Personalidades friburguenses posam para a campanha Laço Branco

Objetivo de movimento internacional da ONU é encorajar mulheres a denunciar abusos
terça-feira, 26 de novembro de 2019
por Guilherme Alt (guilherme@avozdaserra.com.br)
Maiara Felício, do Império das Nêgas, posa para a campannha (Fotos: Pedro Bessa)
Maiara Felício, do Império das Nêgas, posa para a campannha (Fotos: Pedro Bessa)

 

A data 25 de novembro foi proclamada pela Organização das Nações Unidas (ONU), como o Dia Internacional de Erradicação da Violência contra a Mulher. Por isso, na última segunda-feira, 25, teve início a campanha Laço Branco que vai até o dia 6 de dezembro. Até pretende-se desenvolver uma série de ações e manifestações públicas em favor dos direitos das mulheres e pelo fim da violência.

Segundo o site oficial da campanha, no dia 6 de dezembro de 1989, um homem de 25 anos (Marc Lepine) entrou armado na Escola Politécnica de Montreal, no Canadá. Em uma sala de aula, ele ordenou que os homens (aproximadamente 50) se retirassem e assassinou 14 mulheres. Em seguida, saiu atirando pelos corredores e outras dependências da escola, gritando “Eu odeio as feministas”. Desta forma, ele matou 14 estudantes, todas mulheres. Feriu ainda outras 14 pessoas, das quais dez eram mulheres. Depois se suicidou.

Segundo informações da polícia local, com ele, foi encontrada uma carta com uma lista de 19 feministas canadenses que ele também desejava matar. Na mensagem, o criminoso explicitava a motivação de suas ações: “Mandar de volta ao pai as feministas que arruinaram a sua vida”. O crime ficou conhecido como o “Massacre de Montreal”.

Um grupo de homens canadenses organizou-se na época para reforçar que existem homens que repudiam a violência contra as mulheres. Eles elegeram o laço branco como símbolo do movimento e adotaram como lema: “Jamais cometer um ato violento contra as mulheres e não fechar os olhos frente a essa violência.” Lançaram, assim, a primeira campanha do Laço Branco (White Ribbon Campaign): “Homens pelo fim da violência contra a mulher.” 

A partir desse acontecimento, o dia 25 de novembro foi proclamado pelo Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem), como o Dia Internacional de Erradicação da Violência contra a Mulher. O dia 6 de dezembro foi escolhido para que a violência cometida contra aquelas estudantes canadenses não fosse esquecida e a campanha do Laço Branco é uma maneira de homenagear aquelas mulheres brutalmente assassinadas apenas pelo fato de serem mulheres.

Ações no Brasil  

A campanha se espalhou pelo mundo e chegou ao Brasil, onde é lembrada por diversas organizações e entidades que lutam pela equidade de gênero, entre elas a ONG Reprolatina (www.reprolatina.org.br) que trabalha e luta pelo empoderamento das mulheres e pela promoção da igualdade de direitos, assim como pela liberdade do exercício desses direitos. A campanha Laço Branco completa 20 anos em 2019.

Em Nova Friburgo, a campanha Laço Branco é organizada pela produtora Ana Paula Lengruber, desde 2016. Segundo ela, na primeira edição foi feito um desfile com mulheres que já sofreram violência doméstica, além de dez dias de ativismo em conjunto com o Centro de Referência da Mulher (Crem). A organizadora disse que se surpreendeu com a quantidade de amigas que passaram ou estavam passando por situações abusivas.

A campanha foi relançada na última segunda-feira com um ensaio fotográfico com modelos homens e mulheres, pelas lentes do fotógrafo Pedro Bessa, todos voluntários e foi motivada pelo recente e brutal caso de feminicídio que teve como vítimas Alessandra Vaz e Daniela Mousinho, após um incêndio criminosos na casa de Alessandra, no distrito de Mury. “A morte delas me motivou a fazer alguma coisa. Há dois meses me reuni com algumas amigas para elaborar a campanha. O fotógrafo Pedro Bessa, de forma voluntária, abraçou a causa e fotografou pessoas dispostas a colaborar. A jornalista Isadora Massena fez a arte, eu toda a concepção da campanha. O roteiro ficou por conta da jornalista Naiara Rentes.  Lançamos a campanha no último dia 25 e faremos pelos próximos dez dias, ações ativistas”, assegurou Ana Paula. 

Assim que as fotos foram postadas nas redes sociais, a campanha Laço Branco ganhou a simpatia e o interesse de muitos. A camisa usada contém uma mensagem simples, mas de grande impacto: “Juntos somos fortes contra a violência doméstica”. A repercussão foi tanta que há uma ideia de se fazer um novo ensaio fotográfico. “As pessoas estão pedindo para serem fotografadas e por isso lançamos um apelo aos fotógrafos de Nova Friburgo que queiram nos ajudar e se voluntariar para realizar essa ação. Acredito que pelo número de pessoas dispostas, será mais de um ensaio fotográfico. As fotógrafas Amanda Tinoco e Heloísa Torres, além de Pedro Bessa, já se ofereceram para fazer fotos, mas precisamos de mais profissionais que queiram se voluntariar”, convocou a produtora.

Fazendo a diferença

A vontade de fazer a diferença é tamanha que a loja Oficina da Cor confeccionou as camisas da campanha gratuitamente. A ideia é encorajar mulheres a denunciar comportamentos abusivos. Além de contar com inúmeros voluntários para posar para as lentes dos fotógrafos, muitas pessoas se interessaram em adquirir as camisas usadas no primeiro ensaio. Segundo Ana Paula já foi realizado um novo pedido para confecção de novas camisas, em diversos tamanhos.

“Fizemos um pedido de mais 50 camisas que vamos vender a preço de custo. Não queremos ganhar dinheiro com isso, queremos que as pessoas tenham as camisas, que as pessoas usem e encorajem mulheres a fazer denúncias”, disse Ana Paula.

 

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