Nova fórmula, “seletiva” e incertezas: a prévia do Carioca 2016

Confira a preparação das equipes da Série A Estadual
terça-feira, 10 de novembro de 2015
por Jornal A Voz da Serra
Duelos com Botafogo e Flamengo podem não acontecer caso o Tricolor não passe de fase (Foto: Vinicius Gastin)
Duelos com Botafogo e Flamengo podem não acontecer caso o Tricolor não passe de fase (Foto: Vinicius Gastin)

Para os times de menor investimento, especialmente aqueles que não possuem o direito de disputar uma competição nacional — as exceções, além dos quatro grandes do Rio, são Macaé e Madureira (rebaixado para a série D) —, o Campeonato Carioca é o mais importante torneio da temporada. A partir do tradicional campeonato estadual, os clubes planejam o futuro, baseados não só na colocação final e na obtenção de vagas para o Brasileiro da Série D e Copa do Brasil, como também na garantia de receitas das cotas de televisão.

No entanto, a nova fórmula de disputa e o surgimento da Liga Sul-Minas-Rio tornam incertas quaisquer expectativas para o Carioca de 2016. Flamengo e Fluminense ameaçam jogar com o time reserva, enquanto Botafogo e Vasco defendem o fortalecimento do estadual.

“O calendário é cada vez mais favorável às grandes equipes, e isso não atende a grande massa que gosta de futebol. E também não satisfaz a produção de jogadores de futebol, que muitas vezes depende dos times pequenos. A elitização facilita a quem organiza, pois quanto mais clubes pararem é melhor. Foi colocado na cabeça do torcedor brasileiro, aos poucos, que tínhamos que copiar a Europa, que lá é organizado. Tudo isso foi plantado, e hoje mesmo com mais de 600 clubes no país, organiza-se um calendário para 100 clubes nas quatro divisões do futebol nacional”, avalia o gerente de futebol do Friburguense, José Siqueira.

Para se ter uma ideia, Bangu, Barra Mansa, Friburguense, Nova Iguaçu e Tigres do Brasil (times que estiveram na primeira divisão estadual neste ano), que não disputaram competições nacionais em 2015, entraram em campo nas 15 rodadas da Taça Guanabara — a primeira fase do Campeonato Carioca — e também nos jogos da primeira fase da Copa Rio, totalizando 23 jogos no ano de 2015.

Nova fórmula “exclui” oito times

A primeira fase do Estadual será formada por dois grupos, com oito representantes cada. A disputa será cruzada, ou seja, os times da chave A enfrentam os do B, em sistema de turno. Os quatro melhores de cada grupo se classificam para a fase final. Esse octogonal dá origem ao grupo C e será disputado em sistema de todos contra todos. Os quatro melhores se classificam para as finais, que serão realizadas em dois jogos. O vencedor será o campeão da Taça Guanabara. Esta “elite”, provavelmente composta pelos quatro grandes do Rio de Janeiro, terá toda a cobertura da mídia e repercussão até o final do carioca.

Entretanto, os oito times que não conseguirem classificação na primeira fase formarão uma espécie de seletiva, nomeada de Grupo D, para a disputa do título Taça Rio e contra o rebaixamento. O sistema também será de todos contra todos. Os dois piores estarão rebaixados. Os dois melhores, porém, se juntarão aos dois piores da Taça Guanabara e decidirão a Taça Rio, que distribuirá R$ 500 mil. Para esses oito, vai restar apenas lutar pela sobrevivência, em meio a pouca divulgação e glamour.

Ainda de acordo com o novo regulamento, os quatro semifinalistas estarão automaticamente classificados para a Copa do Brasil de 2017. Para a Série D do Brasileirão do mesmo ano, o melhor time sem divisão na classificação geral (ordem da tabela das Taças GB e Rio) fica com a vaga. Outra novidade é o custeio das taxas dos jogos entre pequenos pela federação. O mandante receberá R$ 15 mil para não ter prejuízo nos jogos, o que já vinha acontecendo. O vencedor ainda recebe mais R$ 10 mil. Serão, ao todo, 70 jogos entre pequenos. Além disso, a Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro) abriu mão dos 10% que recebia referente às despesas das partidas.

A preparação das equipes da Série A Estadual

- Friburguense: O Tricolor da Serra passará por uma reformulação no elenco. Do total de 28 jogadores, pelo menos oito serão dispensados. Nomes como Thalles, Zé Victor, Clayton e Luiz Felipe dificilmente permanecerão em Nova Friburgo. Os experientes Cadão, Sergio Gomes, Bidu e Ziquinha devem, no mínimo, compor o elenco. A ideia é contratar entre três e quatro reforços (dentre eles um meia e um centroavante), além de integrar jovens valores da base. João Victor e Rafael, de apenas 17 anos, devem fazer parte do grupo profissional. O goleiro Marcos retorna para o estadual.

