Novas gerações de friburguenses vão muito além das nossas fronteiras

Conheça nove exemplos de jovens com talento tipo exportação e que fazem o maior sucesso fora da terrinha
sábado, 10 de novembro de 2018
por Ana Borges (ana.borges@avozdaserra.com.br)
Lucas no outdoor gigante em Nova York (Arquivo pessoal)
Lucas no outdoor gigante em Nova York (Arquivo pessoal)

LUCAS MAGALHÃES CANTO, é diretor de arte da Stone.  Tem 25 anos, é formado em Comunicação na ESPM-Rio, mas nunca trabalhou apenas com publicidade. Ele conta que sempre foi inclinado a “fluir por áreas primas como design e marketing”, para marcas como Coca-Cola, Sandálias Ipanema, Prudential, White Martins. Desde que morava em Friburgo, Lucas já era apaixonado por esse mercado. “Até hoje, tem algumas marcas minhas espalhadas pela cidade, que contam um pouquinho dessa história”, revela.

Nesta entrevista, Lucas conta como se tornou diretor de arte da Stone, processadora brasileira de cartões de crédito, fundada por dois amigos em 2012. Operando em todo o Brasil, mês passado as ações da empresa foram negociadas na Nasdaq, a bolsa de ações de tecnologia dos EUA, captando US$ 1,5 bilhão. É nessa Stone que o jovem Lucas Canto vem pavimentando seu caminho rumo ao sucesso. Confira.

Como foi sua ida para a Stone? Entrei na Stone em abril de 2017, como diretor de arte. Na época, fui convidado para integrar a equipe que faria o rebranding (reformulação) da companhia. Foi um projeto com um ano de duração no total, que deu origem às famosas maquininhas verdes da Stone, junto ao novo logo e sistema de marca. Foi um sucesso e desse projeto surgiram outros. Acabei me apaixonando pela empresa, pelas pessoas e pela marca e desde então, aqui estou, firme e forte. Quando a Stone passou a operar em Nova Friburgo (sim! temos um escritório aí, com pessoas excepcionais!) fiquei me sentindo um pouquinho mais perto de casa.

Como se sente em relação a esse momento da sua carreira?  Estou feliz, confiante e motivado. Não sei bem se essas são as melhores palavras, acho que elas são consequências de uma que é desafiado, e resume bem. No mercado criativo e de fintechs, a motivação vem muito do desafio que você se propõe. A felicidade é consequência do trabalho bem feito, mas não pode durar muito. No dia seguinte já tem um desafio novo e a motivação se renova junto. No último mês atingi marcos na carreira que nunca tinha imaginado, foi um mês muito especial, de concretizar um projeto grande. Mas, desde que voltei de NY (onde esteve para o lançamento da Nasdaq) já estou procurando o próximo.

Quais são as suas expectativas sendo ainda tão jovem? Apesar de saber que ainda sou, não me sinto tão jovem no dia a dia. A média de idade em fintechs é de 24 anos. É uma cultura muito diferente, com pessoas jovens e muito fora da curva. Sou cercado por pessoas muito melhores do que eu, e isso me faz querer aprender mais e ser melhor a cada dia. Acho que o mercado finalmente está entendendo que idade não é tudo, visto que estamos dando bastante trabalho e noites viradas para os ditos “dinossauros do mercado”.
 

Na sua área, como você avalia o mercado de trabalho no Brasil? Acredito que a indústria criativa no Brasil está ganhando força, apesar das notícias, às vezes, serem negativas. São nas crises que precisamos ser mais criativos para encontrar soluções de negócios, e no momento atual brasileiro o que não falta é crise para os criativos se destacarem. Além disso, o mercado financeiro e de pagamentos nunca esteve tão aquecido, e ainda tem muita margem de crescimento. Então a perspectiva é bastante positiva.
 

Quanto foi desafiador entrar para a Stone? Entrei na Stone como diretor de arte. Hoje estou à frente do time de branding e comunicação, coordenando a equipe como brand manager. O desafio de fazer uma marca como a Stone ganhar propensão exponencial, é colossal. Se o trabalho anda junto com a ambição, a caminhada vai ser longa. A sorte é trabalhar com pessoas que me ensinam mais todos os dias.
 

