Os "followers" da palavra de Deus

Grupos de jovens promovem aproximação mais direta com a igreja e a família
sábado, 08 de dezembro de 2018
por Paula Valviesse (paula@avozdaserra.com.br)
Os "followers" da palavra de Deus

O acesso às redes sociais pelos jovens já foi tema de várias pesquisas, inclusive sobre como o tempo dedicado ao mundo virtual influencia as relações familiares. Essa popularização da tecnologia traz benefícios, como a facilidade de acesso à informação, mas em alguns casos também tem levado os pais a buscarem auxílio para saber como lidar com os filhos, como se aproximar deles e até mesmo como gerenciar os riscos da exposição excessiva.

Nesse contexto, o padre Fernando Pacheco Azevedo, da Paróquia Santa Teresinha, em Conselheiro Paulino, orienta: “não há soluções mágicas, o mais importante é a presença dos pais na vida desses jovens. É educar na liberdade para conquistar a responsabilidade”.

O pároco, que também é assessor da Pastoral da Juventude no Vicariato Sede,  conta que a paróquia tem sido procurada por jovens de outros bairros. Dois movimentos crescem a cada dia: o Jovem Fanuel e a Caminhada de Emaús Jovem. Ao avaliar essa manifestação de fé dos jovens, muitos pais o procuram:

“Recebemos pais que buscam orientações sobre casos de tentativas de suicídio, automutilação (que têm sido frequentes ultimamente), questões que crescem entre jovens que não vêem sentido na vida. A igreja tenta apresentar um sentido, mostrar um caminho. Temos presenciado, um tanto perplexos, as novas formas como as famílias vêm se estruturando e a paróquia acaba sendo um refúgio, pela solidez que a igreja tem”, comentou.

Ele explica que não se pode fazer uma “demonização” dos recursos tecnológicos, pelo contrário, é de conhecimento geral que, quando eles são bem administrados, fazem um grande bem. Inclusive, destaca as ações do Papa Francisco nas redes e a importância de a igreja estar onde os jovens estão: “O problema são os extremos. Hoje em dia as relações estão muito superficiais e o ser humano precisa de laços afetivos. Os jovens, carentes, procuram refúgio nas redes sociais”.

E completa: “A palavra é presença. Muitos pais vivem o drama de não terem autonomia. Não conseguem impor limites e, principalmente, não acompanham de perto a educação dos filhos, seja por trabalho ou por outras responsabilidades. Delegam a educação dos filhos à escola e à igreja. Então, oriento que se façam mais presentes, que dialoguem e ganhem a confiança dos filhos, mas, impondo limites. Afinal, com um clique o jovem tem acesso a tudo, coisas boas e ruins. É preciso resgatar valores familiares, educá-los na liberdade, mas mostrando como administrar o acesso às redes, com responsabilidade”.

Caminhos que transformam

O padre também destacou que a aproximação dos adolescentes com a igreja auxilia na construção de valores e no cotidiano com a família, mas deve partir do próprio jovem.

“Para os grupos Fanuel e Emaús, regulamos a idade entre 14 e 20 anos. Temos algumas exceções, mas esses movimentos requerem um certo nível de maturidade. São jovens evangelizando outros jovens. Muitas vezes, o adolescente chega aqui ‘ferido’ por circunstâncias da vida, perdido em problemas familiares, desorientados com a questão das drogas e do vazio que sentem em meio a relações desregradas, efêmeras. Quando participam desses encontros, se reconhecem nas histórias dos outros. Nosso papel, a função da igreja é lhes apresentar o caminho, ajudar, não por imposição, mas por escolha deles”, explicou.

Essa identificação tem a ver com o fato de jovens estarem à frente dos grupos: “Vemos um adolescente participar dos encontros e começar a modificar o seu comportamento. Mas ele não está alheio ao mundo, então os amigos também percebem isso e muitos buscam a igreja após observarem essa transformação, gerando uma atração espontânea. E esse é o poder da figura de Jesus Cristo, de cativar, de confortar e dar um sentido novo às pessoas. Tudo o que fazemos na paróquia gira em torno d’Ele”, encerrou o padre.

 

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