- America: O Mequinha, de volta à primeira divisão, deve ter um investimento alto na comparação com os demais times de menor investimento. O objetivo é manter a base que disputou a Copa Rio e reforçar o elenco através de parcerias firmadas com Corinthians e Botafogo.

- Bangu: Como parte da preparação para o estadual, o Bangu disputa um torneio no Vietnã neste mês. O time de Moça Bonita deve manter a base da Copa Rio, e contar apenas com reforços pontuais.

- Boavista: O time de Saquarema inicia a preparação para o estadual no dia 23 deste mês. O técnico Rodrigo Beckham está mantido, assim como grande parte do elenco. Porém, devido à alta capacidade de investimento, um número considerável de reforços de peso é esperado.

- Bonsucesso: Dono de boa campanha na Copa Rio, o time da Zona Norte carioca deve mudar pouco para o estadual. A base montada pelo técnico Marcelo Salles deve receber apenas algumas peças para o estadual de 2016.

- Botafogo: Com o retorno praticamente confirmado para a elite do futebol nacional, o Glorioso deve passar por uma grande reformulação no elenco. Apenas alguns nomes considerados importantes devem permanecer para 2016. A “barca” deve sair de General Severiano com, pelo menos, dez atletas.

- Cabofriense: Apesar da campanha regular na Copa Rio, a Cabofriense deve começar 2016 com diversas incertezas. O time de Cabo Frio foi prejudicado com a diminuição dos repasses da Prefeitura local, e ainda deve salários desde o início deste ano a atletas e funcionários do clube. A expectativa é que o time para o estadual seja apenas modesto.

- Flamengo: Caso a Liga realmente saia do papel, o rubro-negro carioca deverá usar o time B no estadual. Ainda assim, é provável que o elenco sofra algumas alterações sensíveis para o próximo ano, a começar pelo comando técnico, devido aos sucessivos fracassos em 2015.

- Fluminense: Do mesmo modo, o Tricolor deve optar por um time alternativo caso realmente dispute a Liga. No entanto, ao contrário do Flamengo, o elenco não deve ter grandes modificações. O clube pretende renovar a maioria dos contratos e segurar alguns atletas que vêm sendo sondados, como Jean e Cícero. Matheus Ferraz e Felipe Amorim devem ser os primeiros reforços.

- Macaé: A formação do elenco do Macaé vai estar condicionada à permanência na série B do Brasileirão. A equipe do Norte Fluminense luta para permanecer na segunda divisão, e caso consiga, a tendência é que o poder de investimento seja maior.

- Madureira: O Madureira, de Antônio Carlos Roy, deve buscar alguns reforços para compor o elenco que disputa a Copa Rio. Os experientes Leandro Chaves e Geovane Maranhão compõem a base da equipe.

- Portuguesa: Recém-promovida e com boa campanha na Copa Rio, a Portuguesa terá investimentos consideráveis no estadual de 2016. O time da Ilha do Governador conta com um forte aparato financeiro de empresários, e deve montar um time competitivo para, no mínimo, permanecer na primeira divisão carioca.

- Resende: A equipe do Vale do Aço sempre realiza investimentos consideráveis para o estadual. Desta forma, a expectativa é que a estratégia se repita, aproveitando parte da base montada para a Copa Rio deste ano. O bom goleiro Arthur e o experiente Marcel compõem a estrutura da equipe comandada por Ailton Ferraz.

- Tigres do Brasil: Apesar da boa estrutura física e financeira, o Tigres não deve fazer altos investimentos para 2016. A equipe de Xerém deverá apostar nas divisões de base, onde sempre revela bons valores.

- Vasco: Os investimentos do Vasco para 2016 estão diretamente condicionados à permanência na elite do futebol brasileiro. Caso não consiga escapar do rebaixamento, o cruzmaltino terá orçamento menor e time limitado na próxima temporada. De qualquer forma, a tendência é que haja uma grande reformulação no elenco.

- Volta Redonda: O Voltaço deve ter um time forte para o Carioca de 2016. A base será formada pelo time que faz ótima campanha na Copa Rio, e reforços serão contratados. Jogadores de renome não descartados pela diretoria, que costuma investir bastante para a competição estadual.

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TAGS: Friburguense | Copa Rio
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