A sete meses das olimpíadas, secretário fala sobre desafios e planos para o esporte municipal

A passagem da tocha olímpica pela cidade será a grande atração dos jogos para os friburguenses
terça-feira, 19 de janeiro de 2016
por Jornal A Voz da Serra
1- À frente da Secretaria de Esportes, Raul Marcos projeta dificuldades em 2016, mas mantém otimismo (Foto: Facebook)
1- À frente da Secretaria de Esportes, Raul Marcos projeta dificuldades em 2016, mas mantém otimismo (Foto: Facebook)

As dificuldades financeiras enfrentadas pelo Brasil afetam diretamente todo e qualquer tipo de investimento, seja qual for a área. No esporte de Nova Friburgo, que já possui naturalmente um orçamento reduzido, não vai ser diferente. Faltando sete meses para a realização do maior evento esportivo do planeta no Rio de Janeiro, a apenas cerca de 140 km de distância do município, as previsões são modestas para 2016. A passagem da tocha olímpica pela cidade será a grande atração dos jogos para os friburguenses, uma vez que em termos de investimentos não deverá haver lucro algum de forma direta.

À frente da Secretaria Municipal de Esportes desde que Renato Satyro migrou para a educação, Raul Marcos reconhece que realizar grandes obras neste ano será difícil. E mais: admite que os grandes desafios são terminar os projetos que já tiveram início e trabalhar na manutenção dos espaços já existentes. De acordo com o secretário, a saída é investir nas parcerias com a iniciativa privada, uma vez que, segundo ele, os repasses do governo federal foram reduzidos. Desta forma, obras como o da Praça CEU, CT de rugby e centro de lutas, em Olaria, não têm previsão para serem concluídas.

A VOZ DA SERRA: O senhor foi subsecretário de esportes durante a gestão de Satyro, e já conhece a estrutura, o funcionamento e os projetos da pasta. Nesse primeiro momento, qual a avaliação? Alterações são necessárias? Projetos como o Acerte o Passo, por exemplo, serão mantidos?
Raul Marcos: Já tive uma experiência no executivo, tanto na educação quanto no esporte. Eu já tinha trabalhado com o Renato no Friburguense, onde fui presidente e ele vice de marketing. Recebi o convite assim que ele assumiu o esporte de Nova Friburgo. Nesses últimos anos, a comunidade tem reconhecido o trabalho dessa pasta. Pretendo dar continuidade na maioria das coisas. A visão muda em alguns aspectos. Queremos criar um circuito de saúde, e não só ter as academias ao ar livre, por exemplo. Vamos trabalhar para colocar em outros lugares, como na frente da Igreja Luterana. Mas é preciso existir um conceito por trás dessa estrutura, ligado à saúde, meio ambiente e educação. Os projetos que já vem funcionando, como as escolinhas e o Acerte o Passo, vão continuar. Precisamos apenas realizar alguns ajustes.

Naturalmente, a pasta de esportes possui um orçamento reduzido, e em Nova Friburgo não é diferente. Já existe alguma previsão para 2016 nesse sentido? Como trabalhar sem condições de realizar grandes obras?
Por isso mesmo é preciso mudar o conceito. O poder público tem que ser parceiro de quem já faz, dando apoio a quem promove o evento. Se eles fazem, são promotores, é porque já possuem o conhecimento que muitas vezes nós não temos. Nós podemos oferecer a nossa estrutura, mas com a visão de que aqueles que não são alcançados pelos promotores precisam do poder público. Aí nós entramos. O dinheiro é um problema, mas precisamos trabalhar em conjunto com a saúde e outros setores. A gestão precisa ser criativa, e a saída para adquirir esses recursos é a parceria público-privada. A lei de orçamento ainda está em estudo, e não dá para prever verba, até porque os repasses foram reduzidos. Teremos dificuldades, mas queremos, pelo menos, manter o que está sendo feito.