Agora, qual a sua perspectiva? Particularmente, a minha perspectiva é conseguir desenvolver cada vez mais a cultura de branding no meio executivo. Não vemos muito essa cultura em terras tupiniquins, que durante décadas foi dominada apenas pela indústria de vendas. A diferença é muito clara. A primeira é orientada para o cliente, a segunda, ao produto. Então, acredito estar no lugar perfeito para fazer isso. Na  Stone temos o cliente como centro da nossa cultura. Isso facilita muito meu trabalho.

Tem planos de sair do Brasil, estando ou não na Stone, seja para trabalhar ou estudar?  Como disse anteriormente, o mercado está bem aquecido e não vejo motivações para sair do Brasil, no momento, para trabalhar. Pretendo fazer saídas periódicas para estudos e benchmarks em outras empresas no exterior. Trazer pra cá as novidades e antecipar tendências. Tudo muda muito rápido, e se você quer chegar longe, não dá pra se acomodar.

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CHRISTIAN BIZZOTTO é maestro e regente dos coros do Detran, do Tribunal de Contas do Estado (TCE), do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) e da companhia EmBando, além de ser  diretor musical e pianista dos grupos vocais da Cesgranrio, do Imperator e do Vozes Cariocas. A relação de Christian com a música começou na infância, em Friburgo, onde nasceu. Cresceu num ambiente musical proporcionado pelo pai, o violonista Giovanni Bizzotto, mas foi o avô materno, pianista, sua maior inspiração. Descobriu que preferia as teclas às cordas. Dos oito aos 15 anos, teve aulas no Conservatório de Música do Rio, e o pai o incentivou a estudar também percussão e canto coral, para enriquecer seu conhecimento musical. Matriculou-se em três corais e assim aprimorou seu “ouvido harmônico”.

 Após concluir a escola, entrou para a Unirio e aos 32 anos, bacharel em arranjo, é referência para 240 vozes em sete corais: um deles o Sidney Marzullo, do CIEE, é composto por deficientes visuais.

Foi pianista em espetáculos como “Milton Nascimento — Nada será como antes”, “Alô, Dolly”, com Marília Pêra, direção de Miguel Falabella, “Chacrinha, o Musical”, com Stepan Nercessian, direção de Andrucha Waddington. Está à frente da Orquestra Manouche e integra o grupo Cria, de músicas autorais para crianças, cujo novo disco, “Pra bagunçar”, foi lançado mês passado no Teatro Municipal.

A Orquestra Manouche nasceu no núcleo de criação do segundo álbum do cantor e compositor Betto Serrador, ‘Quintal sentimental’. Manouche significa cigano, ausência de fronteiras. E é este conceito que inspira a sonoridade da orquestra, uma companhia de artistas performáticos, compositores e arranjadores experientes, que tem como premissa o desenvolvimento de espetáculos inteiramente autorais e imagéticos, somando movimentação e performance à música. Essa experiência única e surpreendente pode ser apreciada mês passado, outubro, no Teatro Rival Petrobras, na Cinelândia, com um belo espetáculo.

A formação da orquestra é composta por 11 músicos multi-instrumentistas: Betto Serrador (cantor, pianista, violonista e compositor); Christian Bizzotto (pianista, acordeonista e arranjador); Duda Maia (diretora cênica); Alessandro Jeremias (trompista); Tiago Viana (Trompete); Adriano Garcia (Trombone); Jonas Hocherman (Tuba e trombone baixo); Márcio Loureiro (Baixo), Cauê Nardi (Guitarra e Violão), Rick De La Torre (Bateria) e Ayran Nicodemo e Renata Athayde (ambos no violino). No repertório, canções de trabalho do álbum, estreando “Seja o que Deus Quiser” e “Céu de Outono” além de sucessos do álbum “Quintal Sentimental” como “O Domador”, “Pra Ganhar o Céu”.

