Romaria montada de São Sebastião chega a Cantagalo

Ao fim da cavalgada de 400km, autoridades inauguram monumento aos 200 anos da imigração suíça
quarta-feira, 15 de janeiro de 2020
por Fernando Moreira (fernando@avozdaserra.com.br)
As autoridades junto ao monumento inaugurado (Divulgação)
As autoridades junto ao monumento inaugurado (Divulgação)

Como previsto, chegou nesta segunda-feira, 20, dia de São Sebastião, padroeiro de Cantagalo, a romaria montada que percorreu 400km desde Barra Mansa até Sebastião do Paraíba, distrito do município, desde 11 de janeiro. 

Após a chega dos cavaleiros, foi inaugurado, com a presença da cônsul suíço, Rodolfo Fehr, um monumento em homenagem aos 200 anos da chegada dos primeiros suíços à antiga Fazenda do Morro Queimado.

Participaram da cerimônia o prefeito Guga de Paula, o vice-prefeito Valdevino, o chefe de gabinete do deputado federal Luiz Lima, Welbert Pedro, e a vereadora Manuela , além do cônsul.  Os assessores Guilherme Spitz e Eduardo Fredkropf também estiveram presentes.

A cada ano os romeiros escolhem um tema para destacar durante a romaria. Neste ano o homenageado será Aluísio Braga, falecido em março de 2019, personalidade importante para a romaria e para o distrito de São Sebastião do Paraíba. Todo o percurso da Romaria é documentado em fotos e vídeos que são postados quase que diariamente na página São Sebastião do Paraíba, no Facebook.  

“Meu conterrâneo José Rosa manifestou o desejo de visitar nossa terra natal, São Sebastião do Paraíba, mas queria fazer esse trajeto à cavalo para revermos os amigos e parentes. Começamos então a organizar essa viagem. Quando fomos a São Sebastião do Paraíba combinar como seria a nossa chegada no dia 20 de janeiro daquele ano, a comunidade estava muito abalada porque iriam construir uma grande represa em Aperibé, e São Sebastião do Paraíba, como todas outras vilas e lugarejos próximos seriam inundados. Procuramos a coordenadora da Igreja, que nos informou a que a festa estava perdendo sua força e naquele ano haveria apenas uma missa e, talvez, nem a procissão, devido ao desânimo da população. Naquele momento, eu, o José Rosa e meu tio Valcir, que estava junto da gente naquele dia, assumimos o compromisso de, enquanto tivermos vida e saúde, fazer a Romaria de São Sebastião. Lá se foram 25 anos e muitas coisas boas aconteceram nesse período”, relatou Carlos Elias Santos Curty, um dos fundadores da Romaria Montada de São Sebastião.

Considerada Patrimônio Cultural Imaterial de Cantagalo, apesar de bastante tradicional, a Romaria Montada de São Sebastião era pouco divulgada e quase ninguém conhecia sua origem, tampouco sua importância histórica para o distrito de São Sebastião do Paraíba. Foi aí que entrou o trabalho voluntário de Solange de Souza Barbosa, da página Raízes Suíças, no Facebook, que decidiu colaborar na divulgação desta manifestação cultural e religiosa tão importante para a região.

“Quando comecei a página Raízes Suíças, que conta a história da migração suíça de 1819, conheci a família Curty e soube que faziam a romaria há mais de 20 anos. No entanto, ninguém tinha ouvido falar, nem mesmo familiares dos romeiros tinham ideia de como era o dia a dia deles nos dez dias de cavalgada. Comecei a pesquisar e vi como era bonito este movimento. Primeiramente, por ser uma manifestação de fé. Para o Carlos é uma missão, porque a romaria teve uma importância enorme no desfecho da construção da barragem que inundaria São Sebastião do Paraíba. É um momento de fé, acima de tudo. Como eles dizem, nesses dez dias todos são iguais. Não há distinção de alojamentos, comida, pouso. São pessoas de diversas origens que seguem os dez dias também como um movimento social”, conta Solange, que passou a acompanhar a Romaria em 2018, quando a Colônia Suíça foi homenageada.

A Romaria

Segundo a historiadora Janaína Botelho, que escreve a coluna ‘História e Memória’ em A VOZ DA SERRA, “a Romaria Montada de São Sebastião do Paraíba é um evento esportivo e de cunho religioso no qual os participantes partem de Barra Mansa, no sul fluminense, a cavalo, com destino a São Sebastião do Paraíba, distrito de Cantagalo, no Centro-Norte do Estado do Rio de Janeiro. A iniciativa da cavalgada partiu de Carlos Elias dos Santos Curty e de José Rosa com o intuito de celebrar em sua cidade natal a memória de seus antepassados, todos suíços que emigraram para o Brasil no início do século 19. A família Curty é natural de La Roche, no Cantão de Fribourg.

O percurso da cavalgada é planejado de forma que chegue ao seu destino no dia 20 de janeiro, dia do santo padroeiro de Barra Mansa e igualmente do distrito de São Sebastião do Paraíba. Precede a romaria a celebração de uma missa na igreja de Santa Cruz. A jornada leva em média dez dias, iniciando-se no dia 11 de janeiro, na alvorada, às 6h. As paradas são previamente organizadas e a romaria é acompanhada por um caminhão, para suporte. Os cavalos são examinados e preparados fisicamente para o evento através de treinamentos com exercícios diários.

Durante o percurso, à noite, faz-se novenas nas pousadas e após a reza é aberto um debate sobre a romaria e a memória familiar. Devido ao forte calor do mês de janeiro, a marcha é iniciada sempre às 5h da madrugada. No caminho, avistam-se montanhas, rios, passa-se por inúmeras fazendas históricas e localidades ribeirinhas, uma verdadeira aventura cavalgando às margens do Rio Paraíba do Sul. Na chegada a São Sebastião do Paraíba, os romeiros são recebidos com muita festa pela população local, visto ser o dia do padroeiro do distrito”.

 

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