Umas das obras mais aguardadas pela população, pela grandiosidade e até mesmo curiosidade, é a Praça CEUs, em Olaria. A entrega e a inauguração do espaço já foram adiadas algumas vezes; É possível fazer alguma previsão?
A praça tem trazido muita preocupação. Na verdade, é uma obra do Ministério da Cultura em parceria com a Secretaria de Cultura. Ela não foi concluída ainda. Foram entregues 90% do que tinha para ser feito. A mobília está em andamento e alguns materiais já chegaram. Faltavam detalhes junto à Caixa Econômica Federal. Mas sofremos com algumas questões. A empresa abandonou a obra sem nos comunicar, por falta de repasse do governo federal. Alguns vândalos invadiram aquele espaço e quebraram vidros, picharam, roubaram louça e danificaram bastante. O que antes faltava 5% para terminar, agora, falta 30%. Quem vai cobrir o prejuízo? Estamos estudando isso junto ao setor jurídico. Somos cobrados pela população, e com razão. Mas repito que ainda não foi entregue ao município. Por enquanto, não há como prever uma data para a inauguração.

Quanto ao CT de rugby e futebol americano e o Centro de Lutas, na Via Expressa, que são antigas reivindicações da população friburguense. Como estão as obras?
As obras pararam. A parte que cabia ao município foi feita. Estamos procurando cobrar de quem pode, mas estamos preocupados. A terraplanagem foi feita, o espaço foi cercado e existe a pendência do governo federal e da Caixa. A preocupação é que a empresa abandone a obra, o que pode acontecer.

Obras e projetos como o campo do Cordoeira, de Campo do Coelho, a quadra do Catarcione, dentre outras, também são afetadas com esses atrasos de repasse?
Sim, pois tudo estava dentro de um processo licitatório. Existem projetos para o Terra Nova e Parque Maria Tereza. Queremos transformar a Avenida Governador Roberto Silveira em um circuito, mas tudo está parado. É um momento de crise, mais política que econômica na minha opinião, e só resolvendo isso poderemos avançar.

Outra questão interessante á a manutenção dos espaços. As reformas acontecem e, pouco tempo depois, novos reparos são necessários. Existe algum plano nesse sentido?
Tudo tem que caminhar junto. O esporte tem bons resultados, por méritos do ex-secretário Renato Satyro e do Conselho de Esportes, mas também porque outros setores ajudam. É uma questão de educação da população, do apoio das empresas privadas, ONGs e outras organizações. Isso é fundamental para a manutenção dos espaços. Precisamos da união de todos para que possa funcionar.

As olimpíadas estão chegando e Nova Friburgo receberá a passagem da tocha olímpica. Como a cidade se insere nesse contexto? Quais consequências esse evento poderá trazer para o município?
A passagem da tocha olímpica vai ser um grande momento, depois de toda a aflição que passamos em 2011. O maior evento esportivo do mundo, que mexe com a economia, turismo, cultura e paixão vai passar por aqui. É algo fantástico. É o momento de mostrar Nova Friburgo para todo o mundo a nossa história. Vai ser um grande evento que começa e termina na Via Expressa, passando pelo Centro e descendo o teleférico. Isso será um marco, e as consequências serão indiretas, mas importantes para a cidade.

O senhor já foi presidente do Friburguense, e dentro do contexto esportivo municipal, discute-se bastante um apoio maior à instituição. Qual o seu ponto de vista sobre o assunto? Como o poder público pode, efetivamente, ajudar o Friburguense?
Já foi aprovada uma lei de subvenção na Câmara de Vereadores. Mas é preciso ter orçamento. É uma questão de visão, e eu creio que é importante ajudar o Friburguense, até mesmo financeiramente. O clube é a “empresa”, talvez, que mais divulgue e represente Nova Friburgo no mundo. Envolve um trabalho com centenas de crianças. Como gestor que sabe das dificuldades, nós podemos colaborar de outras formas, oferecendo a nossa estrutura. Mas principalmente devemos estar abertos ao diálogo, e mostrar como o Friburguense é um patrimônio da nossa cidade, e não apenas um clube de algumas pessoas. O Friburguense possui uma representatividade enorme, e engloba toda a cidade. Acho que uma fusão com o Nova Friburgo seria um bom caminho, mas existem empecilhos.

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