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BRUNO E PEDRO RUTMAN PAGNONCELLI, ex-alunos do DAD (Departamento de Artes & Design) da PUC-Rio, juntamente com Bruno Ferrari, receberam mês passado, outubro, e o prêmio Ray of Hope pelo projeto Nucleário, feito com a orientação do professor Augusto Seibel. Esse trabalho também já foi premiado pelo BraunPrize, IdeaBrasil, International Design Excellence Awards, Red Dot Awards e GreenDot, além de ter sido finalista do Desafio Ambiental do WWF – Brasil, 2017.

Os irmãos, criados em Nova Friburgo, estudaram no Colégio Nossa Senhora das Dores, e hoje estão radicados em Lumiar, onde desenvolvem o Nucleário, uma startup voltada para os problemas causadores da degeneração da Mata Atlântica do Brasil. O principal objetivo da Nucleário é criar soluções inovadoras, inspiradas nos resultados oferecidos pela própria natureza para o reflorestamento de áreas de uso intenso da monocultura e de pastagem de gado.

No Brasil, a Nucleário participou do programa de aceleração Inovativa Brasil, realizado no primeiro semestre de 2017. A startup também foi premiada mundialmente – na Alemanha, Singapura e Estados Unidos. O prêmio mais recente foi o Biomimicry Global Challenge, no qual ganhou uma aceleração na Califórnia durante um ano e US$ 100 mil do Ray of Hope Prize, do Instituto Ray C. Anderson.

A proposta se direciona para a dispersão aérea e o sistema autônomo projetado fornece as condições necessárias para que um grupo de sementes consiga enraizar e, em conjunto, sobreviver até atingirem a maturidade. Tudo isso sem a necessidade de mão de obra humana para todas as fases do cuidado, principalmente para o pós-plantio de cada muda plantada. Com esse dispositivo, é possível plantar mais floresta em um espaço menor de tempo.

Bruno e Pedro tiveram a ideia para o projeto após voo de parapente pela floresta tropical e constataram o desmatamento que a área havia sofrido. “Um dia, voando alto, eu vi uma área realmente grande sem floresta, só capim. Percebi que precisávamos fazer uma inovação para resolver aquele problema", comentou Bruno Rutman Pagnoncelli, designer industrial.

O Desafio Ambiental, voltado para inovações e empreendedorismo em restauração florestal do WWF-Brasil, é uma ação que busca identificar e fortalecer experiências inovadoras e modelos de negócio e de produção que promovam a restauração florestal em quatro biomas brasileiros: Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica e Amazônia.

Segundo a equipe da Nucleário, há 17 milhões de hectares de terra com o potencial de serem salvas. Além disso, o produto pode ajudar a tornar possível alcançar as metas de acordos ambientais, como o Bonn Challenge e o Acordo de Paris, por exemplo.

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ELISA VIDAL mora em Paris, onde é diretora global do e-commerce e gerente de grupo de operações digitais da L’Óreal, desde 2017. Tem 32 anos e foi uma das personalidades perfiladas na reportagem especial da Época NEGÓCIOS, de outubro, sob o título “Como 40 brasileiros estão transformando alguns dos maiores negócios do mundo - Executivos tipo exportação”.  Sobre a diretora nascida em Friburgo, destacou:  “Elisa começou na L’Óreal Brasil em 2013, já em digital. Rapidamente, sua área ganhou projeção - e a jovem junto com ela. há um ano e meio, Elisa recebeu o convite para Paris. Pus minha filha (bebê) debaixo do braço, peguei meu marido e fui. A experiência diversificada, diz ela, foi imprescindível para a conquista do cargo: Trabalhei em veículo, em agência, em cliente… Tenho uma visão ampla do negócio. Outra característica bem-vinda: Elisa adora sair de sua zona de conforto”.

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SANI GUERRA, com sua arte, invade o Rio e São Paulo. Ela estudou Desenho Industrial na Faculdade da Cidade (1992) e frequentou a Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV/Turma 2006-2010). Em 2008, a artista iniciou o Projeto Construção, criando peças escultóricas tendo como molde monumentos históricos e arquitetônicos. As intervenções foram exibidas no MAM, no Parque Lage e outros espaços, no Rio.

