e o resultado de sua decisão:

“Admito que o público que ficou nesse palanque oficial não pôde ver o melhor do desfile, porque ali acontecia o “aquecimento” dos desfilantes. Ainda não tinha aquela empolgação que toma conta das pessoas, porque o auge se dá quando o desfile se aproxima da metade da avenida, onde há mais público. Mesmo assim, deu para acompanhar o roteiro da história, ver a coreografia, os figurinos, a música. Não podia ter sido de outro jeito porque tínhamos que tomar uma série de cuidados, alguns até oficiais em eventos dessa natureza. A proximidade das instalações da prefeitura serviu como apoio estratégico para os convidados. Toda a infraestrutura do cerimonial, do atendimento às demandas das autoridades, estava a alguns passos. Depois, o tamanho do palanque ocuparia um espaço enorme da avenida, duas ou três mais que um palanque de tamanho normal de outros eventos, atrapalhando a visão e concentração do público”.

E mais: “Havia ainda que cumprir um protocolo internacional, dada a presença de autoridades estrangeiras no palanque. Onde quer que elas estivessem, haveria o tal protocolo internacional. Tudo isso nos obriga a seguir regras rígidas, de segurança, que temos que assumir e cumprir. São normais em qualquer país nessas ocasiões”, acrescentou.

Para Cristina, a logística e o desenho do desfile, a contextualização histórica e a roteirização do David Massena foi brilhante e inspiradora. “Os participantes se empolgaram com a novidade do desfile, de contar uma história, e nós, os organizadores, nos sentimos estimulados a juntar toda a nossa capacidade para apresentar um verdadeiro espetáculo na avenida. Pela reação do público, superamos as expectativas, do ponto de vista cultural e artístico”.

“O empenho de instituições e escolas, do transporte público, de inúmeros grupos, entre eles, o religioso, que teve uma programação importantíssima, com a união das igrejas católica, luterana e evangélicas, sem essa união, não conseguiríamos nosso intento. Incontáveis associações, os moradores da zona rural com suas frutas, flores e verduras, todos que foram para a avenida, transpareciam o orgulho que sentiam de sua cidade, de estar participando daquela festa, sendo cada um o protagonista de sua própria história, que estava sendo contada com muita criatividade e originalidade. Foi inesquecível”, ressaltou Cristina.

E encerrou a entrevista com um recado para a população: “Não tenho palavras para agradecer tudo o que o povo friburguense fez naquela manhã de 16 de maio de 2018. E também as equipes que cuidaram da logística, desde a concentração até a dispersão, foi tudo perfeito. A Guarda Municipal, a Defesa Civil, o Corpo de Bombeiros, todo evento para ser um sucesso depende de vários núcleos. Foi um trabalho tão coeso, entre todos os segmentos, que, no final, formávamos um só núcleo”.

 

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TAGS: 200 anos
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