Masterclass encerra Semana de Filmes de Fribourg

Em entrevista exclusiva, cineasta suíço Jean-Théo Aeby dá uma aula de cinema, em francês. Veja o vídeo legendado
sexta-feira, 11 de maio de 2018
por Leo Arturius (leo@avozdaserra.com.br)

O cinema suíço tem feito parte do dia a dia dos friburguenses. Em comemoração ao bicentenário da cidade, o consulado geral da Suíça organizou, com apoio do Comitê 200 anos, o festival Semana de Filmes de Fribourg em Nova Friburgo. O representante da Velha Friburgo, o cineasta Jean-Théo Aeby, abriu o evento com seu filme “Beco dos Bolzes (Ruelle des Bolzes, 2009)”. A Semana de Filmes se encerra nesta sexta-feira, 11, com a Masterclass “Cinema artesanal e expressão: como produzir”.

A cidade de Fribourg está distante da maioria dos friburguenses, mas, a partir de agora, podemos conhecer melhor suas nuances e modo de viver. O filme “Beco dos Bolzes” se mostra como uma obra artística muito além do cinema, um verdadeiro patrimônio cultural. Capaz de entrar em contato com as pessoas reais que vivem e sustentam a cidade, dessa maneira se torna possível compreender os anseios da população e a história da formação urbanística, que possui dois cenários: a cidade antiga e pobre, que fica na região de baixo (Os Bolzes), e o espaço rico e moderno que vive na parte de cima, que por muitas vezes não se misturam.

No Brasil, o carnaval simbolizava espontaneidade e resistência. Naquilo que diz respeito à cultura negra, como uma poderosa manifestação popular questionadora da opressão estatal. Em Fribourg, o carnaval simboliza a libertação das diferenças de classes, da não mistura da população de baixo com a de cima. A festividade pode ser considerada um dos únicos momentos no decorrer do ano em que há mistura de classes. Historicamente os bairros de baixo possuem a língua alemã como parte da oralidade e escrita, enquanto a maioria da cidade tem o francês como padrão. Elemento cultural e social de segregação evidenciado no filme de Aeby.

O filme contém ainda muitos depoimentos marcantes, como a festividade de um friburguense de 100 anos, moradores da região de baixo que se orgulham da história dos Bolzes e o olhar daqueles que moram na parte de cima ao falar das belezas contidas nos rios e piscinas que não fazem parte dos seus bairros. Sem dúvida uma linda e profunda investigação da vida em Fribourg, que, para os nossos friburguenses, é um privilégio contemplar as belas imagens da Velha Fribourg, em diferentes estações do ano.

Com o intuito de esmiuçar o olhar do cineasta, a equipe do jornal realizou uma entrevista exclusiva com o artista, tendo apoio na tradução do francês para o português da professora Elisabeth de Castilho. Rapidamente, o senhor Aeby ficou muito à vontade no estúdio, solícito e interessado em trocar ideias.

Jean-Théo Aeby mostrou-se encantado com o tamanho da nossa cidade e a maneira como se desenvolveu no vale serrano. Achou interessante os ônibus terem o nome da cidade escrito, em vez do nome da empresa, o que, para ele, reforça a estima da população, consolidando a ligação de seus moradores com a sua terra natal. Ele mencionou que em Fribourg os ônibus possuem o nome da empresa, não da cidade.

Ao chegar na cidade ficou encantando com as montanhas e seu primeiro objetivo foi chegar ao topo para vislumbrar a cidade do alto. Subiu ao teleférico e sacou a câmera da bolsa para eternizar Nova Friburgo com seu olhar. Com a mesma curiosidade, tem feito registros diários da cidade, e, ao retornar ao seu país, começará a criar um filme da Nova Friburgo para que a Velha Friburgo possa conhecer melhor seus primos distantes.

A figura do cineasta é um exemplo para os mais jovens, tendo construído sua carreira no meio da publicidade e apenas aos 65 anos de idade começou a realizar filmes. É um artista preocupado com o conteúdo das suas obras, não com um certo padrão técnico ou tecnológico que parece ser necessário no cinema atual.

Seus filmes são construídos com base na curiosidade e interesse pelo tema: ele simplesmente coloca uma câmera no ombro e sai pela rua em busca de seu filme. Dessa maneira construiu a produção “Beco dos Bolzes”, e  às 17h desta sexta-feira, 11, na Usina Cultural (Praça Pres. Getúlio Vargas, 55 - Centro), será possível entender esse mecanismo de criação com sua Masterclass. É um tremendo privilégio ter em solo friburguense um cineasta como Jean-Théo Aeby.

 

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TAGS: 200 anos
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