Em 2009, Sani participou do Salão de Artes Plásticas de Petrópolis, expôs no Centro de Cultura Raul de Leoni e recebeu o Prêmio Interações Estéticas-Funarte-MinC. De  participações em coletivas, merecem destaque a 21ª edição do Salão de Arte no Clube Hebraica (SP); Mulheres, chegamos, na Galeria Graphos (Rio, 2014); e 45º Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilloto (SP, 2017).

Foi finalista da campanha Capa Revista Dasartes 76 (2018); menção honrosa Parla PUC-Rio (2013); venceu o Concurso Garimpo da Revista Dasartes Brasil (2013) e levou o Prêmio Interações Estéticas, pelo Projeto Construção (2009).

Entre outras publicações nas quais Sani Guerra pontuou, destacamos o catálogo da exposição Novíssimos, com texto do curador Cesar Kiraly (2018); Desver a Arte, Galeria Emmathomas, com texto do curador Ricardo Resende (2018); Memória e Impermanência, com textos das curadoras Isabel Sanson Portella e Tatiana Martins (2016); arte do álbum Brinquei de inventar o mundo, da cantora Jozi Lucka, produzido por Moreno Veloso (2015).

Como tem sido 2018 para você, como artista? Em 2018 firmei minha parceria com a galeria Emmathomas que me representa em São Paulo. Em abril participei da coletiva de inauguração da nova gestão do espaço pelo artista, colecionador e empresário Marcos Amaro e direção artística do curador Ricardo Resende. A exposição fez parte da programação do Gallery Night que antecede a SP-Arte – Festival Internacional de Arte de São Paulo.

E no Rio, quais suas atividades mais recentes? Em março iniciei uma residência artística de sete meses, explorando espaços que abrigam parte da Mata Atlântica, tais como a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, a Colônia Juliano Moreira onde funciona o Museu de Arte Contemporânea Arthur Bispo do Rosário e o Campus da Fiocruz Mata Atlântica, a pista Claudio Coutinho que fica aos pés do Pão de Açúcar e outros espaços públicos que se relacionam com a mata. As cinco telas expostas na ArtRio 2018 fazem parte de uma série de pinturas que venho desenvolvendo, partindo dessa pesquisa. A ArtRio é uma feira de Arte do Rio de Janeiro que em sua oitava edição apresentou, em um mesmo espaço, obras de grandes mestres e também o trabalho de novos artistas. Minhas pinturas foram expostas no Stand da Galeria Emmathomas.

Como você avalia a resposta do público ao seu trabalho? Tenho tido uma resposta positiva. Conheci novos curadores que escreveram sobre o meu trabalho, pontuando aspectos interessantes da minha poética. Hoje posso trocar com artistas incríveis que sempre admirei e que valorizam minha trajetória e minha pesquisa artística. Na ArtRio percebi de perto a reação do público vendo meus trabalhos, o que foi muito gratificante observá-las, reconhecendo minha pintura, identificando-a mesmo antes de saberem de quem era. Tive o prazer de receber artistas, amigos, desconhecidos, colecionadores e conterrâneos que me prestigiaram.

Quais seus planos para o próximo ano? Estou trabalhando para duas individuais, no Rio e em São Paulo, e pretendo fazer uma residência artística no exterior.

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JOZI LUCKA, cantora, compositora e violonista, finaliza em estúdio nova produção musical.  Seus fãs não perdem por esperar seu novo trabalho: no momento, ela está em estúdio, finalizando a produção de um Extended Paly - EP. “O novo projeto reúne quatro músicas inéditas autorais em parceria com Luís Nenung, músico e poeta do duo “Os The Darma Lóvers”, também parceiro de Paula Toller, Liminha, Dado Villa-Lobos e Ronaldo Bastos”, adiantou.

Jozi lembra que essa parceria com o Nenung já foi revelada em seu álbum Brinquei de Inventar o Mundo produzido por Moreno Veloso, filho de Caetano Veloso, que, segundo o jornalista Arthur Vilhena escreveu na época do lançamento, em 2016, “acumula mérito próprio pela peculiaridade e qualidade do trabalho que desenvolve. Como se não bastasse, tocou, aqui, diversos instrumentos, indo de baixo acústico a surdo, passando por bongo e congas, entre outros”.

