Merica reforça “time” de ex-atletas que comandam base do Friburguense

Aos 32, volante retorna ao clube para comandar o time juvenil
terça-feira, 28 de abril de 2015
por Jornal A Voz da Serra
Merica e o desafio de comandar o juvenil do Frizão: “grande oportunidade”
Merica e o desafio de comandar o juvenil do Frizão: “grande oportunidade”

À beira do campo, Merica Ferreira ainda parece o volante que se destacava pela vibração e disposição. Natural de Recreio, em Minas Gerais, fez parte de um dos melhores times da história do Friburguense, em 1999. Aos 32 anos de idade, está de volta ao clube onde considera ter vivido a melhor fase da carreira. Desta vez para comandar o time juvenil, após experiência como auxiliar de Gerson Andreotti na equipe profissional. 

Merica reforça o time de técnicos das divisões de base que já vestiram a camisa tricolor — Almir Fonseca, Anderson Alves e Eduardo são os exemplos recentes. “Estou aqui há um ano e um mês, e muito feliz com todas essas oportunidades.”

Carreira: do Tupi ao Frizão

A carreira de Merica começou em 1990, quando membros da comissão técnica do Tupi observaram o então garoto em um jogo contra o time de Recreio, sua cidade natal. “Teve um jogo na minha cidade, onde a diretoria do Tupi gostou do meu futebol e me levou para fazer um teste. Passei, e fiquei no clube por vários anos. Joguei no juvenil, juniores e cheguei aos profissionais”, recorda.

O passo seguinte na carreira representou a primeira passagem pelo futebol carioca. Merica foi contratado pelo Bangu e ficou no time de Moça Bonita por duas temporadas. Na sequência defendeu o Ypiranga e retornou ao Tupi em 1998. No ano seguinte, o volante vestiria a camisa do Friburguense. A oportunidade surgiu após um duelo com o Tricolor da Serra pelo Brasileiro da série C em 1998, vencido pelo Tupi por 3x1. Merica marcou um gol e foi o responsável por marcar o meia Eduardo, hoje técnico da equipe infantil. 

“Após o jogo, o Julio Marinho (treinador do Friburguense à época) me chamou pra fazer um teste. Fiquei 15 dias, e tive que enfrentar o Vasco, campeão da Libertadores, no jogo de inauguração dos refletores do Eduardo Guinle. Tive que marcar o Pedrinho. Tive uma briga com o Felipe naquela partida, e saí aplaudido pela torcida (risos). Empatamos por 0x0, e logo depois do jogo assinei contrato.”

Depois da passagem pelo Tricolor da Serra, Merica jogou profissionalmente por mais três anos. Defendeu Vila Nova-MG, Ypiranga e Cachoeiro de Itapemirim. Ao deixar os campos, não abandonou o futebol e continuou envolvido no meio esportivo. Merica revela que recebeu um convite do gerente de futebol José Siqueira há algum tempo, mas não pôde aceitar naquele primeiro momento.

“Ele me convidou para trabalhar na base do clube, para iniciar como treinador. Como eu era casado e tinha filho pequeno, eu não pude naquele momento. Depois, com a situação mais estabilizada, eu aceitei. Estou aqui há um ano e um mês, e estou muito feliz com todas as oportunidades, especialmente com a que o Siqueira e o Gerson me deram esse ano. Foi uma experiência ímpar poder trabalhar com os profissionais, e agora retorno ao juvenil. É muito diferente a questão do vestiário profissional e juvenil. A cobrança e a responsabilidade são muito maiores. Parece que eu ganhei uns cinco ou seis anos de experiência com esse campeonato carioca.”

Merica refere-se ao cargo de auxiliar-técnico dos profissionais durante o campeonato carioca de 2015. Ao fim da principal competição estadual, retornou ao comando do time juvenil, que já havia comandado no carioca do ano passado. Nesta temporada, o time sub-17 do Friburguense começa de forma impecável a sua campanha: em três jogos, são três vitórias, sete gols marcados e quatro sofridos. Com um detalhe: vários atletas estão apenas no primeiro ano nesta categoria.

“Estamos com um time forte, bem montado e a minha felicidade é imensa de continuar trabalhando com futebol, onde vivo desde os 16 anos. Ainda mais por fazer parte da família Friburguense. Hoje eu trabalho com Sergio Gomes e Cadão, com quem tive a oportunidade de jogar, o Ziquinha e o Bidu, que estavam começando quando joguei aqui.”
“Volante” também À beira do campo

Durante a carreira de jogador profissional, Merica sempre se destacou pela disposição. Volante de muita marcação, era bastante participativo dentro de campo, com gritos de incentivo aos companheiros e a habitual raça contagiante. Características que ele leva também para o banco de reservas, em sua nova missão fora das quatro linhas.

“As pessoas dizem que eu jogo com o time o tempo todo. Parece que eu saio tão cansado quanto os meninos. Eu tento orientar ao máximo, e sempre pedindo aquela marcação forte do começo ao fim, que sempre foi uma marca minha aqui no Friburguense. É o que eu tento passar para os meninos.”

Desta forma, Merica trabalha com aquela que é considerada a melhor geração do Friburguense nos últimos anos. Nomes como o de Luis Felippe e Lucas Cunha surgiram de maneira precoce, e o sucesso nos profissionais — com apenas 17 anos — despertou o interesse de vários clubes do país. O treinador assume a responsabilidade, e já projeta novos nomes para integrar o elenco principal nos próximos anos.

“Eu vejo mais jogadores com essa qualidade. Tivemos o Lucas, o Luis Felippe, mas eu vejo nessa categoria mais uns quatro ou cinco jogadores com potencial enorme. Se não se perderem, pois é complicado prever se o jogador vai dar certo ou não nessa categoria, têm tudo pra dar certo. Mas a qualidade desses atletas com 17 anos apenas é muito grande. Com certeza o Friburguense vai ter uma base muito forte.”

Depois de passar por todo o processo da base até se tornar um jogador profissional, Merica procura compartilhar um pouco da vivência para os garotos do Friburguense. De acordo com o treinador, o sucesso na carreira só é possível com a dedicação que vai além dos gramados.

“Se você quer ser um atleta profissional, é preciso abrir mão de muitas coisas. Eu converso sobre isso com os meninos. É preciso ser profissional já no juvenil para ter chances de chegar à equipe de cima. Eu vejo uma garotada muito centrada, e que vai dar frutos para o Friburguense”, aposta.

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Treinador aposta em mais nomes de sucesso para o clube: “quatro ou cinco vão brilhar”
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TAGS: Friburguense | futebol
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