Marcelo Braune cria comissão para a Secretaria de Saúde

Prefeito em exercício assumiu interinamente a pasta com a saída de Emmanuele Marques na última sexta
segunda-feira, 01 de julho de 2019
por Alerrandre Barros (alerrandre@avozdaserra.com.br)
Marcelo Braune (Arquivo AVS)
Marcelo Braune (Arquivo AVS)

O prefeito de Nova Friburgo em exercício, Marcelo Braune, assumiu interinamente a Secretaria municipal de Saúde após a saída de Emmanuele Marques na última sexta-feira, 28. Braune ocupa a cadeira número um do Executivo desde a semana passada, quando o prefeito Renato Bravo entrou de férias. Bravo retorna às atividades no dia 15 de julho.  

De acordo com a Subsecretaria de Comunicação Social, Marcelo Braune criou uma comissão especial para auxiliá-lo no comando da pasta. O grupo é composto pelo secretário Governo, Gilberto Salarini, o secretário da Casa Civil, Walter Thuller, a controladora-geral do município, Elizabeth Righetti Morais e o procurador-geral do município, Ulisses Gama.

O pedido de exoneração feito por Emmanuele na tarde da última sexta-feira, 28, pegou o governo de surpresa e aprofundou ainda mais a crise pela qual passa a saúde do município. Em entrevista exclusiva a A VOZ DA SERRA, e ex-secretária disse que deixou a secretaria por falta de autonomia para montar sua equipe e por pressões partidárias. 

“A saúde é problemática no município há muitos anos, mas eu não contava que a saúde friburguense fosse balizada por questões políticas e partidárias, porque para mim saúde não tem partido. O povo não pode ser penalizado por questões partidárias e o que vi foi isso”, disse ela. “À medida em que me associaram a partidos políticos, eu não consegui mais trabalhar. Eu passo dias tentando organizar questões muito sérias e que eu tenho plenas condições de organizar. Não é por uma questão técnica. Eu estou capacitada, sim. Se não fosse isso, eu teria condições de exercer um bom trabalho à frente da Secretaria de Saúde. Temos processos em evolução, uma ótima equipe e profissionais capacitados”, acrescentou Emmanuel Marques.

Com a saída dela, é a sexta mudança no comando da secretária de Saúde desde o início do governo Bravo, em janeiro 2017. Emmanuele pediu para sair apenas dois dias depois de o diretor médico do Hospital Municipal Raul Sertã, Thiago Vicente Canto, também deixar o cargo. Ele também pouco esquentou a cadeira -  quase dois meses - no lugar do médico Arthur Mattar Gremion Soares, que também pediu demissão em maio, quando divulgou uma carta em que dizia sair “por não compactuar com esta gestão”. 

As mudanças na principal emergência da região ocorrem em meio a uma crise sem precedentes na Secretaria Municipal de Saúde, que é alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara, investigações do Ministério Público Federal (MPF) e ações ajuizadas pelo Ministério Público do estado (MPRJ). 

A gota d'água para a demissão de Gremion foi um áudio de WhatsApp que culminou no afastamento da então secretária de Saúde, Tânia Trilha, antecessora de Emmanuele. Na conversa, Tânia disse: "Arthur, meu querido, olha só! Eu preciso só que resolva, que opere o paciente ou que ele morra, entendeu, pra gente se ver livre do problema, mas é só o que  eu preciso porque eu tenho que cumprir uma decisão judicial, você me ajuda nisso, por favor? Obrigada, meu querido".

O teor do áudio causou polêmica e repercutiu nacionalmente. Sem o apoio do governo e pressionada, Tânia deixou o cargo. Em comunicado, ela disse que foi mal interpretada. Contou que o caso se tratava de um paciente em estado grave, que necessitava de transferência com urgência para outro hospital já que não havia vaga no CTI do Raul Sertã. 

“Após horas e horas de discussão a respeito da situação do paciente, aguardando posicionamento do diretor médico, eu disse com ênfase as frases veiculadas no áudio de forma isolada, buscando não a morte do paciente, mas a resolutividade da circunstância”, afirmou ela, acrescentando que iria processar quem vazou a conversa.

CPI em curso na Câmara

Alvo de uma CPI que apura irregularidades em contratações emergenciais da ordem de R$ 6 milhões para fornecimento de alimentação a funcionários e pacientes do Raul Sertã, a Secretaria municipal de Saúde e seus antigos gestores também são investigados pelo MPF e a Polícia Federal por contratos suspeitos. 

O MP estadual também apura a demora na conclusão de obras no hospital, a manutenção de equipamentos, aquisição de insumos e medicamentos e as licenças sanitárias. Na última quarta-feira, 26, a Justiça atendeu a um pedido do órgão e determinou que a prefeitura apresente em 90 cronograma de adequação às condições mínimas de funcionamento da unidade. 

Na última semana a Justiça interditou a cozinha, a despensa e a lavanderia do Hospital Maternidade Dr. Mario Dutra de Castro, até que sejam realizadas obras de conservação nos locais. A falta de higiene, organização e estruturação dos locais viola normas de segurança indicando risco à saúde e à vida dos bebês recém-nascidos e das gestantes.

 

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