Quanto a Jozi, Vilhena foi definitivo: “Para quem acha que, no Brasil, pop é sempre diminutivo de popularesco, é chegada a hora de rever seus conceitos. Jozi Lucka é a prova. Trata-se de artista que preenche lacuna embaçada da música tupiniquim: não rebola até o chão, não canta sobre porres na balada, não compõe letras baseadas em onomatopeias. Mas é pop. E com aptidão, fruição e sentido”, decretou.

Roberto Menescal foi um dos primeiros a se manifestar a respeito da jovem cantora e compositora, em início de carreira: “Conheci Jozi como uma das milhares de pretendentes à carreira de cantora que encontrei em minha vida. Ela veio me procurar com uma fita, como todas as outras, e eu a preveni que diria exatamente o que achasse. De cara gostei do seu papo e de sua determinação. Ao ouvir a fita tive a certeza de que ela seria uma das próximas grandes da MPB.”

Com esse cacife Jozi iniciou sua carreira, tendo como parceiro musical, nada menos que Menescal, um dos fundadores do movimento Bossa Nova, participando de produções, shows e discos dele, para o Japão.

Lançou três álbuns autorais, Intacta (2002), Pra te Pegar (2011) e Brinquei de Inventar o Mundo (2015). Bem antes, em 2008, classificou-se para a final do Prêmio Sesc de Música Tom Jobim, realizado em Brasília.

Em 2012, Jozi gravou o CD Winter Romance/Bossa Nova, produzido por Kazuo Yochida, lançado no mercado japonês. Nesse mesmo ano, gravou participação no CD Ditos e feitos, de Roberto Menescal, nas faixas Ciúme (Carlos Lyra) e Anohi Ni Kaeritai (Retornar àquele dia), de Yumi Arai, vrs: Jota Efe.

Formada pela Universidade Candido Mendes, fez canto lírico no Conservatório Brasileiro de Música, estudou na Escola Villa-Lobos e cursou a UniRio. Em estúdios, além de Roberto Menescal, gravou com Emílio Santiago, Maria Creuza, Carlos Lyra, Danilo Caymmi, Dorival Caymmi.

Participou de festivais e prêmios de música pelo Brasil interpretando suas composições e Menescal, além de músicas de Fátima Guedes, Moacyr Luz, Aldir Blanc, Altair Veloso, entre outros. Integrou o Projeto Aquarius, na homenagem a Copacabana com a Orquestra Sinfônica Brasileira, sob a regência do maestro Isaac Karabtchevsky, em 1992. Fez shows no Circo Voador, Mistura Fina, People, Jazzmania, Espírito das Artes, Centro de Referência da Música Carioca e Cinematheque (Rio), além de festivais como o Sesc de Inverno de Nova Friburgo.

Como cantora de standards de jazz, apresentou-se no projeto Bebop do meu Samba, gravou e fez shows com a centenária Banda Euterpe Friburguense, no projeto “Banda na Praça”, interpretando Antonio Carlos Jobim.

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PEDRO CONCY criou a maior plataforma de projetos pedagógicos do Brasil, a Estante Mágica, com o amigo Robson Mello. Através dela, mais de 250 mil crianças publicaram o próprio livro gratuitamente. Friburguense, graduado em Direito (UFF) e apaixonado por livros desde a infância, Pedro abriu mão de sua carreira como advogado, assim como o sócio, para realizar o sonho - que começou a tomar forma em 2009 -, de ajudar a transformar a educação. Quase 10 anos, uma equipe afiada e mais de 100.000 alunos depois a Estante Mágica desenvolve projetos pedagógicos para alunos de educação infantil e ensino fundamental I.

Com uma jornada intensa e desafiadora, cujo lema é transformar o mundo pela educação, a equipe revela a receita do sucesso do projeto: uma colher de inconformismo, duas pitadas de diversidade, quatro doses de paixão. “Agora, nossa expectativa é impactar 1 BILHÃO de crianças por todo o mundo até 2030. Até o momento já são cerca de 3.000 escolas participantes e mais de 250 mil crianças que já escreveram suas próprias histórias em todos os estados do Brasil, além da presença recente da Estante Mágica em escolas do México, Argentina e Colômbia”, revelou Pedro.

