Profissionais friburguenses otimistas com crescimento da construção civil

Setor pode gerar 150 mil postos de trabalho este ano, na previsão de ministro
sábado, 11 de janeiro de 2020
por Lyvia Stael (lyvia@avozdaserra.com.br)
Profissionais friburguenses otimistas com crescimento da construção civil

O Ministro da Economia Paulo Guedes publicou em seu perfil no Twitter, na última semana, que o setor construção civil deve crescer 3% e gerar 150 mil empregos em 2020, segundo avaliação de uma das principais entidades do segmento – a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Segundo o ministro, a estimativa supera a marca de 2019, que ficou próxima dos 100 mil postos de trabalho.

De acordo com o presidente da CBIC, José Carlos Martins, a perspectiva de expansão se dá em um cenário de juros baixos e inflação controlada. Ele acredita que o número de vagas pode até crescer mais, caso o mercado imobiliário continue surpreendendo com lançamentos de novos empreendimentos.

Entretanto, a indústria da construção se preocupa com a situação do programa Minha Casa Minha Vida, cujo futuro está indefinido, especialmente para a chamada faixa 1, que atende famílias que ganham até R$ 1,8 mil e recebem os maiores descontos. No caso das grandes obras de infraestrutura, o ritmo ainda é modesto, segundo o presidente da CBIC. Para ele, as licitações de maior porte podem ocorrer em 2020, mas as obras só devem começar em 2021.

Confira as opiniões de três profissionais friburguenses da área de construção civil ouvidos por A VOZ DA SERRA sobre a previsão do ministro:

Daniel Rubens Cardoso - Aeanf

O diiretor da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Nova Friburgo (Aeanf), Daniel Rubens Cardoso, acredita que o ministro foi conservador na previsão de crescimento de apenas 3% da indústria da construção civil.

“Vejo dois cenários positivos para um crescimento maior. O primeiro foi quando a Caixa Econômica Federal anunciou a redução nos juros para financiamento de imóveis com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). A taxa mínima caiu 0,75 ponto percentual, de 7,5% ao ano mais TR (Taxa Referencial) para 6,75% ao ano mais TR, em outubro de 2019. Há a tendência de baixar ainda mais, dependendo do fechamento das contas públicas do primeiro semestre deste ano. Essa medida já se faz notar nas incorporadoras imobiliárias, com a retomada de obras paralisadas e novos lançamentos. O segundo é a confiança da população no governo do presidente Jair Bolsonaro, principalmente na equipe econômica”, diz.

Daniel observa ainda que a construção civil em Nova Friburgo já demonstra reação positiva, mesmo que não seja tão forte como na capital fluminense. “Em nossa cidade, o setor relaciona cerca de quatro mil itens - aço, cimento, agregados para concreto, formas, vidro, telhas, entre outros - temos a indústria metal mecânica e várias empresas de fechaduras e cadeados, Nova Friburgo é campeã neste setor”, diz. 

Gustavo Sarruf - Sinduscon

O diretor-presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil da Região Centro-Norte (Sinduscon), Gustavo Sarruf, acredita que a afirmação do ministro se refere, em parte, ao setor informal que atua na área de pequenas obras e reformas; e outra parte, está baseada no aumento do número de lançamentos ocorrido em 2019.

“No caso do Rio de Janeiro, há certo otimismo por conta do aumento de lançamentos, na ordem de 30% entre os meses de janeiro e setembro de 2019. Essas construções, revertidas em vendas, podem gerar um crescimento na construção civil, e consequentemente no número de contratações. Em Nova Friburgo, o setor mais importante da construção, hoje, é o de imóveis residenciais e comerciais. Vemos pouco investimento nos setores de infraestrutura e industriais”, acredita ele. 

Com relação ao setor informal, Gustavo aponta que devem ser analisados os possíveis aumentos das vendas nas lojas de materiais de construção como indicador de crescimento, visto que o aumento do volume de vendas está diretamente ligado com o aumento da quantidade de obras e das contratações, ainda que informais.

Já no que diz respeito ao setor formal de construção civil, um dos fatores que podem afetar negativamente o crescimento local, na opinião de Gustavo, é o fato de que são raros os lançamentos que contam com financiamento em planta de bancos do governo ou privados, limitando o mercado de venda de imóveis novos em detrimento do mercado de compra e venda de imóveis prontos ou usados.

Joilson Wermelinger - empresário 

Proprietário da Gemini Engenharia e da Pedrinco, empresas de construção civil e artefatos de concreto para obras, Joilson Wermelinger está otimista e acredita que o percentual publicado pelo ministro para o ano que se inicia será ainda maior. Atualmente, a Gemini possui empreendimentos na Via Expressa - o condomínio residencial Villa das Flores, com 40 apartamentos já sendo finalizados, além de um centro comercial, com 59 salas comerciais e 12 lojas, em construção.

“Creio que em Nova Friburgo, o setor da construção civil irá crescer mais, a cidade não sentiu de maneira intensa os efeitos da crise, que começou em 2015. Após o boom de obras que aconteceu no Estado do Rio, no período de 2010 a 2014, quando várias edificações foram realizadas para os eventos esportivos, como a Copa do Mundo e as Olímpiadas, houve uma queda no setor, que perdurou até o final de 2017. No ano posterior já foi possível sentir uma melhora”, destaca Joilson.

De 2014 a 2018, o empresário admite que sentiu a queda nas vendas dos materiais essenciais para a realização de obras, o que foi  recuperado em 2019. Na construção civil, o setor mais desenvolvido é o privado, no setor público as obras estão paradas. “Esse também foi um dos motivos da queda na venda dos materiais de construção no período, com a crise do governo do Estado, as prefeituras não puderam realizar obras, quando elas aconteciam eram pequenas”, conta. 

Na área imobiliária, em Friburgo, nas construções particulares também houve melhora, segundo Joilson. Ele observa ainda que há receio de alguns investidores em adquirir terrenos ou realizar construções, por conta de um projeto da prefeitura denominado outorga honerosa, que cobrará um valor ao construtor de acordo com a metragem do terreno em que a obra será construída. “Como o valor da taxa ainda não foi definido pela Prefeitura, alguns empreendedores preferem esperar”, disse Joilson.  

 

 

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