Nosso verde ameaçado

quarta-feira, 13 de abril de 2016
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: Lúcio Cesar Pereira)
(Foto: Lúcio Cesar Pereira)

A NOTÍCIA DO possível fechamento do escritório regional do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) em Nova Friburgo pegou de surpresa os funcionários do órgão, os ambientalistas e, de resto, toda a sociedade. Paraíso ecológico plantado na Serra do Mar, possuidor de mais de 50% do seu território com área verde intocada, o município fica a descoberto na fiscalização de um de seus maiores patrimônios — a mata exuberante, sinônimo de orgulho de toda a população.

DESNECESSÁRIO afirmar a injustificada medida sob qualquer pretexto. O município teve sempre um elevado conceito ambiental exatamente por deter uma mata preservada, detentora de elogios rasgados por todos que visitam a cidade e pulmão natural contra os agentes poluidores que infestam as cidades. Deixar este rico patrimônio à mercê da saga imobiliária, dos riscos da predação das queimadas, assoreamento dos rios e outros destratos com a natureza mostra, no mínimo, falta de compromisso com a gestão ambiental. 

EXEMPLO TÍPICO da preocupação do município e da sociedade com o meio ambiente pode ser observado na reserva ecológica Bacchus, na localidade de Macaé de Cima. Em 2009, viu reconhecido o esforço de seus proprietários para preservar há mais de 40 anos em Nova Friburgo a mais importante área remanescente da Mata Atlântica pluvial fluminense. O governo do estado tornou-a perpetuamente uma RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural), garantindo, assim, aquele importante nicho de pesquisa, conservação e regeneração de florestas. 

O ESFORÇO dos proprietários pesquisadores reacende o tema junto à sociedade friburguense, as constantes preocupações com a preservação da Mata Atlântica existente no município e a adoção de adequadas políticas  ambientais que beneficiem toda a população.  E defender uma causa tão nobre não deveria parecer uma tarefa difícil, mas infelizmente é.

A DESATENÇÃO dos sucessivos governos com os biomas no Brasil levaram o país a uma incômoda situação de grande poluidor devido principalmente às queimadas na Amazônia. Mas existem outras perdas. O fenômeno se repete em diversos estados brasileiros, pondo em risco um dos maiores patrimônios da humanidade — as nossas florestas e as nossas águas. Devastações no cerrado e na Mata Atlântica também são verificadas constantemente, numa escalada destrutiva que deve ser estancada a todo o custo.

O FENÔMENO também atinge Nova Friburgo e suas reservas naturais de Mata Atlântica, principalmente nas áreas dos distritos de Lumiar e São Pedro da Serra. A crescente expansão imobiliária, aliada à venda de terras produtivas para fins residenciais coloca em risco uma área de alta relevância na manutenção do meio ambiente friburguense. Os exemplos são inúmeros, avançando por diversos caminhos, inclusive ao longo da estrada Serramar.

A CONQUISTA friburguense pela guarda perpétua de um rico patrimônio natural em Macaé de Cima deve servir, ainda, de estímulo para que outras reservas particulares possam ser criadas no município. As isenções fiscais, como o Imposto Territorial Rural da área protegida, o acesso a financiamentos especiais, além do repasse do ICMS Ecológico ao município são vantagens que se somam ao esforço de preservar o planeta enquanto é tempo.

POR TANTAS razões, a proposta do Ibama, além de extemporânea, fere direitos elementares dos munícipes em possuir um efetivo sistema de fiscalização e controle de suas matas, protegendo seu bem mais valioso. O zelo que tem sido feito pela equipe laboriosa de funcionários do órgão em Nova Friburgo não pode ser ignorado, sob o risco de colocar nosso ecossistema — já fragilizado por questões financeiras — em declínio inexorável. A medida do Ibama, se concretizada, é um verdadeiro retrocesso ambiental que não podemos permitir. Com a palavra, as autoridades e a sociedade friburguense.

 

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