A Estante Mágica foi fundada no quarto da república onde Pedro morava, em 2009. “Era uma empresa de garagem, sem a garagem”, brinca Robson. Antes de chegar ao projeto final, eles estudaram algumas opções, como vender livros personalizados, montar livraria virtual, criar oficinas de contação de histórias e publicar livros com curadoria específica.

A luz no fim do túnel surgiu após uma pesquisa junto aos professores, em que a maioria sugeria que o bom seria se o aluno pudesse escrever seu próprio livro. Em 2012, depois de fazer contato com mais de 100 gráficas em todo o país, eles encontraram a melhor solução para o processo gráfico. Fizeram mais testes até conseguirem os primeiros clientes, entre eles o Instituto Abel, a primeira grande escola:

“Acreditaram na gente. Eram tolerantes com os nossos erros e muito parceiros”, contam. A essa altura, já estavam alocados em uma pequena sala em Copacabana. No início, eram quatro funcionários, mas logo o espaço ficou pequeno para a equipe de 12 pessoas, que trabalhava até no banheiro. Em 2016, já com 34 funcionários, mudaram para uma casa de vila no Catete. Depois, para um estúdio de 300 m2, no mesmo bairro, onde permaneceram até o começo deste ano. Com a expectativa de crescimento em 2018, eles alugaram um andar inteiro no centro do Rio de Janeiro.

Para atender à demanda atual, a Estante Mágica conta com uma equipe de 105 pessoas, formada por jovens na faixa etária de 25 e 26 anos. A turma trabalha em ritmo de cooperativa, com os espaços abertos e salas de recreação, alimentação e leitura:

“A empresa trabalha com valores, como encantamento transformação, autonomia, família e diversão. É importante reforçar que prezamos o resultado, porém, estamos atentos ao que isso gera nas pessoas. O stress não é produtivo”, dizem.

Os projetos pedagógicos da Estante Mágica são implementados, sem custos, pelas escolas, em um formato simples: o colégio se cadastra na plataforma, escolhe a proposta de conteúdo que quer adotar em sala de aula e, a partir daí, cada aluno cria a sua própria história, com textos e desenhos. O tema campeão deste ano, por exemplo, foi “Copa do Mundo”, escolhido por 139 instituições, mas há várias opções como:  família, amizade, educação financeira, mitologia grega e outros.

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ILONA SZABÓ DE CARVALHO é cientista política especializada em segurança pública e política de drogas, e diretora-executiva do Instituto Igarapé, fundada por ela e o marido Robert Muggah, economista e acadêmico canadense. Em entrevista à revista Exame, declarou: “Lemas como ‘Bandido bom é bandido morto’, ao contrário do que possa parecer, colocam todos nós em risco”. Autora do livro Drogas: as histórias que não te contaram (ed. Zahar), lançado em 2017, Ilona é co-roteirista do documentário Quebrando o Tabu.

Entre 2003 e 2005, coordenou uma das maiores campanhas de coleta de armas da história, que resultou em mais de 500 mil armas de fogo retiradas de circulação em todo o Brasil. Também coordenou a participação da sociedade civil para a Declaração de Genebra sobre Violência Armada e Desenvolvimento entre 2009 e 2012. Entre 2008 e 2010 foi secretária-executiva da Comissão Latino-americana sobre Drogas e Democracia.

De 2011 a 2016, foi secretária-executiva da Comissão Global de Políticas de Drogas, onde organizou encontros e debates para divulgar práticas sobre políticas de drogas adotadas em mais de 30 países, ao lado dos ex-presidentes Cesar Gaviria, Ernesto Zedillo, Fernando Henrique Cardoso e Ruth Dreifuss, e do ex-secretário geral da ONU Kofi Annan.

Colaborou com a produção de documentos-referência sobre política de drogas, usados tanto na experiência de regulação da cannabis no Uruguai como no Acordo de Paz na Colômbia. Recebeu o prêmio internacional Líder Responsável da Fundação BMW, e em 2015, foi nomeada Jovem Líder Global pelo Fórum Econômico Mundial. Desde então participa anualmente dos encontros anuais do Fórum, em Davos.

