Siqueira fala sobre adiamento da série B, dificuldades e reitera confiança no Frizão

Para voltar à elite do futebol Estadual, o Friburguense terá que superar ao menos 19 dos 21 times que disputarão o campeonato carioca da série B deste ano
quinta-feira, 18 de maio de 2017
por Jornal A Voz da Serra
Siqueirafala sobre os desafios do Friburguense (Foto: Arquivo AVS)
Siqueirafala sobre os desafios do Friburguense (Foto: Arquivo AVS)

            A missão não é fácil. Para voltar à elite do futebol Estadual, o Friburguense terá que superar ao menos 19 dos 21 times que disputarão o campeonato carioca da série B deste ano. Neste universo, apesar da tradição conquistada com as muitas temporadas entre os maiores do Rio de Janeiro, o Tricolor da Serra não está entre os mais poderosos financeiramente. Pelo contrário. Além desta difícil realidade, há ainda as viagens, as arbitragens, os estádios. Estes últimos, inclusive, “protagonistas” no episódio do adiamento da competição.

            Caso a primeira rodada fosse realizada no último sábado, 13, provavelmente apenas três jogos teriam presença de público. Outros seriam disputados em campos neutros que tivessem condições legais de receber um jogo de futebol profissional. Uma triste realidade para os clubes do estado, que dentre outras questões esbarram nas dificuldades financeiras e até mesmo na crise que assola o Rio de Janeiro.

            “Parece até uma desorganização por parte dos clubes, que tiveram tempo para conseguir seus laudos, mas hoje sofre-se muito com esse aspecto. No caso específico do nosso jogo, o Goytacaz vem marcando há três semanas as vistorias com a Polícia Militar. Justamente por conta da dificuldade financeira que o Estado passa, a polícia não conseguir até lá, por não ter gasolina. Hoje o Eduardo Guinle comporta e consegue a liberação de até cinco mil pessoas, mas existe sempre a comparação com uma arena. Então, a quantidade de exigência que existe para uma arena é feita também aqui”, explica o gerente de futebol do Friburguense, José Siqueira.

            Em entrevista ao VOZ DA SERRA, o dirigente do Tricolor da Serra fala sobre o adiamento, as condições do estádio Eduardo Guinle, dificuldades e abre o jogo sobre a realidade financeira do clube. “Hoje não brigamos praticamente com ninguém financeiramente. Na série B, enquanto oferecemos 2,5 ou 3 mil, tem time pagando sete ou oito.” Siqueira também desabafa sobre cobranças de renovação no elenco e críticas que recebe em relação ao trabalho de duas décadas. “É uma covardia não falar sobre bons resultados diante de tudo o que a gente viveu nesses últimos 20 anos.”

 

Posição do Friburguense sobre o adiamento

 

“Em um primeiro momento, a gente não esperava, mas na reunião entendemos que valia a pena preservar o produto (campeonato). Iria começar de uma forma desorganizada, podendo ter vários W.O. na primeira rodada. Dos dez jogos, apenas três teriam portão aberto. O restante seria com portões fechados ou em outras praças. Começar assim é muito complicado. Parece até uma desorganização por parte dos clubes, que tiveram tempo para conseguir seus laudos, mas hoje sofre-se muito com esse aspecto. Aqui no Friburguense eu não sei como vai ser no próximo ano. Hoje o Eduardo Guinle comporta e consegue a liberação de até cinco mil pessoas, mas existe sempre a comparação com uma arena. Então, a quantidade de exigência que existe para uma arena é feita também aqui. Se a gente possui um estádio, que é um dos melhores da série B, eu imagino o que os outros clubes tem passado para conseguir a autorização. É claro que a segurança e o conforto do torcedor têm que estar em primeiro lugar, mas há coisas que passam da normalidade.”

 

Friburguense x Goytacaz

 

            “O momento que a gente vive hoje no estado, que está falido, também é complicado e interfere. No caso específico do nosso jogo, o Goytacaz vem marcando há três semanas as vistorias com a Polícia Militar. Justamente por conta da dificuldade financeira que o Estado passa, a polícia não conseguir até lá, por não ter gasolina. Eles desmarcam, o tempo passa e parece que é um atraso por culpa do clube. Mas existe uma estrutura para obtenção dos laudos. A própria Federação se comprometeu em intervir junto à PM para aprovar, para não termos um desnível técnico, W.O. e outras situações. Essa é a ideia.”

 

Estádio Eduardo Guinle

 

“Com o Eduardo Guinle está sim, tudo certo. Temos os laudos válidos e em dia até fevereiro de 2018, mas sabemos que as exigências mudam e aumentam de um ano para o outro. Já estou sabendo, por exemplo, que a área de circulação por onde o torcedor passa para ir para a arquibancada, que hoje é de um metro, terá exigência de 1,2 ou 1,4 metros. Então, é uma obra a cada mudança de lei, e às vezes, isso acontece muito perto do campeonato. Sem contar que são obras que exigem tempo. Aí, quando se fala que o Friburguense não conseguiu um laudo ou não cumpriu uma exigência, parece desorganização. Mas na verdade não é. Acontece que a estrutura do nosso estádio é para cinco mil pessoas. É boa, organizada, segura, com pintura em dia, alambrado, mas a exigência da lei é compatível com arenas, que foram transformadas para a Copa do Mundo. Porém, se esqueceram desses estádios que poderiam também receber melhorias diversas naquele período.”

