Sem reajuste, Faol diz que custo operacional continua alto

Para empresa, número de gratuidades e falta de vias exclusivas para ônibus oneram passagem
quarta-feira, 14 de março de 2018
por Alerrandre Barros
Sem reajuste, Faol diz que custo operacional continua alto

O diretor Faol, Paulo Valente, disse nesta quarta-feira, 14, que a empresa “entende e aplaude” a decisão do prefeito de Nova Friburgo, Renato Bravo, de criar uma comissão para avaliar a qualidade do transporte público na cidade. Além da comissão, no dia anterior, Bravo anunciou que não vai conceder reajuste na passagem dos ônibus este ano.

“Concordamos que o valor, hoje, em vigor, de R$ 3,95, é caro para quem paga, mas ressaltamos que, infelizmente, esse valor não é suficiente para custear a operação dos coletivos nos moldes atuais”, disse Valente.

Na última quinta-feira, 8, empresa protocolou na prefeitura pedido de reajuste da passagem para R$ 4,23 e entregou planilha com cálculos que levam em conta aumento no custo com combustíveis, folha de pagamento, cujo dissídio coletivo ocorre este mês, insumos para manutenção dos coletivos, a concessão de gratuidades e a compra de novos ônibus.

Para Paulo, o governo deveria reavaliar a forma de concessão das gratuidades a idosos a partir dos 60 anos (antes era dada a partir dos 65 anos), a estudantes e a portadores de necessidades especiais. Segundo ele, em Friburgo, o número de gratuidades chega a 45% dos passageiros que embarcam nos ônibus todos os dias.

“A Faol não recebe nenhum subsídio, seja do governo municipal, estadual ou federal, pela concessão da gratuidade, diferente do que as pessoas pensam. O valor acaba sendo repassado para o passageiro que paga passagem dele e do passageiro com gratuidade”, afirmou.

O diretor da Faol argumenta que a elevada carga tributária do país onera a tarifa, e propõe a implantação de vias urbanas exclusivas para ônibus na cidade, como o BRS (Bus Rapid Service), com corredores exclusivos, o que melhoraria o atendimento à população, estimulando o uso do transporte coletivo, e reduziria, na avaliação dele, o custo operacional.

“O foco de nossa empresa é prestar um serviço de qualidade à população de Nova Friburgo, o que fica evidenciado quando vemos os 42 ônibus novos colocados em operação nos últimos 6 meses, medida de maior impacto dentro de uma série de outras que já foram tomadas neste sentido e que já melhoraram significativamente o atendimento prestado, embora saibamos que ainda há muito a ser feito”, afirmou Valente.

A Faol está sob nova direção desde maio do ano passado. O Grupo Real, que comandou a empresa por cinco anos, vendeu a concessionária para um consórcio formado pelas empresas de ônibus Coesa, Pavunense e Expresso Recreio, que operam no Rio e na Região Metropolitana. Os novos donos assumiram as dívidas e o risco de renovação do contrato de concessão, que vence em setembro deste ano.

Desde que a nova gestão passou a comandar a Faol, parte da frota começou a ser substituída em contrapartida ao último reajuste da passagem. Os novos ônibus não vêm mais com a cadeira para cobrador, função que vem sendo extinta na empresa com a adoção da bilhetagem eletrônica. Cerca de 75% dos passageiros embarcam nos coletivos com o cartão, o que torna a função de cobrador obsoleta. Em 80% dos ônibus, não há mais cobradores.

Deve ser votado este ano, na Câmara Municipal, projeto de lei que tenta vedar a dupla função dos motoristas em Friburgo e restabelecer a atividade de cobrador nos ônibus. O texto, de autoria do vereador Zezinho do Caminhão (Psol), Professor Pierre (Psol) e Marcinho (PRB) segue a mesma linha do projeto aprovado pela Câmara do Rio de Janeiro e sancionado, em dezembro, pelo prefeito Marcelo Crivella.

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