Em 2016 foi jurada internacional para o Desafio Bloomberg para Prefeitos na América Latina e atua como consultora para organizações internacionais, como a OCDE, PNUD, UE e ONGs internacionais, conduzindo avaliações pela América Latina e África.

Sua obra mais recente, escrita em parceria com Melina Risso, doutora em administração pública pela Fundação Getúlio Vargas, Segurança pública para virar o jogo (Ed. Zahar), “mostra um panorama dos principais desafios da segurança pública e da justiça criminal no Brasil, em busca de respostas para perguntas-chave do setor, como: por que o Estado brasileiro não consegue proteger os cidadãos? O que causa tanta tragédia? Como governar a segurança pública?”  

Em agosto último, reafirmou em entrevista para o jornalista Leo Branco (revista Exame) que o livro estava sendo lançado em plena campanha eleitoral, por uma questão estratégica.

“Nosso objetivo com o livro é explicar o tema de forma acessível trazendo dados, exemplos concretos e propostas para os principais eixos da questão, e desta forma contribuir para que os cidadãos votem de forma mais consciente e informada. Não queremos que o medo e a desinformação limitem nossas escolhas. O livro é um dos materiais que serve de base para uma campanha e um site que estamos lançando em 03 de setembro chamada – Para virar o jogo (www.paravirarojogo.com.br). Segurança pública é um dos principais temas do debate eleitoral e que pode definir muito mais que quatro anos de governo. Pode traçar a visão e o rumo que o país seguirá no âmbito democrático. Sua compreensão ainda é muito limitada pela sociedade e até mesmo pelos governos e instituições públicas. É muito mais que polícia, começa na prevenção, envolve obviamente as polícias estaduais e federais, a defensoria e o Ministério público, as varas de execução penal e o sistema penitenciário. É uma responsabilidade compartilhada por diversas instituições do sistema de segurança pública e justiça criminal.”

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GABRIEL SALIM RIBEIRO é jogador de futebol, brilha na Europa e aguarda novos desafios.  “Eu comecei na escolinha do Nova Friburgo Country Clube, com os professores Daniel e Fajardo, e depois fui para o Nova Friburgo. Lá, o Brandão (diretor de Futebol) agendou um teste no Flamengo pra mim e para outros garotos da cidade. Quando cheguei e vi 200 garotos, pensei que não passaria. Tive a felicidade de, após dois treinos, o Flamengo pedir os meus documentos para me federar e permanecer no Rio”, contou.

Assim Gabriel deu início à carreira nas divisões de base do Flamengo, aos 10 anos de idade, onde permaneceu por algumas temporadas e se destacou. Tanto que nessa condição chegou à Seleção Brasileira (divisões de base), e como consequência chamou a atenção do Liverpool, da Inglaterra. Vestiu a camisa do tradicional clube inglês em 2009. Mas, o impasse nas negociações entre Flamengo e Liverpool, o trouxeram de volta para o Rio de Janeiro. Sem clima no rubro-negro da Gávea, acertou a rescisão de contrato e foi trilhar novos caminhos no futebol europeu.

Sobre a proposta do Liverpool, Gabriel lembra: “Recebi o convite para jogar no Liverpool em 2009, e fiquei por seis meses na Inglaterra. Estava tudo certo para realizar o sonho de jogar num clube daquele tamanho, mas tive problemas com o Flamengo, que pediu uma quantia muito alta para a minha idade. O Liverpool não quis pagar, e foi uma decepção muito grande. Voltei pro Rio, mas a minha relação com o Flamengo ficou estremecida. Era um sonho meu ficar na Inglaterra.”

Aos 15 anos de idade, já habituado com a pressão de defender um grande clube do futebol, fechou com a Associazione Calcio Bellinzona, da Suíça, de onde rumou para a Itália, onde atuou por seis anos. Jogou pelo Genoa, clube importante da elite italiana, e na sequência rodou por times menores. Em 2018 defendeu o Campobasso, da terceira divisão. No último jogo do campeonato este ano, Gabriel sofreu uma lesão no ligamento do joelho esquerdo. No momento, ele faz fisioterapia em Friburgo, e, já em fase de recuperação, aguarda a definição do futuro, sobre o qual não esconde a preferência: voltar a morar e jogar na Suíça.”

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