 

O adiamento para o Friburguense

 

“Para o Friburguense seria bom estrear agora. Acho que estaríamos na frente dos demais, mas existe um produto que se chama segunda divisão. É um campeonato que precisa começar legal, e que vai ser bom pra gente, por outro lado. Pra não ter esse desnível, o Friburguense está junto com todas as equipes, e para o bem da competição, esses 15 dias serão válidos. Vamos fazer pelo menos dois amistosos nesse período. A ideia é fazer um no meio e outro no final da semana. Estamos vendo com o Serra Macaense, Audax, que convidou a gente, e Olaria. São times que nós vamos enfrentar apenas na segunda fase, então existe uma distância maior. Também vamos aproveitar e fazer uma mini pré-temporada na Aldeia, que também é legal. É uma última semana, hora para unir um pouco mais o grupo, e não tivemos a oportunidade de fazer isso ainda neste ano. Fizemos apenas alguns treinamentos. A ideia é passar uns quatro a cinco dias naquele ambiente, para descansar, treinar e se alimentar de maneira uniforme. É um gás que podemos conseguir para o primeiro jogo.”

 

Elenco para a série B

 

“Estou bastante satisfeito. Eu sei que existe uma cobrança muito grande sobre contratações, mas não sei o que o pessoal considera mudança. Se analisarmos, o nosso time foi todo mudado da primeira divisão para a Copa Rio e muita gente questionava. Fizemos uma grande competição, e novamente, mudamos muita gente da Copa Rio para a segunda divisão. Isso acontece porque quando se faz uma campanha o time chama a atenção. E a realidade do Friburguense, por mais que a gente ache o clube tem um potencial de frente, hoje a gente não briga com Bangu, Resende, Boavista e tantos outros em relação a lado financeiro. Eles possuem folhas salariais de praticamente 300 mil, enquanto a nossa gira em torno de 50 mil. É uma realidade que a gente não pode esconder. Mesmo a gente perdendo muitos jogadores entre as competições, conseguimos manter um plantel competitivo. E isso acontece através da base, onde muitas vezes as pessoas não entendem como é feito o processo e reforços pontuais.”

 

Reforços

 

“Nós trouxemos o Roberto Junior e o Marcelo Costa, onde perdemos o Cadão, por conta de contusão, o Diego Guerra e o Pierre (que foram para outros clubes). Também acertamos com três jogadores do Nova Iguaçu (o lateral Yan, o volante Vinicius Matheus e o atacante Lucas Sales) e o Ricardo, que é do mesmo padrão do Lohan. Não podemos ir para uma competição longa com apenas um jogador específico para essa posição de área. Também trouxemos o Gabriel e o Everton, ou seja, quase dez nomes. E mais uma quantidade grande de garotos da nossa base. É um elenco bastante modificado, mas em condições. Acho que teremos peças de reposição, e estou satisfeito. Fizemos amistosos dentro da realidade de uma segunda divisão, e o torcedor não pode pensar que o Friburguense vai chegar e atropelar todo mundo, por ter vindo da primeira divisão, ou que o America também vai só porque está contratando. Futebol não se resolve assim, mas no dia a dia, no trabalho e na continuidade dentro da competição. É legal as pessoas falarem de forma crítica, querer ajudar ou dizer que está faltando algo, mas é preciso aguardar os resultados.”

 

20 anos de Frizão e críticas

 

“Eu acho que é uma covardia não falar sobre bons resultados diante de tudo o que a gente viveu nesses últimos 20 anos. Nós tivemos dois rebaixamentos, onde em um deles, o de 2010, nós tivemos um grupo que priorizava a noite em vez do trabalho. Foi falta de escolher melhor os jogadores. Mas de lá pra cá, até este ano de 2016, quando caímos novamente, vivemos grandes momentos. E caímos por conta de um regulamento mal publicado, pois não foi o regulamento que decidimos em arbitral. Mesmo assim, já dentro da Copa Rio, fizemos um grande trabalho. Então, eu vejo uma covardia muito grande nessa crítica. Só existem relações com o que a gente pensa ser negativo, mas que de fato não aconteceu.”

 

Confiança no acesso

 

“Temos 21 times, e pode acontecer de não subirmos. Posso falar que dentre todas as equipes, pelo menos dez têm condições. Mesmo estando na segunda divisão, essa metade, a exemplo de Americano, Audax, Duque de Caxias, Itaboraí, America, Sampaio Correa e outros investem alto e vão estar brigando. Mas o Friburguense também vai ser um deles. Acredito muito no nosso trabalho e que a gente vai subir, mas em questão de estrutura, a nossa diferença para os demais é um estádio aprovado. Em relação ao financeiro, pelo menos essas dez equipes possuem folhas com o dobro do valor do Friburguense. Eu gostaria de ter trazido três reforços antes destes que trouxemos agora, mas enquanto a gente oferecia uma base de 2,5 ou três mil reais, tem gente pagando sete ou oito mil. Essa é a realidade. Então, temos que convocar o torcedor para vir, fazer uma diferença no estádio e entender que o trabalho está no caminho certo. Mas entendendo a nossa realidade financeira, e com o passar dos anos a tendência é ir perdendo jogadores. Formaríamos uma seleção com jogadores que, por conta da Lei Pelé, não conseguimos manter nesses últimos anos. A lei é clara: temos a prioridade de renovar, mas temos que cobrir as bases dadas aos jogadores. Isso a gente não tem conseguido fazer”.

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